quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pérolas da Bíblia


Coré questiona a liderança de Moisés e Deus faz a terra se abrir e engolir seu povo, homens, mulheres e crianças

Números 16
20. Então Javé falou a Moisés e Aarão:
21. "Afastem-se desse grupo, porque vou destruí-lo num instante".
27. Eles se afastaram das tendas de Coré, Datã e Abiram, enquanto Datã e Abiram saíam com suas mulheres, filhos e crianças, para esperar na entrada da tenda.
32. A terra abriu sua boca e os engoliu com suas famílias.

Deus ameaça punir os israelitas forçando-os a comer a carne de suas crianças•
Lev 26:27-29. E, apesar disso tudo, se vocês ainda não me derem ouvidos e continuarem a se opor a mim, eu ficarei furioso contra vocês, e os castigarei sete vezes mais, por causa de seus pecados. Vocês comerão a carne de seus filhos e a carne de suas filhas.
Jer 19:9. Farei que eles devorem a carne dos próprios filhos e filhas. Eles se devorarão entre si por causa do cerco e da angústia que seus inimigos vão impor a eles.

Deus mata centenas de crianças inocentes
Esta é a história em que Deus mata os primogênitos dos egípcios para castigar o faraó, cujo coração ele próprio havia endurecido (para poder depois justificar a matança)•

Êxodo 11:10.
Moisés e Aarão fizeram todos esses prodígios diante do Faraó. Javé, porém, endureceu o coração do Faraó. E este não deixou que os filhos de Israel partissem do seu país.
12:29. À meia-noite, Javé feriu todos os primogênitos do Egito: desde o primogênito do Faraó, que iria suceder-lhe no trono, até o primogênito do prisioneiro que estava na cadeia e até os primogênitos dos animais.
Os judeus continuam a sacrificar crianças mesmo depois de autorizados a substituí-las por animais. Deus permite que eles o façam para que eles saibam que ele é o Senhor•
Ezequiel 20:26. Permiti que se manchassem com suas oblações, quando para expiação de seus pecados ofereciam seus primogênitos em sacrifício, para que soubessem que eu sou o Senhor.

Deus permite que crianças judias sejam cortadas em pedaços e mulheres grávidas judias tenham seus ventres rasgados•
Oséias 13:16. Samaria vai pagar, pois revoltou-se contra o seu Deus: cairão sob a espada, suas crianças serão cortadas em pedaços e suas mulheres grávidas terão seus ventres rasgados.

Deus ameaça enviar animais selvagens para levar as crianças dos israelitas embora•
Levítico 26:21-22. Se vocês ainda se opuserem a mim e não me obedecerem, eu os castigarei sete vezes mais, por causa de seus pecados. Mandarei as feras do campo contra vocês. Elas deixarão vocês sem filhos, reduzirão seu gado e dizimarão vocês, a ponto de lhes deixar desertos os caminhos.

Deus tem ciúmes dos outros deuses e castiga inocentes pelo pecado dos pais "até a quarta geração"
(Nota: ele não diz que os outros deuses não existem, apenas exige exclusividade em troca de proteção)•
Êxodo 20:5. Não se prostre diante desses deuses, nem sirva a eles, porque eu, Javé seu Deus, sou um Deus ciumento: quando me odeiam, castigo a culpa dos pais nos filhos, netos e bisnetos.

Uma punição bárbara para a mulher que se mete numa briga para defender o marido•
Deuteronômio 25:11-12. Quando homens estiverem brigando, um homem contra seu irmão, e a mulher de um deles se aproximar para livrar o marido dos socos do outro e estender a mão, agarrando o outro nas partes vergonhosas, corte a mão dela. Não tenha piedade.

Crianças chamam Eliseu de careca e ele manda ursos, em nome de Deus, para matá-las•
II Reis 2.23. Daí, Eliseu foi para Betel. Enquanto subia pelo caminho, um bando de garotos, que tinham saído da cidade, começaram a zombar dele, gritando: "Suba, careca! Suba, careca!"
24. Eliseu virou-se, olhou para eles e os amaldiçoou em nome de Javé. Então duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois garotos.

A Bíblia manda matar as crianças desrespeitosas•
Êxodo 21:17. Quem amaldiçoar o seu pai ou sua mãe, torna-se réu de morte.•

Deuteronômio 21:18-21.
Se alguém tiver um filho rebelde e incorrigível, que não obedece ao pai e à mãe e não os ouve, nem quando o corrigem, o pai e a mãe o pegarão e o levarão aos anciãos da cidade para ser julgado. E dirão aos anciãos da cidade: 'Este nosso filho é rebelde e incorrigível: não nos obedece, é devasso e beberrão'. E todos os homens da cidade o apedrejarão até que morra. Desse modo, você eliminará o mal do seu meio, e todo o Israel ouvirá e ficará com medo.

Realmente a Bíblia é o padrão e a revelação de Deus, infalível e perfeita. Ela realmente é a lei de Deus a ser seguida sem questionar.



Wagner

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Teologia e espiritualidade na voragem da modernidade


A preocupação que norteou a escrita dos ensaios reunidos em Realização do homem, realização de Deus foi, sobretudo, a busca por uma nova perspectiva na qual teologia e espiritualidade pudessem ser enfocadas adequadamente, sem o peso de tantos pressupostos que, ao longo do tempo, acabaram por colocar esses termos em campos quase opostos.

Teologia é necessariamente reflexão humana e tarefa inacabada. Trata-se de um trabalho que a razão humana desenvolve sobre os dados da Revelação consignados nas Escrituras e na experiência. Não faz sentido pensar a teologia senão dessa forma; a alternativa, sumamente perigosa, é tê-la como produto acabado, numa confusão de papéis que faz a teologia assumir o lugar da própria Revelação. A Teologia procura compreender as dinâmicas pelas quais esses diferentes testemunhos sobre a Verdade (entendida sempre como realidade pessoal e relacional) foram produzidos e consignados; procura refletir sobre esses testemunhos, agrupando suas percepções em torno de eixos interpretativos.

É, assim, esforço humano; e, portanto, esforço histórica e culturalmente condicionado. A Teologia é sempre relativa! Por força disso, só faz sentido num contexto de diálogo, onde as perspectivas de determinada teologia possam ser discutidas à luz de outras construções teológicas. Já não podemos mais acreditar em teologias “absolutas”, que absolutizam sua própria compreensão, seu viés específico de análise. Consequentemente, teologia é tarefa inacabada. Não pode haver um sistema teológico definitivo, pela simples razão de que os contextos históricos – que produzem as teologias, na medida em que esse esforço racional sempre é histórico e historicamente condicionado – mudam; transformam-se. Uma Teologia definitiva, absoluta portanto, só faria sentido na trans-história, não na história!

Esta percepção se estende, necessariamente, ao trabalho dogmático. Isto já está implícito no que afirmei; desdobro apenas para frisar. As construções dogmáticas são historicamente condicionadas; portanto, a tradução da fé em novos contextos históricos e culturais exige que o edifício dogmático seja constantemente reformado. Nada mais adequado, aliás, para quem crê que Ecclesia reformata semper reformanda! Não basta repetir, para o público do século XXI, os termos das controvérsias cristológicas do século V; isso nos obrigaria a primeiro levar o homem do século XXI a pensar como neoplatônico, para então conseguir compreender a cristologia de Calcedônia, com suas hipóstases, suas naturezas, sua consubstancialidade. O que é necessário é traduzir a fé para o nosso contexto, sem a obrigação de responder a perguntas que não estão mais sendo feitas, mas com a obrigação incontornável de responder às perguntas que são relevantes em nossa própria época!

Quando falamos em espiritualidade (definamos: formas específicas de vivência da experiência de fé; nesse sentido, patrimônio de toda a religiosidade humana; o que nos interessa no momento são as espiritualidades cristãs), precisamos encarar o fato de que falamos de uma realidade também histórica. As formas de espiritualidade surgem em momentos históricos definidos e respondendo a questões colocadas por esses momentos. A espiritualidade dos padres do deserto surgiu no século III como resposta a uma demanda específica: uma reação ao ambiente fortemente urbano do Império romano do Oriente, ambiente no qual a Igreja se sentia plenamente integrada (a espiritualidade do deserto foi, portanto, uma espiritualidade de protesto em relação a essa Igreja); a espiritualidade franciscana, por sua vez, surgiu no século XIII, num contexto de renascimento urbano na Europa ocidental, como forma de responder, de forma igualmente crítica, aos desafios colocados por esse crescimento urbano (em especial o problema da pobreza). No entanto, enquanto na prática a espiritualidade do deserto era uma espiritualidade marcada pelo retirar-se do mundo, a espiritualidade franciscana era caracterizada pela vivência da espiritualidade no meio da realidade mundana.

Se as formas de espiritualidade são históricas, também não podem ser absolutizadas. A rigor, viver a espiritualidade do deserto, ou a espiritualidade franciscana, não é possível fora de seus contextos geradores. O que mostra que, ainda que essas espiritualidades possam continuar válidas em suas intuições básicas, precisam ser constantemente redefinidas para continuar a ser relevantes em novos contextos históricos. Nesse sentido (e apenas como exemplo a ser citado), a espiritualidade franciscana redefiniu-se, no contexto latino-americano e especialmente brasileiro do final do século XX, em termos da opção pelos pobres que se tornou característica da Teologia da Libertação. Ao afirmar isto, faço menção ao fato de que o ideário franciscano combinou bastante com as ênfases, mais amplas, da Teologia da Libertação; não pretendo de forma alguma traçar a origem da Teologia da Libertação aos franciscanos, o que seria falso).

Compreender o caráter histórico das formas de espiritualidade opera uma enorme libertação: liberta-nos de nos obrigarmos à vivência específica da fé sob formas que, efetivamente, já não nos dizem nada. Em suma, eu não preciso viver a espiritualidade como os metodistas do século XVIII a viveram; posso encontrar formas atuais, próprias, de fazê-lo! Portanto, estamos falando em modelos múltiplos de espiritualidade. Que forma de espiritualidade é correta? A pergunta é errada em si mesma!

Múltiplos contextos exigem múltiplas formas de vivência da fé. Ela não será vivida do mesmo jeito, em Osasco, em Nova York e em Moçambique. Fatores históricos, culturais, econômicos; características específicas dos tecidos sociais; o peso e as configurações das formas tradicionais de religiosidade; tudo isso dará origem a formas específicas de vivência da fé. Nada mais errado, nesse sentido, do que pretender a uniformização da espiritualidade.

Entre as percepções centrais de nossa época está a valorização da diversidade. Isto precisa ser realidade também no que diz respeito às formas de vivência da fé. A padronização não pode ocorrer nem sequer no nível denominacional, como ocorria no passado recente protestante (“ser metodista é assim”; “ser batista é assim”); por mais preciosas que sejam essas e outras tradições, com suas ricas especificidades, encontraremos a necessidade de viver o legado central dessas tradições sob diferentes formas e com diferentes ênfases. Vê-se, por aí, quão distantes estamos daqueles anos (menos de meio século atrás) em que ainda se praticavam exclusões denominacionais apenas por conta do “falar em línguas”; hoje, não há denominação histórica no Brasil que não tenha seus “faladores de línguas” e que, portanto, não abrigue diferentes espiritualidades em seu seio!

Não falamos apenas em modelos múltiplos, mas também em modelos integrais de espiritualidade. Trata-se da percepção, fundamental (e que não poderá ser adequadamente trabalhada aqui), de que o ser humano é um ser integral. Ele não é, como supúnhamos a partir de uma teologia mal direcionada, um compósito de “espírito”, “alma” e “corpo”, mas um ser integral cujas múltiplas dimensões (física, emocional, afetiva, intelectual, volitiva, devocional e outras) se encontram profundamente interligadas. Um projeto de espiritualidade que secciona nossa humanidade; que valoriza apenas determinados elementos da experiência humana (a fé, a devoção), mas nega outros (a sexualidade, os afetos, as necessidades materiais, o intelecto) – será sempre um projeto defeituoso e que gerará inúmeras patologias.

Ao mesmo tempo, nossa época tornou-se, de forma inegável, uma época absorvida pela perspectiva holística (de hólon, “integral”, “total”; cf. 1 Tessalonicenses 5:23). O ser humano não aceita mais ser esquartejado em diferentes pedaços. Curiosamente, Oriente e Ocidente unem-se nessa perspectiva; e, fazendo isso, sem querer retornam a uma perspectiva profundamente bíblica, presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento!

Vê-se facilmente que, para este autor, os problemas da teologia e da espiritualidade relacionam-se intimamente com a especificidade de nosso próprio momento histórico: este instante de guinadas e de definições no seio da modernidade no qual estamos vivendo. Como praticar, em nosso tempo, uma teologia e uma espiritualidade dotadas de relevância? Como encarar plenamente os desafios que a modernidade faz à fé cristã sem que a substância dessa fé se perca no processo? Os textos reunidos em Realização do homem, realização de Deus: ensaios de teologia e espiritualidade foram pensados a partir dessa problemática básica. Seus diferentes temas interligam-se a partir dessas questões de fundo e é à luz delas que devem ser compreendidos.


RUI LUIS RODRIGUES



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Sociedade Mundial da Cegueira


O poeta Affonso Romano de Sant'Ana e o prêmio Nobel de literatura, o portugues José Saramago, fizeram da cegueira tema para críticas severas à sociedade atual, assentada sobre uma visão reducionista da realidade. Mostraram que há muitos presumidos videntes que são cegos e poucos cegos que são videntes.

Hoje propala-se pomposamente que vivemos sob a sociedade do conhecimento, uma espécie de nova era das luzes. Efetivamente assim é. Conhecemos cada vez mais sobre cada vez menos. O conhecimento especializado colonizou todas as áreas do saber. O saber de um ano é maior que todo saber acumulado dos últimos 40 mil anos. Se por um lado isso traz inegáveis benefícios, por outro, nos faz ignorantes sobre tantas dimensões, colocando-nos escamas sobre os olhos e assim impedindo-nos de ver a totalidade.

O que está em jogo hoje é a totalidade do destino humano e o futuro da biosfera. Objetivamente estamos pavimentando uma estrada que nos poderá conduzir ao abismo. Por que este fato brutal não está sendo visto pela maioria dos especialistas nem dos chefes de Estado nem da grande mídia que pretende projetar os cenários possíveis do futuro? Simplesmente porque, majoritariamente, se encontram enclausurados em seus saberes específicos nos quais são muito competentes mas que, por isso mesmo, se fazem cegos para os gritantes problemas globais.

Quais dos grandes centros de análise mundial dos anos 60 previram a mudança climática dos anos 90? Que analistas econômicos com prêmio Nobel, anteviram a crise econômico-financeira que devastou os países centrais em 2008? Todos eram eminentes especialistas no seu campo limitado, mas idiotizados nas questões fundamentais. Geralmente é assim: só vemos o que entendemos. Como os especialistas entendem apenas a mínima parte que estudam, acabam vendo apenas esta mínima parte, ficando cegos para o todo. Mudar este tipo de saber cartesiano desmontaria hábitos científicos consagrados e toda uma visão de mundo.

É ilusória a independência dos territórios da física, da química, da biologia, da mecânica quântica e de outros. Todos os territórios e seus saberes são interdependentes, uma função do todo. Desta percepção nasceu a ciência do sistema Terra. Dela se derivou a teoria Gaia que não é tema da New Age mas resultado de minuciosa observação científica. Ela oferece a base para políticas globais de controle do aquecimento da Terra que, para sobreviver, tende a reduzir a biosfera e até o número dos organismos vivos, não excluidos os seres humanos.

Emblemática foi a COP-15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague. Como a maioria na nossa cultura é refém do vezo da atomização dos saberes, o que predominou nos discursos dos chefes de Estado eram interesses parciais: taxas de carbono, níveis de aquecimento, cotas de investimento e outros dados parciais. A questão central era outra: que destino queremos para a totalidade que é a nossa Casa Comum? Que podemos fazer coletivamente para garantir as condições necessárias para Gaia continuar habitável por nós e por outros seres vivos?

Esses são problemas globais que transcendem nosso paradigma de conhecimento especializado. A vida não cabe numa fórmula, nem o cuidado numa equação de cálculo. Para captar esse todo precisa-se de uma leitura sistêmica junto com a razão cordial e compassiva, pois é esta razão que nos move à ação.

Temos que desenvolver urgentemente a capacidade de somar, de interagir, de religar, de repensar, de refazer o que foi desfeito e de inovar. Esse desafio se dirige a todos os especialistas para que se convençam de que a parte sem o todo não é parte. Da articulação de todos estes cacos de saber, redesenharemos o painel global da realidade a ser comprendida, amada e cuidada. Essa totalidade é o conteúdo principal da consciência planetária, esta sim, a era da luz maior que nos liberta da cegueira que nos aflige.


Leonardo Boff

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

BIG BROTHER BRASIL


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira.

Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos ?heróis?, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um zoológico humano divertido? . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?  São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados.. 

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás
pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo
 como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós.. , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.