sábado, 28 de novembro de 2009

"O Trem da Graça"


“O Trem da Graça”


‘Um trem corre veloz para o seu destino. Luzidio. Corta os campos como uma seta. Fura as montanhas. Passa os rios. Desliza como um fio em movimento. Sem obstáculos. Fagueiro. Perfeito, na forma, na cor, e na velocidade. (Na verdade nada atrapalha a sua possível, devida e significante meta. Seus vagões parecem dançar numa espécie de lindo balé. No vagão restaurante encontram-se algumas mesas É interessante percebermos que há mesas e pessoas sentadas nelas! Nos demais vagões, outras pessoas vivem seus sonhos).
Lá dentro se desenrola o drama humano. Gente de todas as gentes. Homens e mulheres, velhos, jovens e crianças. Gente que conversa. Gente que cala. Gente que trabalha. Gente que deixou de trabalhar. Gente de negócios, preocupada. Gente que contempla a paisagem, serenada. Gente que cometeu crimes. Gente que gastou a vida servindo a outros. Gente que pensa mal de todo mundo. (Gente que gasta o tempo com fofocas). Gente solar que se alegra com o mínimo de luz em cada pessoa e circunstância. Gente que adora ou detesta viajar de trem. Gente que é contra o trem. Não deveria haver trens, dizem (gente que pensa até furar as rodas do trem). Ferem a sacralidade das montanhas. Gente que planeja trens mais rápidos. Gente que errou de trem. Gente que não se questiona. Sabe que está no rumo certo. E sabe a que horas chega em sua cidade. Gente ansiosa que corre para os primeiros vagões no afã de chegar antes que os outros. Gente estressada que quer retardar o mais que pode a chegada e se coloca nos últimos vagões. E absurdamente gente que pretende fugir do trem, andando na direção oposta do trem, (tentando até pular do trem).
E o trem impassível segue seu destino, traçado pelos trilhos. Despreocupadamente carrega a todos. Não carrega menos o criminoso que a pessoa de bem. E não deixa de carregar gentilmente também os seus contraditores. (Aliás, não deixa ninguém na mão). A ninguém se furta. Serve a todos e a todos propicia uma viagem que pode ser esplendorosa e feliz. E garante deixá-los na cidade inscrita em sua rota.
Neste trem, como na vida, todos viajam gratuitamente. Uma vez em movimento, não há como fugir, descer ou sair. Está entregue a lógica da linha do trem. A liberdade se realiza dentro do trem e na direção que tomou. Cada um pode ir para frente ou para trás. Pode querer mudar de vagão, viajar sentado ou em pé, deter-se longamente no vagão-restaurante (sentar-se à mesa) ou fugir do controle, escondendo-se nos banheiros. Pode gozar da paisagem ou se aborrecer com os vizinhos de assento. Pode viajar rezando ou blasfemando a vida e seus dissabores. Nem por isso o trem deixa de correr para o seu destino infalível e carregar a todos cortesmente.
Há gente que decididamente acolhe o trem. Alegra-se com sua existência. Desfruta as paisagens. Faz amizades com companheiros de viagem. Lá onde está sentado, preocupa-se para que todos se sintam bem. E irrita-se quando vê maltratarem as poltronas e adverte os que escrevem grafitis nas paredes das cabines. Mas não perde o sentido da viagem nem por causa das querelas nem por causa do desfrute.
Como é maravilhoso que exista um trem e que nos leve tão depressa para casa, onde cada um é esperado com ansiedade, quando os braços serão longos e a alegria intensa e transbordante.
A graça de Deus - a presença, a misericórdia, a bondade e o amor de Deus é assim como um trem. O destino da viagem é Deus. O caminho é também Deus porque o caminho não é outra coisa que o destino se realizando metro a metro. O caminho só existe por causa do destino a ser alcançado. Quem precisa percorrer cem mil metros para chegar à sua cidade deve, antes de tudo, começar com o primeiro metro. Caso contrário, não percorre os cem mil.
A graça carrega a todos. Dá-se a todos como chance de boa e excelente viagem. Também aos inconformados, aos intrigantes e aos inimigos do trem, dos homens e de Deus. Com a negação o trem não se modifica. Também não a graça de Deus. Só o ser humano se modifica. Estraga a sua viagem. Mas é carregado do mesmo jeito com igual gentileza. Deus, que é graça e misericórdia, faz como o sol e a chuva. Dar-se indistintamente a bons e a maus, a justos e a injustos porque, diz Jesus, Ele “ama os ingratos e maus”.
Acolher o trem, se alegrar com sua direção, correr com ele, enturmar-se com os companheiros de destino é já antecipar a festa da chegada. Viajar é já estar chegando em casa. É o que é a Graça. Graça é a glória no Exílio, glória que é a Graça na “Pátria”.
Rechaçar o trem, perturbar a viagem dos outros, correr ilusoriamente contra a direção do trem, é viver uma frustração. Mas de nada adianta. O trem suporta e carrega também a estes frustrados, com toda paciência e bondade.
A vida, como a Graça, é generosa para com todos. Ela, de tempos em tempos, entrega a sua verdade secreta. Ela nos faz cair na realidade. Nesse momento - e sempre há o momento propício para cada pessoa humana - O recalcitrante cai em si, percebe então que é carregado gentil e gratuitamente. De nada adianta sua resistência e revolta. O trem o carrega de todos os modos. O mais razoável é escutar o chamado de sua natureza e deixar-se reduzir pela oportunidade de uma viagem feliz.
Neste momento desfaz-se o inferno dentro dele e irrompe gloriosamente o céu, a graça humanitária de Deus. Descobre a gratuidade do trem, de todas as coisas, da graça e de Deus. Entrega-se à aventura com Deus que não conhece fim. É a salvação final.

Leonardo Boff

Muito Bom
Wagner

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

E Nós estamos enrredados com blogs "apologéticos"



Qual será o futuro de nossos netos?





Olhando meus netos brincando no jardim, saltitando como cabritos, rolando no chão e subindo e descendo árvores surgem-me dois sentimentos. Um de inveja: já não posso fazer nada disso com as quatro próteses que tenho nos membros inferiores. E outra de preocupação: que mundo irão enfrentar dentro de alguns anos?
Os prognósticos dos especialistas mais sérios são ameaçadores. Há uma data fatídica ou mágica sempre aventada por eles: o ano 2025. Quase todos afirmam: se nada fizermos ou não fizermos o suficiente já agora, a catástrofe ecologicohumanitária será inevitável.
A recuperação lenta que se nota em muitos países da atual crise economicofinanceira, não significa ainda uma saída dela. Apenas que a queda livre se encerrou. Volta o desenvolvimento/crescimento mas com outra crise: a do desemprego. Milhões estão sendo condenados a serem desempregados estruturais. Quer dizer, não irão mais ingressar no mercado de trabalho, sequer ficarão como exército de reserva do processo produtivo. Serão simplesmente dispensáveis. Que significa ficar desempregado permanentemente senão uma lenta morte e uma desintegração profunda do sentido da vida? Acresce ainda que estão prognosticados até àquela data fatídica cerca de 150 a 200 milhões de refugiados climáticos.
O relatório “State of the Future 2009”(O Globo de 14.07/09) feito por 2.700 cientistas diz, enfaticamente, que devido principalmente ao aquecimento global, por volta de 2025, cerca de três bilhões de pessoas não terão acesso à água potável. Que significa dizer isso? Simplesmente que esses bilhões, se não forem socorridos, poderão morrer por sede, desidratação e outras doenças. O relatório diz mais: metade da população mundial estará envolvida em convulsões sociais em razão da crise sócio-ecológica global.
Paul Krugman, prêmio Nobel de economia de 2008, sempre ponderado e crítico quanto à insuficiência das medidas para enfrentar a crise socioambiental, escreveu recentemente: “Se o consenso dos especialistas econômicos é péssimo, o consenso dos especialistas das mudanças climáticas é terrível” (JB 14/07/09). E comenta: “Se agirmos da mesma forma como agimos, não o pior cenário mas o mais provável, será a elevação de temperaturas que vão destruir a vida como a conhecemos.”
Se provavelmente assim será, minha preocupação pelos netos se transforma em angústia: que mundo herdarão de nós? Que decisões serão obrigados a tomar que poderão significar para eles vida ou morte?
Comportamo-nos como se a Terra fosse só nossa e de nossa geração. Esquecemos que ela pertence principalmente aos que ainda virão, nossos filhos e netos. Eles têm direito de poder entrar neste mundo, minimamente habitável e com as condições necessárias para uma vida decente que não só lhes permita sobreviver mas florescer e irradiar.
Os cenários referidos acima nos obrigam a soluções que mudam o quadro global de nossa vida na Terra. Não dá para continuar ganhando dinheiro com a venda do direito de poluir (créditos de carbono) e com a economia verde. Se o gênio do capitalismo é saber adaptar-se a cada circunstância, desde que se preservem as leis do mercado e as chances de ganho, agora devemos reconhecer que esta estratégia não é mais possível. Ela precipitaria a catástrofe previsível.
Para termos futuro devemos partir de outras premissas: ao invés da exploração, a sinergia homem-natureza, pois Terra e humanidade formam um único todo; no lugar da concorrência, a cooperação, base da construção da sociedade com rosto humano.
Dão-me alguma esperança os teóricos da complexidade, da incerteza e do caos (Prigogine, Heisenberg, Morin) que dizem que em toda a realidade funciona a seguinte dinâmica: a desordem leva à auto-organização e à uma nova ordem e assim à continuidade da vida num nível mais alto.” Porque amamos as estrelas não temos medos da escuridão.


Leonardo Boff

Pare e pense
Wagner

Alma que me cabe



Alma que me cabe





- Os conservadores e reformados – disse o dono do haras ao jangadeiro – afirmam que a missão elevar as pessoas a abraçarem o nome de seu mestre de modo a evitar o inferno e ganhar o céu; para eles, trata-se de salvar as almas não para este mundo, que é irremediável, mas para a vida eterna. Os liberais e libertários afirmam que a missão é transformar este mundo a partir do exemplo revigorante de seu mestre, de fato a construir nesta vida uma estirpe honorária de céu; para eles, trata-se menos de prometer o reino de Deus para a vida futura que implementá-lo contra todos os impedimentos nesta existência.
Qual é sua opinião? Quais dos dois pensamentos está certo?
O jangadeiro terminou de fazer o nó que o incomodava e aspirou a maresia.
- O que sei sobre a vida eterna é que ela deve ser um presente, e presente agente não deve cobrar e nem esperar. O mesmo, você deve entender, posso dizer desta vida. A vida futura que deve me ocupar é o momento seguinte, porque o momento seguinte depende do que faço neste. Salvar as pessoas ou transformar o mundo? Se você pensar, qualquer um desses seria fácil demais, porque tanto o mundo quanto as pessoas estão fora de mim; a metamorfose deles nada exige de mim e para mim nada implica além daquilo que me beneficia. O desafio do legado de Jesus é que eu transforme a mim mesmo. É natural que transformando a mim mesmo estarei transformando o mundo, mas essa não é a questão. A alma que me cabe salvar continuamente é a minha.

Bacia das Almas
Paulo Brabo

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

"O Deus dos Crentes"


“O DEUS DOS CRENTES”

O “Deus dos crentes” é inseguro, ciumento, invejoso e arrogante. Não é justo e nem injusto; depende, pode ser e pode não ser; depende da barganha a oferecer.
O “Deus dos crentes” leva dinheiro a sério para Si mesmo. Ele não aceita esse negócio de ser o dono do ouro e da prata na natureza, e não ser também o grande Banqueiro da Terra.
Onde já se viu? Inventarem uma referência de valor e Deus não ser o dono? Que negocio é esse? Jamais! Que coisa é essa do dinheiro ficar na mão de outros? O “Deus dos crentes” diz: “Não inventei isso, mas já que existe e vale, é meu!”.
Na realidade o “Deus dos crentes” fica feliz quando os Seus representantes e cobradores de impostos declaram em Seu nome que Deus mandou dizer que quer dar dinheiro pros crentes que não forem miseráveis, pois, Ele só dará para quem der a Ele. Mas não explica porque a grana do mundo não está nas mãos dos crentes; e nem tampouco porque Ele tem que tirar o dinheiro do mundo de circulação secular, e fazendo todo o fluxo da economia vir apenas para as mãos dos crentes; os quais, não têm dinheiro.
Foi por essa razão que o “Deus dos crentes” teve que inventar um mover novo; no qual os crentes ficam sabendo que eles é que são os responsáveis por Deus ter ou não dinheiro nesse mundo, conforme a nova revelação do Deus desejoso de que o monopólio do dinheiro do mundo fique nas mãos dos crentes; e, assim, o mercado se equilibre.
“Já pensarem Deus com dinheiro?” — perguntam os Seus fiscais de renda.
Ora, temos bons exemplos de Deus com dinheiro, e de Deus sem dinheiro. Ora, Deus sem dinheiro fica fraco e vira Jesus. E isso o Deus dos crentes não quer nunca mais, e pede aos crentes que o salve de tal humilhação. Já o Deus dos crentes com dinheiro, ah, nesse caso, Ele fica poderosos, mais poderoso que o diabo.
Deus nunca teve dinheiro. Mas nos últimos dois milênios Ele resolver acabar com essa miséria. Assim surgiu o Deus dos crentes. E se alguém quiser mais informações sobre isto, basta ver como Deus foi com dinheiro nesses últimos dois mil anos de “Deus Rico”.
Ora, com grana o “Deus dos crentes” é um Deus surtado. Sim! Ele, que não estava acostumado se não a nada, a tendas, a tabernaculos, a peregrinações livres, e, sobretudo, às incertezas do vento, agora, depois do dinheiro, surtou — surtou com Salomão, com Herodes, o Grande, com Constantino, com os poderes reais do Cristianismo, e, por último, com a prosperidade dos protestantes.
Ora, entre os últimos surgiu um grupo que mais do que qualquer outro, ambiciona por Deus. De fato eles dizem que querem dinheiro para Deus. Outros dizem que o dinheiro é de Deus; e, portanto, se tal grana não estiver no bolso-gaso-falácio da divindade, certamente estará no banco do inferno dos bolsos desigrejados.
Assim, para quem não sabe, o gaso-falácio é o bolso de Deus!
E mais: o “Deus dos crentes” só aceita dinheiro no bolso Dele. No dos outros não é Dele.
Dessa forma o “Deus dos crentes” quer abrir todas as filiais de arrecadação possível. E quem desejar agradá-lo, esforce-se para fazer a franquia que Deus lhe deu tornar-se a mais lucrativa possível. Afinal, o “Deus dos crentes” estabeleceu que o serviço a Ele só pode ser medido em volumes financeiros, de modo que um fiscal que não faça seu posto de cobrança divina crescer, esse não serve para servir ao “Deus dos crentes”.
O “Deus dos crentes” enfim conseguiu alguns bons testemunhos modernos da devoção que Ele busca; e diz: “Viram os servos presos ou acusados de lavagem de dinheiro e de apropriação indébita? Esses são os fieis que fazem toda a minha vontade.”.
Sobre o Seu desejo de ficar com tudo, Ele diz: “Pois, bem — quem disse daí a César o que é de César, estava enganado; pois, as minhas ordens sempre foram outras, posto que para mim o que é de César tem que ser meu. Afinal, como posso eu competir com os poderes de César se ele tem mais dinheiro e poder do que eu?”.
O “Deus dos crentes” teria que fazer umas re-interpretações acerca desse Impostor chamado Jesus; e que um dia tendo tido Sua confiança, mas que, ao chegar aqui, surtou geral.
Então... — nasceu de gente humilde e sem nome, foi parido ao relento e posto para estar numa caverna onde bois dormiam (talvez esse negócio de dormir com bois o tenha deixando vendo boi dormir...); e, adulto, foi sempre escolhendo o lado errado, a começar da identificação “dele” com seu primo pobre, um certo João que batizava, e que só se sentia bem comendo gafanhotos e se vestindo à moda brega de Elias.
Daí pra frente foi uma tragédia só. Sim! Pois o enviado traiu quem o enviou e, assim, fez tudo diferente. Até nas tentações “ele” foi tolo; e, assim, não percebeu que aquilo ali não era tentação, mas sim uma oportunidade mandada por Deus.
Mas o tal Jesus estava tão surtado e tão disposto a fazer apenas o que lhe estava na consciência, que nem viu que o diabo era um anjo; e que as três ofertas eram dons divinos — transformar pedras em pães, cometer suicídio devocional no Pináculo do Templo, e aceitar todos os poderes e dinheiros do mundo, e, desse modo, agilizar as coisas de Deus na terra.
Assim, o “Deus dos crentes” pergunta na Epístola de São Judas Traidor: “Já pensarem se “Jesus” tivesse visto que o diabo era o meu mensageiro e que as ofertas não eram tentações, mas oportunidades? Sim! Já pensarem onde nossa causa estaria se “ele” não tivesse estragado tudo?”.
O “Deus dos crentes” sofreu um amadurecimento. A experiência com Jesus o traumatizou. Essa foi a razão Dele ter trocado Cristo por Constantino, e a igreja-povo pela Igreja-Estado, e os servos humildes pelos senhores arrogantes.
Agora o “Deus dos crentes” não comete mais esses erros. Não! Ele só manda quem entende o diabo e vê nas tentações as melhores oportunidades!
Num país como o Brasil, o “Deus dos crentes” diz: “Imaginem-me sem a Record? Imaginem-me sem os meus servos que lá fielmente me atendem? Imaginem-me todo esse poder que agora tenho? O que seria de mim? Aleluia, digo eu, pelos meus servos esforçados, e que arrecadam todo o meu dinheiro! E como são fieis e lidam com dinheiro melhor do que eu (essa é uma coisa nova pra mim, diz o senhor!), entreguei meus bens a eles; e eles só os aumentam; e, por isso, dou graças a mim mesmo por eles terem ficado livres das maldiçoes hereditárias do Jesus simples e pobre, e também por devidamente terem reconhecido e abraçado o Cristo Rei, o qual veio como inspiração do meu amado e fiel Constantino!”
Assim, diz o “Deus dos crentes”: “Lutem meus filhos, pois, infelizmente, essa praga chamada Evangelho ainda insiste, e o surto de Jesus continua a ter muitos seguidores! Lutem! Pois essa praga tem que ser tirada da terra!”.
Desse modo, o “Deus dos crentes” está muito feliz. Tudo está dando certo para Ele depois que Ele acabou com essa briga que Jesus inventou com o diabo; e, assim, devidamente reconciliado com sua criatura favorita, o “Deus dos crentes” diz: “Quem bom! Agora a casa não está mais dividida. Aquele tal de Jesus quase acaba comigo. Mas “nós” vencemos!”.
Por isso é que um de Seus profetas, um tal Isalamias, diz: “Vinde comer e beber, vinho e leite, mas não esqueçam de trazer o dinheiro, pois, de graça, aqui não se oferece nada. Sim! Vinde todos. É caro mais vale a pena!”
Por essa razão Charles Baudelaire teria dito: “O ‘Deus dos crentes’ é o diabo!” Ora, e ainda há quem o chame de herege.
Eu vejo isso e digo: Sai “Deus dos crentes”! Sai em nome de Jesus. Sai daí, do meio do povo de Jesus. Sai espírito do anti-Evangelho!

Caio
Muito bom!
Wagner

O Bem e a Omissão do Bem


O Bem e a Omissão do Bem


Em Mateus 25.31,46 diz algo importante sobre o julgamento das nações. O Filho do homem virá e separará uns dos outros como um pastor separa as ovelhas das cabras. Colocará as ovelhas a sua direita e as cabras a sua esquerda. O que as identifica como ovelhas e cabras?


O texto diz que as ovelhas faziam o bem ao próximo: “tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber, era migrante e me acolheste, estava nu e me vestiste, estava enfermo e me visitaste, estava encarcerado e foste ver-me. Note que os justos lhe respondem: Quando Senhor? Eles não faziam o bem como muita gente faz. Eles não sabiam que havia uma promessa como fruto do bem que eles faziam. Eram gente boa que fazia o bem porque eram de alma boa e desinteressada. Não faziam o bem como troca para receber alguma coisa.

Os que se omitiam de fazer o bem foram chamados de cabras, sendo colocados a esquerda do Senhor. Eles também não sabiam das consequências da omissão de fazer o bem. Eles são chamados de malditos e são mandados para o fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos.
Qualquer religiosidade que não passa pelas relações horizontais, não se estabelece na vertical, são apenas circenses montadas para entretenimento das pessoas que frequentam o templo, expressando uma religião sem vida e sem propósito. “ Tive fome não me deste de comer, tive sede e não me deste de beber, era migrante e não me acolheste, estava nu e não me vestiste, estava enfermo e encarcerado e não me visitastes. Eles replicarão, mas não adiantava mais. Eles quando deixaram de fazer a um dos pequeninos do Senhor, a Ele deixaram de fazer. Não adiantou cultos, ministérios, pregações, apologias, orações e etc.
Se estamos divididos, se estamos valorizando mais o templo do que as pessoas, se o dogma é mais importante do que a vida, se buscamos poder, vaidade, dinheiro, se brigamos por posições, por cargos, se construímos templos e esquecemos da vida, se ganhamos salários enquanto outros não ganham nada, Deus não está aprovando, e todos que agem assim, não conseguem ter uma relação verdadeira com Deus. Estão enganados e enganando a muitos.

Quem são as ovelhas e as cabras? Cada um julgue a sua própria consciência e faça uma introspecção para saber exatamente que é em Deus.

Crendo na possibilidade de arrependimento.
Wagner

Auto-engano


O que é auto-engano?



Em minha maneira de ver e dizer, auto-engano é a construção da mente em desconexão com a verdade; pois, embora o auto-engano em geral se vincule ao que chamamos de “mundo real”, ele acontece sobre a premissa da fantasia ou da realidade adaptada à conveniência, mas sem vinculo com aquilo que no mundo real é verdade sobre o mundo, sobre nós e sobre o próximo.

Auto-engano é o capricho da vontade alterando a realidade-verdade, seja inconscientemente ou semi-conscientemente, ou mesmo de modo consciente no início — para, então, depois, em razão da necessidade de conforto psicológico, a pessoa fazer o processo todo imergir no subconsciente como determinação da consciência do indivíduo sujeito a tal necessidade de fuga.

É assim que a pessoa começa a criar as condições para poder viver como se o que não é de fato fosse; e, desse modo, virtualizar a realidade, sempre pisando num chão “real”, porém corrompido pela fantasia, o que faz dele um chão-lugar-no-mundo-real; embora, à semelhança de um estado esquizofrênico-unificado (mono frênico) — o indivíduo surtado de auto-engano veja como verdade e realidade aquilo que ele mesmo criou para seu próprio conforto ou conveniência psicológica de engano, a fim de não encarar a verdade.

Ora, quem se entrega ao auto-engano (mesmo que seja devocional e piedosamente como os crentes costumam fazer) jamais encontrará o Evangelho como verdade libertadora; posto que no auto-engano não há Graça; pois onde há Graça aí há Verdade; e no auto-engano não há verdade, mas apenas a adesão à fantasia que escraviza a alma, impedindo-a de viver no chão da realidade-verdade, que o único-lugar-existencial no qual a libertação do ser acontece.
Todos nós temos muitos auto-enganos; mas a vida de certas pessoas é toda feita de auto-engano!
O caminho do Evangelho é livrar-nos do engano, do auto-engano, e da fantasia, a fim de nos por o pé no chão do Caminho, que é a Verdade, e sem cujo Piso para andar, não se encontra Vida.

Pense nisto!
Caio

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fraqueza de Deus


Boa parte do ateísmo contemporâneo baseia-se na objeção enunciada com muita força no passado por J. P. Sartre e retomada pelos seus discípulos: “Se Deus existe, eu não sou nada”.
Se existe um Deus onipotente, o que ainda sobra para mim? Essa presença ao meu lado do poder absoluto torna irrisórias todas as minhas ações. Diante do infinito, todo o finito torna-se irrelevante. Há muitas maneiras de enunciar o argumento.
A objeção foi formulada desde a Idade Média, mas não conseguiu convencer. A resposta diz que Deus e o homem não se situam no mesmo plano, como duas liberdades em competição.
A resposta não convenceu porque durante séculos os teólogos debateram a questão da predestinação, isto é, da compatibilidade entre a liberdade de Deus todo-poderoso e a liberdade humana.
Assim fazendo, situaram no mesmo plano as duas liberdades. Se os teólogos – tomistas, dominicanos e jesuítas – tomaram essa posição durantes séculos, não é estranho que filósofos façam a mesma coisa.
De qualquer maneira, a pessoa sente tantas vezes o conflito entre a sua vontade, o seu desejo e o que diz que é a vontade de Deus, que a reação parece inevitável. Os sartreanos sustentam que, para ser livre, é necessário negar a existência de Deus. Infelizmente para eles, Deus não depende das negações ou das afirmações de Sartre.
A verdadeira resposta está na fraqueza de Deus. O nosso Deus é um Deus “escondido” – tema constante da tradição espiritual cristã. É um Deus que se manifesta no meio da nuvem, que se faz
perceptível, mas não impõe a sua presença. A liberdade consiste justamente nisto: diante do outro, a pessoa pára, reconhece e aceita que exista. Abre espaço, acolhe. Longe de dominar, escuta e permite que o outro fale primeiro. Assim Deus suspende o poder de Deus.
Nenhuma evidência, nenhuma ameaça, nenhum constrangimento força nem obriga. Deus permite e deixa fazer. Deus respeita o outro na sua alteridade e permite, até mesmo, que o outro se destrua sem intervir. A liberdade de Deus consiste em permitir e ajudar a liberdade do menor dos seres humanos. A liberdade de Deus reprime o poder. Torna-se fraca para que possa manifestar-se a força humana.
O hino de Filipenses 2.6-11, núcleo da cristologia paulina, expressa essa fraqueza de Deus. Pois o aniquilamento de Jesus incluía o aniquilamento do Pai: "Esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de escravo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se a foi desobediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2.7-8).
Deus escondeu o seu poder até a ponto de as autoridades de Israel não o reconhecerem. É desta maneira que Deus se dirige às pessoas: sem intimidação, sem poder, na dependência de seres humanos, entregando a própria vida nas mãos de criminosos. Quem dirá que dessa maneira Deus faz violência às pessoas?
Como comentou Levinas, o outro é o desafio da liberdade, a provocação que a desperta. Diante do outro há duas atitudes: examiná-lo para ver em que lê me poderia ser útil ou qual é a ameaça que representa para mim, ou então, perguntar-me o que eu poderia fazer para ajudá-lo.
A liberdade de Deus autolimita-se. Diante da sua criatura, Deus limita sua presença. Deus preferiu antes deixar que crucificassem o seu Filho a intervir para impedir tal justiça. Trata-se
de fraqueza voluntária.
É verdade que durante muitos séculos, sobretudo na pregação popular, os pregadores apresentaram uma concepção bem diferente de Deus. Usaram temas e comportamentos da religião popular tradicional: medo diante do trovão, medo da seca e de cataclismos naturais – entendidos como castigos divinos –, medo das doenças recebidas também como castigos e assim por diante. Era fácil despertar o temor a partir de idéias puramente pagãs ou supersticiosas. Essa pregação de terrorismo religioso podia dar resultados imediatos, levando milhares de pessoas aos sacramentos.
A longo prazo, porém, destruíram as bases da credibilidade da Igreja. Hoje a maioria das pessoas deixaram de ter medo do trovão, não sendo mais motivo para temer a Deus, como foi no passado. Naquele tempo achou-se válido o método do temor, todavia hoje recolhe-se os frutos dessa pastoral.
Pensou-se que os povos precisassem temer um Deus forte – e desprezariam um Deus fraco. Tais erros se pagam cedo ou tarde. Estamos pagando hoje esse preço. Deus torna-se fraco porque ama. Quem mais ama é sempre mais fraco. Não será essa a grande característica das mulheres? Quase sempre amam mais, e, por isso, sofrem mais. Porém, nessa fraqueza consentida não estará a maior liberdade?
Nessa fraqueza a pessoa vence todo o egoísmo, todo o desejo de prevalecer, toda a preguiça de aceitar maiores desafios. Exige mais de si própria, vai mais longe, além das suas forças. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15.13). Aí está também a expressão suprema da liberdade. A fraqueza de Deus vai até a ponto de se tornar suplicante. O versículo predileto do saudoso teólogo latino-americano Juan Luís Segundo diz; “Eis que estou batendo na porta: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo (Apocalipse 3.20).
Deus bate na porta e aguarda. Se não é atendido, afasta-se e continua o caminho. Somente entra se é convidado. Depende do convite da pessoa. Deus torna-se pedinte, suplicante.



(extraído de "Vocação para Liberdade" - Editora Paulus.).


José Comblim

sábado, 14 de novembro de 2009

Amor Que Liberta a Consciência




Amor Que Liberta a Consciência


Imitar o “noivo” significa amar. Porque a essência do noivo é precisamente estar apaixonado, o maior dos enteógenos. A identidade do noivo é determinada pela relação com outra pessoa: sem “noiva” não existe “noivo” (sem amor não existe perdão). É o símbolo do Deus Trinitário, um Deus que se define por suas relações, (sendo inteiramente Perdão).

No entanto, amar não significa apropriar-se da vida de outros para entender os domínios da própria imagem. Nem tampouco anular o ego diluindo a identidade individual em um fluído eclético e comum __ o amor leva a pessoa a transcender-se. Assim sendo, o crescimento é uma profundidade, e não um volume.

Habitualmente, o ser humano apaixona-se por uma ilusão, por um sonho, por um projeto que traz um benefício para seu ego. São realidades virtuais que ocultam a contingência do ser. Não obstante, Deus se apaixona pela realidade, vale dizer, pela pobreza. Deus ama gratuitamente, porque não necessita de nada em troca. Por isso, ninguém pode merecer seu amor. Isso escandaliza a prepotência humana.

Para transformar-se em “noivos”, os convidados ao banquete têm de deixar de ser expectadores das bodas (a vida) e arriscar-se a se defrontar com o vazio. Todavia se desejarem superar a barreira do horizonte conhecido e abandonar a segurança de superfície será necessário que outro (ou o Outro) abra as comportas de seu interior. Sem amor não existe profundidade possível, porque só o amor incondicional penetra até a raiz do ser.

Quem se deixa embriagar pela paixão do Amor Divino, ou seja, quem ousa apaixonar-se pelo Amor, entra em um processo espiritual de libertação e de iluminação. A amizade liberta-o de sua auto-imagem, permitindo-lhe retornar à nudez do Paraíso. Quanto mais ama, tanto menos cativo é de sua máscara e tanto mais autêntico se torna. O ser encontra-se sequestrado por uma personalidade virtual e só o amor pode resgatá-lo.

Entretanto, esse amor é fogo que queima e dói. Filtra-se pelas junções do interior e corrói a couraça de vaidade, ciúme, prepotência, agressividade e auto-suficiência que protege a aparência de identidade. É um amor libertador que rompe as ataduras que prendem o ser interior. É o bisturi que disseca a alma e extirpa paulatinamente os demônios interiores.

E essa chama viva de amor ilumina a existência. O amor é ao mesmo tempo o motor que impulsiona o ser humano, a luz que o guia e a meta definitiva em sua odisseia pelo universo interior. Por isso, é a chave do crescimento espiritual’

Pense Nisso
Wagner

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

DIVÓRCIO (FALANDO POR OUTRO)




DIVÓRCIO

Justificar
Nós lemos Mateus 5: 31 e 32 e pensamos nele com nossas categorias ocidentais, posteriores à predominância política do Cristianismo sobre este lado do planeta, impondo não uma nova consciência, mas apenas uma nova Moral.

Todavia, quase nunca levamos em consideração o contexto no qual Jesus disse esta palavra. Naqueles dias, embora a poligamia e a bigamia—tão constantes no Antigo Testamento— ainda existissem, desde o exílio em Babilônia que ela vinha diminuindo—por questões econômicas, como é obvio! Todavia, ainda que ambas não fossem a norma para a maioria, na prática, no entanto, era ainda uma consciência prevalecente.

Prova disso é que em João 8, no episódio da mulher adultera e Jesus, não se apresenta o “homem” com quem essa “adultera”, adulterara. “Ele”, o homem, estava isento das pedradas. Mas a mulher estava lá, seminua ou nua, exposta a todos.

Portanto, quando Jesus diz que a Lei dizia que um homem poderia des-cartar a sua mulher dando-lhe uma carta de divórcio, Ele falava isto a uma assembléia machista, que praticava isto com muita alegria e facilidade. Tudo era motivo para se divorciar. Literalmente, por qualquer motivo, como vemos em Joaquim Jeremias e outros especialistas ( Mt 19:3)

Isto para não falarmos na briga doutrinária que havia, nos dias de Jesus, entre as escolas de Shamai e Hillel em relação ao tema em questão. Era o reino da banalidade relacional.
Nesse caso, o que Jesus diz, levando-se em consideração o “contexto historio”, é basicamente o seguinte:

1) Se, para vocês, a mulher é adúltera quando trai o seu marido, dando-se fisicamente a um homem, todavia, vocês, os homens, cometem muito mais adultério pelo modo “natural” como olham e desejam mulheres (MT 5: 28);

2) Neste mundo onde o homem “descarta” a mulher—ela sem direitos a mesadas e a patrimônio, estigmatizada pela Moral vigente e, praticamente, entregue a sobreviver como pudesse—a única clausula, de permissão ao divorcio era se a esposa traí-se o marido; ou seja: “... em caso de adultério” (5: 32b). Nessa caso, o homem poderia dar a ela carta de repudio e divorcio. Naqueles dias, mulheres não se divorciavam dos homens. Era a Lei.

3) A razão, portanto, tinha a ver com o estigma que a “repudiada”, a divorciada, carregaria, naquela sociedade, daí para frente. Ao homem era permitido—por qualquer motivo—desamparar a esposa, repudiando-a, e, então, depois disto, era-lhe “lícito” escolher outra mulher e seguir adiante com sua vida. Não era sempre bigamia, mas era sempre uma monogamia sucessiva. Ela era extremamente praticada até que Shamai, um rabino, se levantou contra aquela injustiça, discutindo os “motivos justos para dar uma carta de divorcio”, que, à semelhança de Jesus, para ele, também era o adultério.

Todavia, a preocupação era com o estado de desamparo no qual ficava a mulher repudiada-divorciada, pois, para todos, ela passava a ser fadada a nunca mais amar ninguém e nem ter ninguém, apenas porque alguém não a quis mais, por qualquer motivo.

Esta é a razão pela qual Jesus—após denunciar o adultério subjetivo de todos os homens—diz que a preocupação era com expor a mulher a tornar-se adultera (Mt 5: 32c), e, também com “aquele” que, porventura, à ela se ajuntasse, pois, ele também, passaria a ser visto como o marido da repudiada.

Numa sociedade onde o homem tinha todos os privilégios, incluindo o de ter uma segunda esposa caso a pudesse sustentar, descartar a esposa e entrega-la ao mundo com uma letra R, de Repudiada, escrita na testa, e, ainda, esperar que ela vivesse de vento, expunha-a a tornar-se adultera—fosse pela necessidade de ser sustentada por alguém, fosse pela realidade de ter encontrado alguém. Assim, em Mt 5: 27-28, Ele iguala a todos no nível do adultério subjetivo.

Já em Mt 5: 31-32, Ele nos mostra como uma vítima da dureza de coração de um homem—que descarta e não cuida da vida humana que ao seu lado esteve—pode, numa sociedade regida pela Teologia dos Fariseus, ser ainda mais des-graçada.

O “repudio” do homem tornava a mulher, no mínimo, uma “repudiada” e, no caso dela prosseguir com a vida—sem ter que se entregar à mendicância—,a exporia a ser vista, para sempre, como adultera. Dessa forma, Jesus afirma duas coisas: primeira, a seriedade do vinculo entre dois seres humanos numa relação de casamento; e, a segunda, a possibilidade de que a alma humana pudesse se endurecer tanto, que usasse a do outro, e depois, simplesmente a descarta-se, sem cuidado e sem proteção. Em outras palavras: Jesus não entrou na questão da Lei—até Moisés teve mais de uma esposa—, mas na questão da misericórdia, e, sobretudo, no tema da descriminarão Moral do infeliz; e, também no tema da Teologia dos Fariseus e a sua dureza predatória— suas Leis de causa e efeito da infelicidade—, que, naquele caso, era uma Lei animal, que tratava a companheira como lixo.

E por que digo isto?

Por duas razões:

1) Porque é o que vejo no trato de Jesus com as mulheres de todos os tipos de vida durante os Evangelhos. Quase todas elas vinham de vidas infelizes, mas todas foram absolutamente acolhidas, a Samaritana, inclusive, com seu “companheiro”, acerca de quem Jesus disse: “...chama teu marido e vem cá...”

2) Minha leitura da Bíblia, toda ela, está irremediavelmente ligada à única chave hermenêutica que eu creio que é absoluta: “O Verbo se fez carne”—essa é a chave hermenêutica! Logo é no Verbo Encarnado, Jesus, onde vemos o Verbo virar Vida, em todos os sentidos.

Ora, isto nos leva não a ler o que Jesus disse e , para melhor entender o texto, fazermos uma exegese da passagem. Ao contrário: isto nos leva a ler e ouvir o que Jesus disse, e, ver, nos evangelhos, como Ele encarnou aquele Verbo.

Ora, quando fazemos isto, não temos mais o Evangelho que Jesus falou e nós “interpretamos” como bem desejamos; e o Evangelho que Jesus viveu, que nós usamos para nos inspirar na fé na fé. E esquecemos que são naqueles encontros com a vida que cada um de Seus ensinos—literalmente, cada um deles—, teve sua verdadeira interpretação.

Jesus nunca ensinou aquilo que Ele não encarnou, como manifestação da Graça!

A tentativa de fazer exegese das falas de Jesus, e não levar em consideração como Ele tratou as pessoas pelo caminho, é audaciosa, pois, coloca-nos como “os interpretes da Lei”: com a Chave da ciência debaixo do braço, pondo-nos numa posição na qual Jesus pode ser esquizofrenizado pelas nossas doutrinas e Teologias; ou seja: ensinando uma coisa—geralmente legalista em seus conteúdos—, conforme nós “interpretamos” as falas de Jesus; enquanto, também evangelizamos, falando do modo misericordioso como Jesus tratou com amor os pecadores.

O problema é que, na maioria das vezes, o Jesus que encontra pessoas pelo caminho—gente de todo tipo—, não combina com as “interpretações” que fazemos de Suas Palavras.

Quem é que está com problemas? Seria Jesus um “esquizofrênico”?

Seria Ele como os fariseus, que diziam e não faziam?

Ou como os “interpretes da Lei”, que punham fardos pesados sobre os homens que eles nem com o dedo queriam tocar?

Ou nós é que continuamos sofrendo da doença deles?

Responda-me:

Crendo que Jesus é o Verbo encarnado, como você interpreta o que Ele disse?

À luz dos ensinos de nossos interpretes da Lei? Ou, quem sabe, para o seu próprio bem, conforme o Verbo Encarnado em Jesus!

Jesus é a Palavra sendo interpretada aos nossos olhos!

Afinal, o Verbo se fez carne e habitou entre nós...e vimos a Sua Gloria...!

Caio

Muito Bom!
Wagner

QUANDO A IGREJA NÃO É "IGREJA"...




QUANDO A IGREJA NÃO É “IGREJA”...


Igreja tem que ser coisa de gente de Deus, de gente livre, de gente sem medo, de gente que anda e vive, que deixa viver..., que crê sempre no amor de Deus...; e, sobretudo, é algo para gente que confia..., que entrega..., que não deseja controlar nada...; e que sabe que não sabe, mas que sabe que Deus sabe...
Somente gente com esse espírito pode ser parte sadia de uma igreja local, por exemplo...
Entretanto, para que as pessoas sejam assim seus pastores precisam ser assim...
Se o pastor é assim..., tudo ficará assim...
Ou, então, o tal pastor não emprestará a sua vida para o que não seja vida, e, assim, bem-aventuradamente deixará tal lugar de prisão disfarçada de amor fraterno...
Em igreja há problemas... É claro... Afinal, tem gente...
Mas nenhum problema humano tem que ser um escândalo para a verdadeira igreja de gente boa de Deus.
Numa igreja de Deus ninguém tem que ser humilhado..., adúlteros não tem que ser “apresentados” ao público..., ladrões são ajudados a não mais roubarem..., corruptos são tratados como Jesus tratou a Zaqueu..., e hipócritas são igualmente tratados como Jesus tratou aos hipócritas...; ou seja: com silencio que passa..., mas, ao mesmo tempo, não abre espaço...
Na igreja de gente boa de Deus fica quem quer e até quando deseje... E quem não estiver contente não precisa ser taxado de rebelde e nem de insubordinado... Ele é livre para discordar e sair... Sair em paz. Sem maldições e sem ameaças; aliás, pode sair sem assunto mesmo...
Na verdadeira igreja não há auditores, há amigos.
Nela também toda angustia humana é tratada em sigilo e paz.
Igreja é um problema?...
Sinceramente não acho...
Pelo menos quando a igreja é assim, de gente, para gente, liderada por gente, com o propósito de fazer de toda gente um humano maduro — então, creia: não há problemas nunca, pois, os problemas em tal caso nada mais são do que situações normais da vida, como gripe, febre ou qualquer outra coisa, que só não dá em poste de ferro...
Tudo o que aqui digo decorre de minha experiência...
Não é teoria...
Pode ser assim em todo lugar...
Mas depende de quem seja o pastor...
E mais: se o povo já estiver viciado demais nem sempre tem jeito...
Entretanto, se alguém decide começar algo do zero, então, saiba: caso você seja gente boa de Deus, e que trate todos como gostaria de ser tratado..., não haverá nada que não seja normal, pois, até as maiores anormalidades são normais quando a mente do Evangelho em nós descomplicou a vida.


Pense nisso!...
Nele,
Caio

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Parábola do Filho Pródigo





A parábola do filho pródigo nos coloca diante da tensão existente entre o amor e a liberdade, dois dos maiores anseios do coração humano. O filho mais novo queria a liberdade; o mais velho, ser amado. A tensão se explica pela aparente contradição na experiência da liberdade e do amor.

O senso comum define a liberdade como a não sujeição do eu ou do ego a qualquer realidade limitadora ou impeditiva da realização de desejos e vontades. Livre é quem faz o que quer, quando quer, onde quer, com quer, porque quer, e assim por diante. O amor, por sua vez, é compreendido pela entrega do eu ou do ego ao objeto amado, o que implica renúncia, abnegação, e até mesmo sacrifício.

Quem ama valoriza mais o relacionamento com o ser amado do que a realização de suas vontades e desejos. Isto é, amar é abrir mão da liberdade.O mesmo Jesus que disse ser a fonte da liberdade: “se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36), exige que seus seguidores morram para si mesmos: “se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo” (Mateus 16.24). Nesse sentido, a liberdade não é compatível com o amor, pois o amor não é compatível com o egoísmo-egocentrismo.

A pretensão humana de liberdade conforme descrita é ilusória, pois é fato que a liberdade humana não é absoluta: ninguém consegue fazer o que quer, onde quer, como quer... A realidade na qual vivemos impõe limites à liberdade humana, como por exemplo, a impossibilidade de voar ou de sobreviver sem dormir e respirar. São limitações que não implicam desejos e independem das vontades, e por esta razão, não constituem dilemas éticos.

Mas há outros limites que implicam posicionamentos éticos e decisões morais, como por exemplo o zelo do corpo e o cuidado das relações de confiança. Sempre que os limites de sua liberdade são desrespeitados, o ser humano entra em rota de colisão com sua natureza, a natureza da realidade em que vive e, portanto, de auto-destruição e destruição do que lhe tem valor. Por exemplo, aquele que desrespeita o limite imposto pela lei da gravidade e pretende andar sobre os ares pula para a auto-destruição, assim como aquele que não cuida de sua saúde. O mesmo ocorre com quem deseja se relacionar com base na mentira, na infidelidade e na exploração do outro em benefício próprio: destrói a si mesmo, ao outro, e também a relação de amor.

O dilema entre a liberdade e o amor, portanto, pode e deve ser superado, primeiro, pela consciência de que a liberdade humana é relativa, e, também e principalmente, pela renúncia voluntária (livre) da vida egocêntrica, em favor das relações de amor. Amar implica escolher livremente se dedicar ao amado. Isso é graça: entrega do si mesmo em favor do objeto amado: “a minha vida ninguém a tira de mim, mas eu a dou de minha espontânea vontade” (João 10.18). Dou espontaneamente porque sou livre, e mesmo assim a dou, porque amo. Assim viveu Jesus. Assim morreu Jesus. E porque livre e pleno de amor, a morte não o pôde reter – ressuscitou.

Ed René Kivitz


Muito Bom
Wagner

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Rebimboca da Beribelinha




Rebimboca da Beribelinha




Ganha um doce quem souber o que significa rebimboca da beribelinha.
Enguiçado numa esquina, o carro de um amigo viu-se socorrido por uma oficina ambulante instalada numa kombi. O mecânico levantou o capô, fez ares de entendido, mexeu daqui, fuçou dali e, peremptório, pronunciou o diagnóstico: “Precisa trocar a rebimboca da beribelinha”.
“Quanto custa isto?”, indagou o motorista. “É uma peça rara e cara, mas por cem reais troco para o senhor.”
Feito o acordo, o rapaz enfiou a cabeça no motor e, ferramentas em mãos, iniciou a cirurgia mecânica. Findo o serviço, cinco minutos depois, o carro ligou e o motorista pagou. No dia seguinte, por precaução mineira, levou o veículo na oficina da concessionária. Só então soube que não existe rebimboca da beribelinha; o enguiço ocorrera porque soltara o cabo da bateria.
Ora, todos sabemos que existe sim rebimboca da beribelinha. É essa capacidade de certas pessoas explicarem o inexplicável: a defesa de políticos corruptos (basta comparar renda e patrimônio para se tornarem eticamente indefensáveis); a revogabilidade do irrevogável; o ex-presidente ao negar conhecer um jovem apadrinhado por ele; o senador que recorre a notas frias de frigoríficos (com perdão da redundância) para justificar sua dinheirama; a anistia a torturadores que jamais foram punidos; o famoso inquérito de trinta dias para apurar acidentes; o sumiço de drogas apreendidas pela polícia; as propaladas vantagens dos alimentos transgênicos; os anúncios de pedofilia virtual que usam crianças como iscas de consumo; a responsabilidade social de empresas que degradam o ambiente inteiro; os pregadores religiosos insensíveis à miséria circundante; o elegante contrabando de lojas de grifes etc. etc.
Rebimboca da beribelinha é a capacidade de falar sem dizer nada; prometer sem cumprir; governar sem administrar; sorrir sem estar alegre; enfim, roubar o porco e, surpreendido, sair gritando de olho no ombro: “Tira esse bicho daí! Tira esse bicho daí!”
Hoje em dia a rebimboca da beribelinha faz muito sucesso na TV. Tanto que mantém hipnotizada, dia a dia, durante horas, milhões de telespectadores que, além de umas tantas informações dos telejornais, nenhum proveito tiram para ampliar sua cultura, tornar mais crítica sua consciência ou aprofundar sua vida espiritual.
Todos nós temos enguiços na vida, dificuldades, desafios, enfim, peças a serem trocadas e decisões a serem tomadas para saber em que rumo prosseguir. Muitos, acovardados frente aos momentos críticos, apelam para a rebimboca da beribelinha. Reclamam da vida, da realidade, da política do país, do estado atual do mundo, mas nada fazem para mudar esse estado de coisas. Ficam no queixume, alugando os ouvidos de quem está ao lado, destilando ira pela vida fora, à espera de quê? Ora, é evidente, à espera de quem surja e lhes ofereça a rebimboca da beribelinha.
O maior acervo de rebimboca da beribelinha são os arquivos dos parlamentos, nos quais se conservam os discursos de vereadores, deputados e senadores. Quanta empáfia, quanto palavrório, para tão pouco resultado e proveito!
A internet não fica atrás, sobretudo a quantidade de textos, supostamente assinados por autores famosos, que circulam: pura rebimboca da beribelinha. Nada acrescentam à nossa douta ignorância. Enquanto isso, o mundo, lá fora, arde em chamas: guerras, terrorismo, bases usamericanas na Colômbia, gripe suína, narcotráfico, desmatamento da Amazônia, crianças-mendigas improvisadas em acrobatas nas vias dessinalizadas da vida...
Se confissão auricular ainda fosse obrigatória na Igreja, não seria nada mal sugerir ao penitente, em seu exame de consciência, avaliar o quanto seus atos e pensamentos, intenções e palavras, estão repletos de rebimboca da beribelinha.
Deixo a sugestão de se instituir, em clubes e condomínios, empresas e repartições públicas, grupos de amigos e associações, o prêmio anual Rebimboca da Beribelinha. A ser dado a quem, como o meu amigo do carro enguiçado, acredita no primeiro que lhe entuba pelos ouvidos lé com cré


Frei Beto

Muito Bom
Wagner

A Máscara da Hipocrisia



A Máscara da Hipocrisia


O que é hipocrisia? É um disfarce, uma mentira, um engano. Quem é o hipócrita? O hipócrita é um ator que representa um papel diferente daquilo que é na vida real. Ele faz o papel de outra pessoa. Ele apresenta-se como uma pessoa totalmente distinta da sua verdadeira personalidade. O hipócrita é o homem que faz com que sua luz brilhe de tal forma diante dos outros que eles não possam saber o que está acontecendo por detrás dela. O hipócrita vive de aparências. Ele se protege atrás de máscaras. Vive uma mentira, uma farsa. Ele faz da vida uma peça de teatro e olha os demais como uma plateia que precisa entreter, e sob os efeitos das luzes artificiais, representa um papel comovente destinado a arrancar os aplausos de seus admiradores.
Jesus foi mais duro em suas palavras com os hipócritas do que com os ladrões e prostitutas. Esses tinham consciência de que eram desprezíveis. Aqueles também o eram, mas procuravam impressionar com qualidades que não possuíam. Uma prostituta maquiada é menos perigosa do que um hipócrita disfarçado.
Somos quem somos, não o que apresentamos ser. Mas, na realidade, nos admiram e amam pelo que aparentamos. Não é nossa personalidade que é amada, mas a máscara que a encobre. O personagem que representamos no palco da vida, com os cosméticos da vaidade e sob as luzes da auto glorificação, é diferente do “eu” que existe no recesso da intimidade, sem as máscaras da hipocrisia. Nossa verdadeira identidade surge quando estamos sozinhos, longe de casa, dos amigos, da igreja, da vigilância.


Nada há pior que sermos por fora aquilo que não somos por dentro.

Removendo Máscaras
Hernandes Dias Lopes

Pare e pense
Wagner

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Avareza




Avareza




Diz o texto sagrado que o Espírito levou Jesus ao deserto para ser testado pelo Demônio. Essa é a missão dos Demônios: testar os homens para saber a qualidade de que são feitos. A tentação só acontece no lugar onde mora o desejo. Ninguém é tentado a comer tijolos. Porque ninguém deseja comer tijolos. É preciso que haja o desejo para que a tentação aconteça. No deserto o Demônio começou o seu teste pelo desejo mais inocente, mais natural. Jesus estava com fome, depois de jejuar 40 dias. Queria comer. Com certeza estava tendo visões de pães. O Demônio sugere: “Um pequeno milagre vai resolver tudo. Você tem poder. É só falar e as pedras se transformarão em pães.” Que Deus bom esse, à nossa disposição para atender aos nossos desejos. Mas o Deus de Jesus não era assim. Ele não pode ser invocado para nos livrar dos apertos. “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus ...”, Jesus respondeu. O Demônio percebeu que aquele não era o lugar. Mudou-se para o lugar onde moram desejos mais sutis. Os piores pecados não são os da carne; são os do espírito. “Imagine-se na torre do templo. Lá embaixo a multidão gritando: ‘Pula! Pula!’. Aí você pula. Mas então o inesperado acontece: os anjos vêm e o carregam pelos ares! Será o triunfo, a consagração. Todos acreditarão em você e o seguirão!” Jesus responde que não se deve testar Deus para a realização dos nossos desejos. Aí o Demônio lança mão do mais profundo desejo que existe na alma humana: o poder! Leva Jesus a um alto monte e lhe mostra todos os reinos do mundo e suas riquezas e lhe diz: “Tudo isso lhe darei se prostrado me adorares!” Quem tem dinheiro tem todas as coisas. O dinheiro é o deus do mundo. O Vinícius inicia o seu poema O Operário em Construção citando esse texto do evangelho. O operário, no alto do monte, tentado pelas riquezas! Porque o fascínio pelo dinheiro não mora apenas no coração dos ricos. Mora também no coração dos pobres. Avarenta é a pessoa que adora o dinheiro. Mas esqueça as imagens comuns do avarento – o pão-duro, o unha-de-fome, o mesquinho... Esse avarento é um coitado. Faz mal a pouca gente. Ele é o maior prejudicado. Da sua companhia todos fogem. Ele é ridículo. Avareza não é isso. É uma qualidade espiritual. O avarento é uma pessoa cujos olhos passaram por uma transformação: eles só vêem coisas e pessoas através do dinheiro. Todos os seus sentidos estéticos e éticos foram destruídos. Beleza, ternura, amor, honestidade, justiça – essas coisas não entram na sua contabilidade. Por que o avarento se entrega ao amor ao dinheiro? Porque ele sabe que o dinheiro é um deus que tem poderes para operar as mais fantásticas transformações. Marx era bom teólogo; ele conhecia o poder do deus dinheiro para operara milagres. Vejam os comentários que ele fez de textos de Goethe e Shakespeare. “Eu sou feio, mas posso comprar a mulher mais bonita para mim mesmo. Conseqüentemente eu não sou feio, porque o efeito da feiúra, o seu poder para repelir, é anulado pelo dinheiro. Como indivíduo sou um aleijado, mas o dinheiro me dá vinte e quatro pernas. Portanto eu não sou aleijado. Eu sou um homem detestável, sem honra, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é objeto de admiração universal e portanto eu, que tenho dinheiro, sou admirado. Sou curto de inteligência, mas desde que o dinheiro é o espírito de todas as coisas, como poderia aquele que o possui não ser inteligente? Eu, que pelo poder do dinheiro, posso possuir tudo aquilo que o coração humano deseja, não sou possuidor também de todas as virtudes humanas.”Pense nas misérias do Brasil. Elas não foram produzidas pela ira, pela preguiça, pela inveja, pela gula, pela arrogância, pela luxúria. Esses demônios são fracos. Nossas misérias são produzidas pela avareza. As delícias da riqueza justificam qualquer tipo de corrupção. Pense nas tragédias do mundo, as guerras, os genocídios... Esses sofrimentos foram produzidos pelo uso de armas que foram pensadas por inteligências científicas e fabricadas com cabeças técnicas e vendidas por amor ao lucro. Mas quem é movido pela avareza não sabe o que é o sofrimento dos outros. Perdeu a capacidade de compaixão. E com isso deixou de ser humano.




Rubem Alves