Algumas vezes os cristãos podem “se desligar” da crítica dos não crentes simplesmente porque estes não são cristãos. Este é um hábito perigoso de se desenvolver. Muito frequentemente, aqueles de fora da comunidade cristã podem oferecer uma crítica nova que a Igreja precisa ouvir.
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Tomemos o sociólogo Alan Wolfe como exemplo. Ele trabalha como diretor do Centro Boisi na Universidade de Boston e se autodescreve como agnóstico. Wolfe tem passados muitos anos estudando as crenças das igrejas evangélicas para ver se realmente vivem suas vidas de forma consistente com o que creem.
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Seu método para descobri-lo era ilusoriamente simples. Saiu por toda a América e visitou especificamente igrejas evangélicas. Suas observações são colocadas com uma clareza perturbadora em The Transformation of American Religion (A Transformação da Religião Americana).
Wolfe tem como principal interesse investigar se os evangélicos representam ou não algum tipo de ameaça ao secularismo. Suas conclusões podem ser parafraseadas da seguinte forma:
Caros colegas secularistas americanos, sei que estão preocupados sobre os “direitos religiosos” e sua influência sobre a América. Preocupam-se se eles têm muito poder, e se, se forem bem sucedidos, transformarão a América em algum tipo de estado neo-teocrático cujas crenças religiosas atravanquem o avanço das liberdades morais pessoais em áreas como o aborto, o pluralismo religioso e a normatização da homossexualidade na cultura.
Wolfe tem como principal interesse investigar se os evangélicos representam ou não algum tipo de ameaça ao secularismo. Suas conclusões podem ser parafraseadas da seguinte forma:
Caros colegas secularistas americanos, sei que estão preocupados sobre os “direitos religiosos” e sua influência sobre a América. Preocupam-se se eles têm muito poder, e se, se forem bem sucedidos, transformarão a América em algum tipo de estado neo-teocrático cujas crenças religiosas atravanquem o avanço das liberdades morais pessoais em áreas como o aborto, o pluralismo religioso e a normatização da homossexualidade na cultura.
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Mas não temam, pois com base em meus estudos, descobri que enquanto os evangélicos reivindicam crer na verdade absoluta e na autoridade da Bíblia que governa toda a vida, não vivem conforme dizem crer. Dizem que creem na Bíblia como a Palavra de Deus, mas de alguma forma, estranhamente, a Bíblia sempre diz o que satisfaz suas necessidades psicológicas e emocionais pessoais. Dizem que adoram um Deus tremendo, mas sua divindade não é temida, porque não é muito de julgamentos, é sempre rápido para mostrar suas boas qualidades, e aceitará qualquer coisa em termos de seu comprometimento com Ele.
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É um “Deus tranquilo” – não a divindade exigente diante de quem Israel tremia ao pé do Monte Sinai, mas o tipo de divindade que está sempre lá para dar novos suprimentos de terapia diária otimista. E com relação ao povo de Deus, bem, são como qualquer um – nem mais santos ou justos do que o resto de nós. Ponha-os no cadinho do caráter e se dobrarão como um terno barato. Em resumo, a democracia está salvaguardada dos zelotes religiosos, pois tais pessoas não existem realmente em grandes quantidades. Então, relaxem, o cristianismo evangélico na América é tão seguro quanto o leite.
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Aqui está como Alan Wolfe conclui seu projeto – em suas próprias palavras:
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Aqui está como Alan Wolfe conclui seu projeto – em suas próprias palavras:
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Em todos os aspectos da vida religiosa, a fé americana tem colidido com a cultura americana e a cultura americana tem triunfado. Quer os fiéis tenham sempre sido ou não um povo aparte, já não o são. (...) Falar sobre o inferno, a condenação e até mesmo o pecado foi substituído por um discurso de compreensão e empatia, sem espaço para julgamentos. (...) Longe de viverem em um mundo além, os fiéis nos Estados Unidos são notavelmente como qualquer um.
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Ao contrário do que se pudesse esperar, Wolfe mostra-se incomodado, quase até melancólico, com os resultados de seu estudo. Escreve: “Assistir a sermões reduzidos a apresentações de PowerPoint, ou ouvir a uma música após a outra – todas facilmente esquecíveis – durante o período de louvor faz com que se anseie por um evangélico disposto a se levantar, ao estilo de Martinho Lutero, e proclamar sua oposição à última pesquisa de preferências evangélicas.” O evangelicalismo está tão ansioso de “copiar a cultura das cadeias de hotéis e de música popular que perde a distinção religiosa que tinha anteriormente”.
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O que descreve é uma falta massiva de credibilidade dos cristãos professos. Daquilo que tem visto até agora, nada o convenceu de que o que está acontecendo nas igrejas evangélicas é qualquer coisa especialmente autêntica. Naturalmente, Wolfe não visitou todas as igrejas na América. Mas pode-se perguntar quanto tempo levará para que ele encontre o tipo de igrejas contraculturais que originalmente se dispôs a encontrar.
Em todos os aspectos da vida religiosa, a fé americana tem colidido com a cultura americana e a cultura americana tem triunfado. Quer os fiéis tenham sempre sido ou não um povo aparte, já não o são. (...) Falar sobre o inferno, a condenação e até mesmo o pecado foi substituído por um discurso de compreensão e empatia, sem espaço para julgamentos. (...) Longe de viverem em um mundo além, os fiéis nos Estados Unidos são notavelmente como qualquer um.
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Ao contrário do que se pudesse esperar, Wolfe mostra-se incomodado, quase até melancólico, com os resultados de seu estudo. Escreve: “Assistir a sermões reduzidos a apresentações de PowerPoint, ou ouvir a uma música após a outra – todas facilmente esquecíveis – durante o período de louvor faz com que se anseie por um evangélico disposto a se levantar, ao estilo de Martinho Lutero, e proclamar sua oposição à última pesquisa de preferências evangélicas.” O evangelicalismo está tão ansioso de “copiar a cultura das cadeias de hotéis e de música popular que perde a distinção religiosa que tinha anteriormente”.
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O que descreve é uma falta massiva de credibilidade dos cristãos professos. Daquilo que tem visto até agora, nada o convenceu de que o que está acontecendo nas igrejas evangélicas é qualquer coisa especialmente autêntica. Naturalmente, Wolfe não visitou todas as igrejas na América. Mas pode-se perguntar quanto tempo levará para que ele encontre o tipo de igrejas contraculturais que originalmente se dispôs a encontrar.
Rev. Aldo Menezes