domingo, 25 de abril de 2010

Os Cristãos Não Vivem de Acordo com o Que Afirmam Crer



Algumas vezes os cristãos podem “se desligar” da crítica dos não crentes simplesmente porque estes não são cristãos. Este é um hábito perigoso de se desenvolver. Muito frequentemente, aqueles de fora da comunidade cristã podem oferecer uma crítica nova que a Igreja precisa ouvir.
.
Tomemos o sociólogo Alan Wolfe como exemplo. Ele trabalha como diretor do Centro Boisi na Universidade de Boston e se autodescreve como agnóstico. Wolfe tem passados muitos anos estudando as crenças das igrejas evangélicas para ver se realmente vivem suas vidas de forma consistente com o que creem.
.
Seu método para descobri-lo era ilusoriamente simples. Saiu por toda a América e visitou especificamente igrejas evangélicas. Suas observações são colocadas com uma clareza perturbadora em The Transformation of American Religion (A Transformação da Religião Americana).

Wolfe tem como principal interesse investigar se os evangélicos representam ou não algum tipo de ameaça ao secularismo. Suas conclusões podem ser parafraseadas da seguinte forma:
Caros colegas secularistas americanos, sei que estão preocupados sobre os “direitos religiosos” e sua influência sobre a América. Preocupam-se se eles têm muito poder, e se, se forem bem sucedidos, transformarão a América em algum tipo de estado neo-teocrático cujas crenças religiosas atravanquem o avanço das liberdades morais pessoais em áreas como o aborto, o pluralismo religioso e a normatização da homossexualidade na cultura.
.
Mas não temam, pois com base em meus estudos, descobri que enquanto os evangélicos reivindicam crer na verdade absoluta e na autoridade da Bíblia que governa toda a vida, não vivem conforme dizem crer. Dizem que creem na Bíblia como a Palavra de Deus, mas de alguma forma, estranhamente, a Bíblia sempre diz o que satisfaz suas necessidades psicológicas e emocionais pessoais. Dizem que adoram um Deus tremendo, mas sua divindade não é temida, porque não é muito de julgamentos, é sempre rápido para mostrar suas boas qualidades, e aceitará qualquer coisa em termos de seu comprometimento com Ele.
.
É um “Deus tranquilo” – não a divindade exigente diante de quem Israel tremia ao pé do Monte Sinai, mas o tipo de divindade que está sempre lá para dar novos suprimentos de terapia diária otimista. E com relação ao povo de Deus, bem, são como qualquer um – nem mais santos ou justos do que o resto de nós. Ponha-os no cadinho do caráter e se dobrarão como um terno barato. Em resumo, a democracia está salvaguardada dos zelotes religiosos, pois tais pessoas não existem realmente em grandes quantidades. Então, relaxem, o cristianismo evangélico na América é tão seguro quanto o leite.
.
Aqui está como Alan Wolfe conclui seu projeto – em suas próprias palavras:
.
Em todos os aspectos da vida religiosa, a fé americana tem colidido com a cultura americana e a cultura americana tem triunfado. Quer os fiéis tenham sempre sido ou não um povo aparte, já não o são. (...) Falar sobre o inferno, a condenação e até mesmo o pecado foi substituído por um discurso de compreensão e empatia, sem espaço para julgamentos. (...) Longe de viverem em um mundo além, os fiéis nos Estados Unidos são notavelmente como qualquer um.
.
Ao contrário do que se pudesse esperar, Wolfe mostra-se incomodado, quase até melancólico, com os resultados de seu estudo. Escreve: “Assistir a sermões reduzidos a apresentações de PowerPoint, ou ouvir a uma música após a outra – todas facilmente esquecíveis – durante o período de louvor faz com que se anseie por um evangélico disposto a se levantar, ao estilo de Martinho Lutero, e proclamar sua oposição à última pesquisa de preferências evangélicas.” O evangelicalismo está tão ansioso de “copiar a cultura das cadeias de hotéis e de música popular que perde a distinção religiosa que tinha anteriormente”.
.
O que descreve é uma falta massiva de credibilidade dos cristãos professos. Daquilo que tem visto até agora, nada o convenceu de que o que está acontecendo nas igrejas evangélicas é qualquer coisa especialmente autêntica. Naturalmente, Wolfe não visitou todas as igrejas na América. Mas pode-se perguntar quanto tempo levará para que ele encontre o tipo de igrejas contraculturais que originalmente se dispôs a encontrar.

Rev. Aldo Menezes

terça-feira, 20 de abril de 2010

VOCÊ É CAVALO OU CAVALEIRO DO APOCALÍPSE?...






“De onde procedem as guerras?” — indaga o apóstolo Tiago, irmão de Jesus.

O único real problema do homem é ele mesmo.

Nada além dele e disso...

Calamidades naturais matam pouco se comparadas ao que mata como resultado do que o homem faz.

Doenças são quase todas — pelo menos as que mais nos mataram no curso da História — o resultado da nossa própria produção.

São os Quatro Cavaleiros do Apocalipse...

Cavalo Branco [ίππος λευκός -híppos leukós]: Hegemonia de poder imperialista...

Cavalo Vermelho [ίππος πυρρός - híppos purrós]: Guerras que decorrem de tais ambições...

Cavalo Preto [ίππος μέλας - híppos mélas]: Crise econômica e alimentar como decorrência da Guerra, que decorre do surto de Poder...

Cavalo Baio [ίππος χλωρός, θάνατος - híppos khlōrós]: Morte que vem como conseqüência da Guerra e da Fome, com a proliferação de pragas e pestes...

Foram e são esses Quatro que movem as principais calamidades humanas na Terra!

Ora, tais coisas vêm todas de nossa “carne”, conforme nos disse Tiago; ou seja: elas vêm da nossa cobiça, dos nossos surtos de narcisismo, da nossa vontade insaciável por poder, domínio e controle.

É assim do ponto de vista do Fenômeno Global que nos acomete no curso da História, como também se trata de um fenômeno existencial e intrínseco, o qual habita a nossa natureza.

Os Quatro Cavaleiros existem não apenas no mundo e em suas grandezas históricas, mas, também, sobretudo, existem em nós.

No mínimo nós somos os “Cavalos” desses cavaleiros do Poder, da Guerra, da Fome e da Morte.

A fim de ver a força e a persistência desses poderes, basta que se olhe para nós mesmos, ou, então, apenas para aquilo que nos cerca e que surge como resultado das nossas decisões pessoais, nas quais somos poderosos o suficiente a fim de mudar ou não o curso de uma determinada ação e suas conseqüências...

No fim tudo tem apenas a ver com a “carne”, com o desejo, com o surto de poder, com a vontade de hegemonia, com o egoísmo, com o apetite pela morte, ainda que saibamos as conseqüências...

Na realidade todos pensam que são as ações dos outros que são importantes; as nossas não...

Assim, vendo o potencial dos Quatro Cavaleiros apenas nos homens e mulheres grandes da Terra, esquecemos-nos que tais homens são exatamente iguais a nós. E, assim, não vemos que o poder de mesquinharia, de guerra, de briga, de confusão, de traição, de carência, de necessidade de afirmação, de ódio, de vingança, de cobiça, etc. — são realidades presentes em todos, e, portanto, a partir do pequeno [nós] se pode entender que o grande [eles] apenas tem maior poder de devastação na sua decisão e escolha...

De fato existem Quatro Cavaleiros no Apocalipse, mas os cavalos são a soma de nós; das mulas e jumentos sem entendimento, os quais serão freiados apenas pelo Cabresto das Calamidades...

Portanto, antes de reclamar do Mundo, olhe para você; e veja os estragos que seu egoísmo de cavaleiro branco produz; veja o que sua ambição de guerra gera; perceba o que tais ações produzem no ambiente; e, por fim, note que o que segue a isto tudo é sempre o desarranjo da morte...

Sim, seja no mundo ou seja na casa da gente...

Pense nisso!...


Nele,

Caio

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Crenças e Culto no período "pré-mosaico" (séc. XIV a. C.)




O ensaio que abaixo reproduzo trata-se de uma palestra proferida na Universidade Federal Fluminense, no Centro de Estudos Interdisciplinares de Antigüidade (CEIA). Naquela época, o intento era rebater a visão histórica evolucionista e idealista a respeito da história da religião do antigo Israel. Por visão evolucionista os historiadores denominam a abordagem seqüencial e linear: fetichismo? Politeísmo? Monoteísmo? e, por visão idealista, compreende o modo de explicação dos eventos históricos que privilegia o papel da consciência (as "grandes idéias"), expressas nas idéias políticas, éticas, filosóficas, científicas, etc. que mudam por si só no curso da história, sem considerar a vida social e o contexto sócio-histórico em que tais idéias emergem. Minha surpresa foi constatar que os alunos universitários ali presentes, ao no lugar de abrir um diálogo sobre as novas abordagens e novas fontes para a pesquisa, se sentiram indignados com o processo de historização do fenômeno da crença.

Dados da historiografia e da arqueologia não atestam o culto de Iavé antes do século XIII a. C. e, portanto, antes de Iavé tornar-se o protetor da confederação tribal israelita, os hebreus admitiam vários sistemas religiosos simultâneos, e nenhum deles entravam em conflito na cabeça daqueles nômades.

Os hebreus pertenciam à grande etnia semítica. Os antigos semitas veneravam uma força impessoal, invisível e intangível, expressa no princípio divino 'l, que agia na natureza, mas não tinha consciência de si. Este princípio divino aparece em todas as civilizações semíticas posteriores como Allá dos árabes, El dos cananeus, Baal dos fenícios, Ilu dos assírios e Bel dos caldeus.

A) O culto ao "deus dos pais". Os líderes dos acampamentos, os patriarcas, rendiam culto especial ao chamado "deus dos pais", o antepassado mítico do clã. Cada clã possuía seu "deus dos pais", uma espécie de herói lendário que fundou o clã e transmitiu os costumes e instituições da família. O "deus dos pais" não tinha um local fixo de culto, residia em uma tenda especial e acompanhava as viagens do clã pelo deserto e pela estepe, assegurando o bom relacionamento com os vizinhos e protegendo os membros do clã contra os infortúnios das viagens. O "deus dos pais" não possuía uma representação figurativa, porque é extremamente difícil no deserto e na estepe a confecção de imagens.

Paralelamente ao culto do "deus dos pais", os hebreus veneravam árvores, fontes de água, grutas, montes, etc., que se relacionavam de alguma maneira com os eventos lendários do mito do "deus dos pais" (locais por onde o antepassado passou etc.). Por outro lado, estes objetos da natureza também eram compreendidos como entidades sagradas, pois, eram o receptáculo de uma força invisível, similar aos gênios das tribos árabes.

B) O culto às pedras. Os hebreus do século XIV também veneravam pedras mágicas, os terafins, relacionados também ao culto ancestral. Apareceram após a supressão ao culto de imagens de "deusas-mães", que as mulheres recorriam a sua proteção no momento do parto. Os terafins não eram propriamente deuses, mas, amuletos mágicos, símbolos da prosperidade. Estas pedras eram mantidas dentro das tendas.

C) O culto às forças naturais e à serpente. Era crença corrente que uma entidade furiosa habitava o deserto e os hebreus imputavam a esta força a responsabilidade pelas tempestades de areia que derrubava as tendas e desaparecia com as rezes, além de trazer as doenças como urticária que atacavam o gado. Para aplacar a ira desta entidade, os hebreus recorriam ao sacrifício do cordeiro e do bode. Era um sacrifício pascal, praticado antes do início da primavera, quando então, imolava-se um cordeiro. Um sacrifício análogo ocorria no outono, antes da transumância para a pastagem na estepe, quando então, era solto um bode no deserto.

A circuncisão, prática encontrada entre os sacerdotes egípcios da Antigüidade e numerosas tribos árabes, era uma medida para afastar a infertilidade que poderia abater tanto sobre a família quanto sobre o gado: para agradá-la, recorria-se a circuncisão, a entidade fugia afugentada pelo horror ao sangue ou era aplacada com o rito. O prepúcio era oferecido e, ocorria na ocasião da passagem do membro masculino para a vida adulta ou da iniciação ao casamento. O culto à serpente era uma prática muito comum na Palestina; imagens de serpentes recebiam culto especial, pois, com este culto apotropeico, os hebreus julgavam afastar ou minimizar as picadas das víboras reais, já que eram muito freqüente na Palestina.

D) Práticas mágicas. Os hebreus eram um povo rude, sem escrita e muito supersticioso. Havia numerosas interdições religiosas de caráter alimentar, sexual e social. Vivendo em um ambiente hostil do deserto e da estepe, em confronto com povos vizinhos e sofrendo constantes perigos de animais selvagens, os hebreus recorriam freqüentemente às magias. Entre elas, destacam-se a crença no "mau olhado", o poder mágico da palavra (proferido como bênção ou maldição pelo moribundo), a crença na magia da dança da chuva e da dança da guerra, o uso mágico do vestuário, a magia da impostura da mão, o uso da necromancia, etc. Havia, curandeiros, videntes, adivinhos.

E) Os mitos. Há fortes indícios que os antigos hebreus conheciam uma pluralidade de mitos, entretanto, a grande maioria foi combatida e propositadamente esquecida pelo clero iaveísta. Os hebreus acreditavam na existência de gigantes, do monstro marinho Tannin e no dragão Leviatã; possuíam uma concepção que acima da abóbada celeste era coberta por água. A presença mitológica de animais fabulosos, os serafins, criaturas sinuosas, serafim está na raiz srph, (seraph), que significa "abrasador", uma alusão a crença em dragões.




Parte da Palestra Ministrada na Universidade Federal Fluminense - UFF
Edmilsom Bento da Silva

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"A Impotência Humana"




Diante das tragédias provocadas pela chuva no Rio de janeiro, as pessoas perguntam: Onde estava Deus que em seu amor e bondade não impediu que tamanha tragédia acontecesse?
.
Eu mesmo estou chocado com a notícia da morte de um garoto de oito anos que estava soterrado, que pedia ajuda ao pai que estava junto com os bombeiros tentando tirar toda aquela terra e escombro de cima do garoto. Diz à matéria que o menino pedia ajuda ao pai, mas o mesmo estava impotente, desesperado e atônito diante de tamanha desgraça.
.
Deus não agiu? Deus se mostrou impotente? Houve falta de amor em Deus permitindo na morte do menino? Deus não sabia o que estava acontecendo?
.
Essas perguntas são comuns, e principalmente para as pessoas que passaram por algo desse tipo.
.
Eu quero repensar algumas coisas, talvez seja um tipo de auto defesa, ou apenas estou um pouco deprimido, estressado, pensativo e chocado diante da dor e da impossibilidade e assombro pelo impossível, e total descontrole da própria vida e da vida de todos aqueles que são próximos a mim.
.
Quando choro pelos outros, quando a alma se inquieta, quando as imagens falam mais alto do que qualquer palavra. Um pai que dizia: filho eu estou indo, filho eu estou indo, filho estou cavando, filho espera! Enquanto cava, as mãos se ferem, mas não há dor física. A dor é na alma, a dor é na impossibilidade. E a voz de socorro? não se ouve mais, é a dúvida que se instala.
.
O filho finalmente é resgatado, mas já estava morto. A esperança acaba, uma vida foi interrompida, os sonhos acabaram, a vida nunca mais será a mesma, o pai não conseguiu.
.
Quero mostrar onde estava Deus na tragédia, o Deus “onipresente”?
.
O Deus onipresente estava ali representado nas pessoas, mas não apenas no momento da tragédia. Ele estava presente muito antes, quando os pais resolveram construir as suas casas num lugar de risco, quando as autoridades permitiram que essas casas fossem construídas, quando por causa do egoísmo as pessoas foram empobrecidas e levadas a níveis de pobreza absurdos. Nós construímos as tragédias, nós desobedecemos todas as leis de Deus, nós como seres humanos estamos em todos os lugares ao mesmo tempo. Somos nós, porque só em nós se instala as causas e as consequências, e claro pensando no ser humano não na sua individualidade, mas na coletividade.
.
Como ser humano, quero incitar a todos dizendo: Nós estávamos lá. Estávamos anestesiados achando que a dor não era nossa. Estávamos indiferentes exatamente por isso, só que a gente não percebe que já temos uma doença instalada em nós mesmos.
Estou cheio de teologia da burguesia, da teologia da vaidade, da teologia da soberba, da teologia da auto-promoção, da teologia da academia, da teologia apologética, da teologia dos blogueiros e outras teologias que me fazem gastar o meu tempo com aquilo que não é. Prefiro a teologia da mesa, do encontro, do abraço, da amizade, do amor, da prontidão que se move a favor do bem e etc.
.
Existem princípios que precisam ser respeitados. Deus é onipresente, principalmente porque o ser humano está em todos os lugares ao mesmo tempo, quando pensamos na coletividade. Ele é onisciente, porque ele conhece todas as coisas, principalmente quando nos encontramos com Ele diante de um espelho. Deus é onipotente diante de tantos poderes destrutivos e construtivos, inclusive o poder de nos omitir, de destruir a criação, de destruir a nossa grande casa. INACREDITÁVEL! TEMOS O PODER DE DESTRUIR TUDO! Nós somos uns malditos poderosos, e com uma inclinação poderosa para o mau.


Que Deus nos ajude
Chorando e chocado
Wagner

terça-feira, 6 de abril de 2010

Refletindo Sobre Música "Gospel"


Hoje em dia já não cantamos mais como antes. Antigamente cantávamos para espantar os males. Hoje se canta para boi dormir, macaco pular e coruja dançar.

No mundo da música litúrgica o mais preocupante de tudo é exatamente a tanta falta de conteúdo nas letras de nossas atuais canções. Estas lamentavelmente deixaram de ser litúrgicas para se transformarem em mensagens melosas de cunho meramente ‘gospel’ importadas pelos enlatados do já conhecido nosso ‘Cavalo de Tróia’ americanizado via neopentecostalismo fundamentalista.

Quando se falam de música ‘gospel’ é bom distinguirmos estas que circulam entre nós daquele verdadeiro mundo gospel tão caracterizado pelos sonhos de libertação dos negros americanos, muitos até em sua maioria vítimas diretas da Ku Klus Klan, ou pelos cânticos e lamentos dos jamaicanos através da música Reagge.

Estas canções falam de sonhos, lutas e conquistas de um povo que quer a verdadeira liberdade em suas celebrações em prol da Vida e do Reino a partir do verdadeiro messianismo judaico. Mas, o gospel que circula entre nós não tem nenhum conteúdo libertador, pois sua função é antes de tudo anestesiar a realidade, alienar os adeptos deste tipo de música, enfim, torná-los fanáticos, fundamentalistas uniformizados.

Na verdade este tipo de música não é nenhum louvor de agradável odor ao Deus da Vida, pois o mesmo em si distrai a vida para a pseudocontemplação daquela fé meramente do tipo “bolha de sabão”.

Cada comunidade deveria rever o conteúdo das letras de suas canções, para preparar bem as mesas dominicais, diante dos novos sinais dos tempos. As nossas canções litúrgicas dominicais devem nos animar para enfrentarmos os desafios do cotidiano neste tão complexo mundo urbano. Fugir da realidade com canções fora de nossa realidade eclesial é infantilizar o nosso Povo de Deus, é colocá-los fragmentalizados diante dos desafios que a cidade grande nos inquieta.

A nossa música tem que ser o veículo de uma autêntica evangelização integral e não de uma divagação para o nosso péssimo ritmo existencial. Temos que urgentemente ajudar a nossos colaboradores da música religiosa a apreciarem uma boa e profunda música. E, esta mesma música deve nos ajudar a descobrir o verdadeiro sentido de nossas vidas pessoais, familiares, comunitárias e sociais, abrindo-nos os horizontes da realidade que nos cerca.

A nossa música deve nos ajudar a redescobrir aquelas já aqui mencionadas tarefas propostas pelo verdadeiro Espírito do Ressuscitado. E como já se sabe, Ele sopra onde quer, porém, seu Sopro nos chama a conversão para que verdadeiramente possamos assumir a sua missão e certeza de está sempre entre nós.

Vamos então retomá-las só que agora, num tom mais afinado:

A primeira tarefa que a música deve nos ajudar a recordar é que o Espírito do Ressuscitado nos dá a coragem e a perseverança necessária para enfrentarmos os desafios da vida no seu devido ritmo do dia-a-dia.

A segunda tarefa que a verdadeira música litúrgica deveria nos propor é aquela que nos ajude a recordar a Palavra do Ressuscitado, para sabermos no Espírito de fato misturar as páginas da nossa Bíblia com aquelas tão caras da nossa vida.

A terceira tarefa que a nossa música deve ter então aqui é aquela de nos ajudar a redescobrir o espírito da comunhão, da vida comunitária, social, familiar, do diálogo, da acolhida inter-religiosa, do outro diferenciado, na partilha da mesma mesa que nos é comum. A música litúrgica tem que nos ajudar a cantar com a Palavra, a tocar na Palavra, A ler musicalmente a Palavra de fé na vida, a rezar com a Palavra, a louvar de fato, a meditar, contemplar e vivenciar esta mesma Palavra. Não é à toa que se cantavam nos anos 70: “Palavra não foi feita para dividir ninguém, Palavra é a força aonde o amor vai e vem...” A boa música é aquela que nos ajuda a orar uma, duas ou mais vezes... Uma coisa é canção ‘libertadora’, outra coisa é canção ‘dominadora’ feita para boi dormir, macaco pular, coruja piar e hiena sorrir... Gente! Vamos acordar, e, colocar os nossos pés no chão!

A quarta tarefa é aquela de recordar o Discernimento do Espírito. O cristão é manso como as pombas e prudente como as serpentes! Ele é sal e luz num mundo que jaz nas trevas, ele é o tempero da vida por excelência! Por isso sua colaboração no processo da evangelização deve ajudar o outro a ter senso crítico, diante da realidade que o cerca. Por isso, é importante novamente enfatizar: “Uma coisa é tocar no culto, outra coisa é tocar o culto!”. Quem sabe tocar o culto, sabe tocar a comunidade para o avançar do mistério. Ali, a comunidade num tom maior reassume o seu compromisso batismal. Precisamos tocar o culto, para tocarmos na realidade, na fé autêntica e na vida sofrida deste nosso povo tão sedento de coisas profundas, de coisas autênticas, canções fazedoras da Paz, do Caminho, da Verdade e da Vida, que nos é comum na Mesa do Senhor.

Teologia da Mesa
Damasceno Penna

Sinceramente,
Que o Eterno nos ajude

Wagner

O Deus Idolatrado





O segundo dos dez mandamentos proíbe a fabricação de ídolos e imagens de qualquer coisa no céu, na terra e embaixo da terra. A proibição inclui o próprio Deus. A inteligência do mandamento diz que qualquer tentativa de reduzir Deus a uma imagem implica transformá-lo em um ídolo. Deste pecado, entretanto, muitos cristãos são réus de juízo. Senão observe:

#1 Deus é transformado em ídolo quando ocupa o imaginário das pessoas como o mais poderosos dentre todos os deuses. O monoteísmo afirma que existe apenas um Deus, e não que Deus é o deus mais poderoso. O primeiro mandamento, “não terás outros deuses”, não é uma proibição à adoração de outros deuses, mas uma afirmação de que não existem outros deuses. Na verdade, os outros deuses são fabricação da mente humana, isto é, ídolos. Toda vez que Deus é comparado com “outros deuses”, mesmo para que seja destacado como o maior e melhor, ele foi reduzido à categoria de ídolo. Deus é único.

#2 Deus é transformado em ídolo quando é confinado aos limites de imagens, locais, pessoas, ritos, símbolos, seres, ou qualquer outra coisa que dê a Ele uma medida, pois Deus é o Ser-Em-Si, não sujeito a tempo, espaço e modo. Deus é Espírito.

#3 Deus é transformado em ídolo quando se pretende que o relacionamento com ele seja destituído de quaisquer implicações morais, pois isso equivale a atribuir a Deus uma categoria de neutralidade, e, portanto, despersonaliza-lo. Deus é Espírito Pessoal.

#4 Deus é transformado em ídolo quando o relacionamento com Ele é fundamentado em relações de mérito e demérito, pois nesse caso o fator determinante do relacionamento é o humano, que faz por merecer ou deixa de merecer, isto é, Deus apenas reage. Deus é gratuidade.

#5 Deus é transformado em ídolo quando o relacionamento com Ele é fundamentado em relações de causa e efeito, pois isso implica confinar Deus às regras de um mecanismo que pode ser ativado ou desativado, e nesse caso se pretende manipular Deus através a descoberta dos botões que o fazem funcionar. Deus é incondicionado.

#6 Deus é transformado em ídolo quando as expectativas que se têm a respeito dele geram ao redor de questões meramente circunstâncias, pois o reino de Deus não é comida nem bebida, isto é, não está circunscrito às questões efêmeras e materiais. Deus é Eterno.

#7 Deus é transformado em ídolo quando é submetido à obrigatoriedades determinadas pela conveniência humana, pois Deus deixa de ser um fim em si mesmo e é transformado em meio para um fim maior. Deus é soberano.

#8 Deus é transformado em ídolo quando em seu nome se faz exigência de sacrifícios humanos, pois Deus não se alimenta de vidas humanas, sendo Ele mesmo o doador e mantenedor da vida. Deus é amor.

#9 Deus é transformado em ídolo quando é submetido a qualquer regra de qualquer ordem. Deus é incontrolável.

#10 Deus é transformado em ídolo quando se torna objeto de discussão, em detrimento de objeto de devoção e paixão, o que pode acontecer inclusive em relação a este texto que fica dizendo que Deus é isso e aquilo. Deus é indiscutível.


publicado por Ed René Kivitz

Muuuuito bom
Wagner