quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mate as Imagens e Deus Aparecerá


MATE AS IMAGENS E DEUS APARECERÁ


Nossa época se caracteriza por uma suspeita geral contra todos os discursos que tentam traduzir o definitivamente importante e o radicalmente decisivo da vida humana. A critica colocou em xeque todas as nossas idéias sobre Deus.


Pela secularização, pela demitologização, pela tentativa de tradução secular dos conceitos religiosos, pelo esforço do desmascaramento da função ideológica assumida pelas religiões, a fim de justificar o status quo social ou preservar, nos países mantidos no subdesenvolvimento, um tipo de sociedade injusta e discriminatória da urgência da revolução; ganhou corpo também na crítica às Igrejas carismáticas e populares que obedecem a lógica do mercado e veiculam uma religião mas como entretenimento que apelo à conversão e à interiorização.

Não superamos a crise das imagens de Deus criando novas e, pretensamente, mais adequadas ao espírito do tempo. Isso apenas perpetua a crise porque, ingenuamente, se assume aquela estrutura geradora de imagens de Deus que a crise precisamente quer questionar.

Essa estrutura é a vontade de sempre procurar imagens melhores sem sair dessa lógica de substituição de umas imagens por outras. Não devemos identificar aquela originária que esta aquém e além das imagens, força que nos coloca no encontro vivo com Deus.

Quanto mais conhecemos de Deus, tanto mais permanece mistério no conhecimento. Porque isso? Porque Deus é sempre maior. Dizia admiravelmente Santo Agostinho: ‘’Por mais altos que sejam os pensamentos, Deus está ainda para além. Se compreendeste, não é Deus, mas apenas uma representação de Deus. Se tens a impressão de te-lo quase compreendido, então foste enganado por tua própria reflexão”.

Deus é absolutamente transcendente a todas as coisas existentes e possíveis. Isso quer dizer: ele ultrapassa todos os limites e vai além de qualquer horizonte real e possível.Tudo que temos são apenas representações.As pessoas falam de Deus com tanto conhecimento (absoluto e inquestionável), que Deus quase deixa de ser Deus.

Pense nisso

Leonardo Boff
Experimentar Deus

Wagner

8 comentários:

  1. Paul Tilich já dizia que Deus esta para além deus, ou seja, qualquer construção teológica de deus, não passará disto, de uma teologia idealizada, pensada e crida, mas não será Deus mesmo.



    Acredito que o grande erro não esta propriamente nas IDEIAS que desenvolvemos sobre Deus, mas sim, na arrogância de se achar que a nossa teologia é a única verdade sobre Deus, fazendo dos conceitos sobre Deus um ídolo que não é, e nem pode ser Deus mesmo, pois Deus não cabe, e, extrapola os limites de toda e qualquer teologia.


    As idéias sobre Deus não muda quem de fato Deus é, e, continuará sendo, pois sempre foi quem de fato Ele é não deixando de ser.
    Mas as idéias que temos sobre Deus, nos muda, e, por isso devemos nos preocupar, pois como bem disse Angelus Silesius: “O olho pelo qual Deus me vê é o mesmo olho através do qual eu vejo Deus”.


    Então eu chego a triste, mas verdadeira constatação de que:

    Nada revelou ou poderá revelar o Ser de Deus completamente, pois mesmo as pretensas revelações bíblicas, não passaram de revelações humanas de suas experiências vividas com o deus de suas psiques.


    Resta-nos fazer o nosso caminho, construindo a parti das nossas experiências com o divino, a nossa compreensão, sem ter a pretensão de que nossa “verdade” tenha que ser “verdade” para o outro, pois assim como nós, cada um terá a sua própria experiência com o divino.


    Sendo Deus de fato, e, só podendo ser, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de Marcio, Eduardo, Gresder e Wagner, pois cada ser singular terá a sua singularidade de experiência e dentro disto e a parti disto, construirá sua própria percepção de Deus, não tendo e não sendo a inútil pretensão de Ser o Deus mesmo.

    Abraços

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  2. Por outro lado, se deus é inteiramente transcedente por que precisamos de qualquer imagem dele?

    Se não podemos falar de deus por ele ser inacessível, por que ainda precisamos de qualquer teologia?

    Se é verdade que não se resolve a crise da imagem criando novas imagens, por que as imagens já feitas ainda podem ser relevantes?

    E como poderá ser relevante qualquer tentativa de falar de deus?

    A solução seria então uma teológia sem deus? um tipo de budismo cristão?

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  3. Marcio
    Você disse:

    Resta-nos fazer o nosso caminho, construindo a parti das nossas experiências com o divino, a nossa compreensão, sem ter a pretensão de que nossa “verdade” tenha que ser “verdade” para o outro, pois assim como nós, cada um terá a sua própria experiência com o divino.

    Sendo Deus de fato, e, só podendo ser, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de Marcio, Eduardo, Gresder e Wagner, pois cada ser singular terá a sua singularidade de experiência e dentro disto e a parti disto, construirá sua própria percepção de Deus, não tendo e não sendo a inútil pretensão de Ser o Deus mesmo.

    Viva isso que você escreveu. Só uma observação: Para você é Deus mesmo, porque é a tua experiência.

    Um abraço

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  4. Edu,
    Você parece que está na gaiola!

    Se nós afirmamos que existe a possibilidade de transcender em outras expressões religiosas, devemos também reconhecer e respeitar a relevância das imagens na fé das pessoas.
    Exemplo: Na imagem de Maria, ela é vivificada na crença popular.

    As imagens não revelam Deus, mas se faz palpável e verdadeira no encontro de cada um.

    Só a graça

    Um abraço

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  5. Heeeeeee, estás saindo do sério com minhas "idas e vindas"?? ehhhhhhhh como dizia o chacrinha, eu estou aqui para confundir e não para explicar!

    Eu só pensei o seguinte:

    O Boff diz que as imagens de deus estão em crise. E realmente estão. E que não se resolve a crise, criando novas imagens que substitua as anteriores, porque na verdade, será sempre imagem e não, deus mesmo.

    Tá certo.

    Mas quem pode afirmar que deus é transcendente? se não podemos compreendê-lo, porque dizemos que ele é isso ou é aquilo?? Se as imagens que já estão construídas estão em crise, o que fazer?

    Criar novas imagens não resolve, realmente. Ficar com as velhas imagens também não.

    então...??

    Boff diz

    "Não devemos identificar aquela originária que esta aquém e além das imagens, força que nos coloca no encontro vivo com Deus."

    E "não devemos" ou "devemos"??

    A originária, realmente está para além de qualquer imagem. Mas no fim, parece que a imagen é necessária. é preciso "construir deus" para cada situação. Não foi assim no AT?

    Para mim, deus não é nada. É apenas uma impressão em minha consciência. Tudo que for feito a partir daí, é imagem, é construção.

    E se todas as imagens produzem crise, como resolver a crise?

    Na experiência subjetiva de cada um, como você disse: o deus do Márcio, o deus do wagner, o deus do gresder...

    Mas nós mesmos, já tivemos o deus de Abraão como o nosso deus. Mas aí vem a crise...

    Então, de deus não posso dizer nada que não seja construção. Por isso, deus para mim agora, é o nada absoluto. O inominável. Se eu dizer que ele é, ele já não é, visto que nada do que eu diga ele deve ser.

    Mas eu respeito as imagens que as religiões usam de deus. Respeito, leio e reflito sobre as imagens do deus do At e do NT, pois creio que apesar de fracas, insuficientes e construídas, foram feitas em momentos históricos de grande comoção e de experiências viscerais dos profetas!

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  6. Quem disse que Deus é transcendente foi o Boff e eu concordo com ele. Você já respondeu a uma outra postagem, que você crê assim.
    Agora se você não consegue interpretar o que estou dizendo?
    Tudo é construção, mas o divino se utiliza dessas coisas para promover o encontro,e por ser um encontro, podemos ter outros (experiências) em qualquer outro momento; teremos outras impressões do divino que serão só nossas.

    um abraço

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  7. Pois é, dizer que deus é transcedente pode ser bem razoável...mas é uma "imagem". Mas não esquece amigo, que o que eu "creio" hoje, posso não crer amanhã...Minha fé está sempre em construção. Isso às vezes me deixa "louco", mas não sei viver mais com certezas absolutas nessa questão.

    No mais, estamos de pleno acordo. É nas construções que o divino nos acha e nos proporciona experiências vitais de fé e comtemplação.

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  8. Pois é, foi o que eu disse no último comentário usando outras palavras. Pelo menos nisso estamos de acordo.

    Um abraço

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