sábado, 31 de outubro de 2009

Charles Haddon Spurgeon



Charles Haddon Spurgeon




Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.
Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela? .Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. (Mc 16.15) . isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: .E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho., assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: .Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires.
Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? .Vós sois o sal., não o .docinho., algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: .Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade!
Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: .Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira! . Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: .Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!. Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos. Depois que Pedro e João foram encarcerados por pregarem o evangelho, a igreja se reuniu para orar, mas não suplicaram: .Senhor, concede aos teus servos que, por meio do prudente e discriminado uso da recreação legítima, mostremos a essas pessoas quão felizes nós somos.. Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles .transtornaram o mundo.. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos.
Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.
Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.

Fonte: Editora Fiel

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Aprender do Sofrimento



Aprender do sofrimento


O sofrimento é a grande escola do aprendizado humano. Contém verdade, a frase atribuída a Hegel:”o ser humano aprende da história que não aprende nada da história, mas aprende tudo do sofrimento”. Prefiro a formulação de Santo Agostinho em suas Confissões:” o ser humano aprende do sofrimento mas muito mais do amor”. O amor fati (o amor à realidade crua e nua) dos antigos e retomado por Freud se impõe nos dias atuais em que a humanidade se vê assolada por grave crise de sentido, subjacente à crise econômico-financeira. Devemos reaprender a amar de forma desinteressada e incondicional a Terra, todos os seres, especialmente os humanos, os que sofrem, respeitá-los em sua diferença e em suas limitações. O amor é uma força cósmica que “move o céu e as estrelas” no dizer de Dante. Só quem ama, transforma e cria. Os grandes se reúnem, estão confusos e não sabem exatamente o que fazer. É que amam mais o dinheiro que a vida. Se amor houvesse, aprovariam o que está sendo proposto: uma “Declaração Universal do Bem Comum da Humanidade”, base para uma “Nova Ordem Global e Multilateral” contemplando toda a humanidade, a Terra incluída. Mas não. Perplexos, preferem repetir fundamentalmente, as fórmulas que não deram certo. Caberia, entretanto, perguntar: que capacidade possuem 20 governos de decidir em nome de 172? Onde estão os títulos de sua legitimidade? Apenas porque são os mais fortes? Mesmo assim vejo que se podem tirar algumas lições, úteis para as próximas crises que estão se anunciando. A primeira dela é que os governantes, para além de suas diferenças, podem se unir face a um perigo global. Mesmo que suas soluções não representem uma saída sustentável da crise, o fato de estarem juntos é significativo, pois dentro de pouco enfrentaremos uma crise muito pior: da insustentabilidade da Terra e dos efeitos perversos do aquecimento global. Este trará consigo a crise da água e da insegurança alimentar de milhões e milhões de pessoas. Tal situação forçará uma união dos povos e dos governos, maior do que essa dos G-20 em Londres, caso queiram sobreviver. Se grande será o perigo, maior será a chance de salvação, dizia um poeta alemão, mas desde que ocorra esta união. A solução virá somente de uma política mundial assentada na cooperação, na solidariedade, na responsabilidade global e no cuidado para com a Terra viva. A segunda lição é que não podemos mais prolongar o fundamentalismo do mercado, o pensamento único que arrogantemente anunciava não haver alternativas à ordem vigente, como se a história tivesse sido engessada a seu favor e destruído o princípio esperança. Nem podemos mais confiar na mera razão funcional, desvinculada da razão sensível e cordial, base do mundo das excelências e dos valores infinitos (Milton Santos, nosso grande geógrafo) como o amor, a cooperação, o respeito, a justiça e outros. Desta vez, ou elaboramos uma alternativa, vale dizer, um novo paradigma civilizatório, com outro modo de produção, respeitador dos ritmos da natureza e um novo padrão de consumo solidário e frugal ou então teremos que aceitar o risco do desaparecimento de nossa espécie e de uma grave lesão da biosfera. A Terra pode continuar sem nós. Nós não podemos viver sem a Terra. A terceira lição é constatar que a economia, feita eixo estruturador de toda a vida social, se torna hostil à vida e ao desenvolvimento integral dos povos. Ela deve ser reconduzida à sua verdadeira natureza, a de garantir a base material para a vida e para a sociedade. Vivemos tempos de grandes decisões que representam rupturas instauradores do novo. Bem notava Keynes:”a dificuldade não estriba tanto na formulação de novas idéias mas no sacudir as velhas”. As velhas se desmoralizaram. Só nos resta confiar nas novas. Nelas está um futuro melhor.


Leonardo Boff é autor de “Ecologia, Mundialização e Espiritualidade” pela Record, Rio de Janeiro.

domingo, 25 de outubro de 2009

Senhor, Obrigado Pelo Herege!


Elienai Cabral Junior - SENHOR, OBRIGADO PELO HEREGE!


Minha admiração pelos hereges é indisfarçável. Eles mexem com os meus desejos mais escondidos. São capazes de me sensibilizar mais que quaisquer outros. Falam a minha alma. Adrenalizam meus pensamentos. Suas déias desconcertantes é que me fazem continuar vivo. Eu confesso, preciso de suas heresias como da endorfina espalhada pelo meu corpo ao fim de cada corrida. Como um prazer vital. A estética da alma. A cada exercício fico suado e mais feliz. A cada heresia, desestabilizado e mais humano.
Mas antes que minha declaração de amor e gratidão aos hereges seja confundida com um delírio, preciso expor meus motivos e compreensões. Estou certo de que ganharei sua companhia em meus afetos.
Heresia é uma escolha e essa é a sua gravidade. A conceituação não é aleatória. A palavra grega para a ‘heresia’ que conhecemos é /haíresis/, seu significado literal é ‘escolha’. Heresia é como chamamos algo que não deveria ser escolhido como algo a dizer. Herege é o que faz a escolha que, mesmo podendo ser feita, não deveria.
Mas heresia nunca é um nome que quem nela incorre se dá. É uma palavra que apenas se encontra na boca de quem se sente contrariado, nunca na boca de quem contraria. Herege não é como quer se sentir quem discorda de um pensamento. Herege é como quem sofre a oposição de idéias precisa que se sinta quem ousa fazê-lo. Porque a escolha feita por quem sofre a sentença de que é um herege é a escolha de não se submeter à hegemonia representada por quem pode assim sentenciar. Portanto, heresia não é uma questão sobre a verdade das coisas. Mas sobre quem manda de verdade.
Rubem Alves fala dos fortes e dos fracos como uma relação marcada pela heresia. “A heresia é a voz dos fracos. Do ponto de vista dos sacerdotes, os profetas sempre foram hereges. Do ponto de vista dos fariseus e escribas, Jesus foi também herege. E, como as Escrituras sistematicamente se situam ao lado dos fracos contra os fortes, é melhor dar mais atenção às heresias do que às ortodoxias. É preciso situar a heresia, portanto, nas relações de poder. Quem levanta a suspeita de heresia não é quem está ingenuamente interessado na verdade, mas quem precisa se livrar de alguém que ameaça sua condição de dono da razão. O herege assalta o que se sente no direito de ter a última palavra.
Quem se sente com a última palavra é aquele que pratica o poder mais que o pensamento. Quem pratica o poder busca sempre se afirmar em detrimento do outro, do diferente. É preciso esvaziar de valor aquele que ameaça sua condição de superioridade.
Declarar que alguém é um herege é bem mais que dizer que ele discorda de suas idéias. Mas é fazer convergir sobre ele toda a violência acumulada em uma sociedade por seus medos, culpas, inadequações, acidentes, injustiças, frustrações. O herege é como o “bode expiatório” de René Girard. Alguém sobre quem incide a violência de todos em um acordo social silencioso, em uma compensação inconsciente. Como aconteceu na tradição cristã com a personagem Judas Escariotes, aquele que traiu. Todos vacilaram e negaram fidelidade a Jesus, mas apenas Judas encarnou, no imaginário coletivo, o mal da humanidade. Como as bruxas na Idade Média, responsabilizadas por todas as desventuras de uma sociedade, eliminá-las era livrar-se do próprio mal humano.
Com o herege parece ser repetida a mesma mística coletiva e inconsciente. Ele é o culpado pela instabilidade da vida. Declará-lo herege é eliminá-lo de sua influência no destino de uma comunidade, como quem se livra do próprio mal da humanidade. Em uma sociedade ocidental do século XXI a fogueira tornou-se simbólica, mas não menos violenta. Destruído em sua integridade, o herege tem sua humanidade apagada. Suas palavras são pulverizadas e perdem o poder legítimo de interação.
Alguém sob a suspeita de heresia é sempre ouvido por todos com pedras nas mãos. Como nas cenas freqüentes dos evangelhos, quando os religiosos acusavam Jesus de blasfemar contra Deus ao se afirmar como um ser que sua religião não concebia: Filho de Deus. Em suas mãos, registra bem o detalhe quem narra, já estavam as pedras preparadas para serem desferidas em punição contra o blasfemo. O herege é alguém cujas idéias são ouvidas com as pedras nas mãos.
Há quatro palavras que precisam se associar para uma melhor compreensão do fenômeno herege. Instituição, ortodoxia, contingência e heresia.A instituição é via de mão única para um ser finito não entrar em inércia. Ninguém segue em frente em nenhum projeto ou relação sem institucionalizar. Ninguém precisa parar e organizar friamente uma instituição para que ela surja. Basta seguir em frente no desenvolvimento natural de qualquer projeto ou relação. Porque instituir é estabelecer a memória de uma viagem feita em comum com outros viajantes. Esta memória é constituída pelos hábitos, critérios, compromissos, regras, objetivos e teorias confeccionados ao longo do caminho. Eles são o mapa do caminho que já se fez e o que ainda precisa ser feito. Sem esses valores nos transformamos em Sísifos, cujos trabalhos nunca se concluem. Sísifo foi o deus da mitologia grega conhecido por sua esperteza. Por várias vezes conseguiu enganar /Tanatos /e /Hades/, deuses da morte e dos mortos. Ao morrer de velhice, Sísifo foi condenado a rolar montanha acima uma pedra de mármore. Cada vez que se aproximava do topo a pedra rolava montanha abaixo de novo com uma força insuperável, obrigando a começar de novo sem nunca terminar a tarefa.
Uma instituição é assim. Uma igreja, para falar mais de perto, precisa de uma programação a ser cumprida como uma agenda sagrada. São seus cultos. De uma linguagem que expresse suas crenças nos cultos. É a sua liturgia. De um conteúdo que responda aos seus questionamentos. É a sua pregação. De idéias que solidifiquem sua fé. São seus dogmas. De pessoas que zelem por seus valores. É a sua hierarquia. É a memória que se cria ao longo de um caminho de fé compartilhado. Esta memória é que dará condição de sustentar um projeto com o passar do tempo, conquistando a confiança daqueles que a ele aderem e que anseiam por estabilidade. Esta adesão em busca de estabilidade é que autoriza a instituição.
A autoridade de uma instituição é o modo como é mistificada. A instituição, seja ela casamento, igreja, estado, partido político, agremiação, clube, faz o discurso, sempre e necessariamente, convincente de que é a resposta mais confiável para satisfazer determinadas necessidades ou aspirações. É a resposta persuasiva de que veio para ficar de tão pertinente. O que a torna, então, um valor que precisa ser religiosamente perpetuado, com o risco de se desperdiçar algo essencial para a vida. Não demoram tanto, muitos estarão persuadidos sobre sua hegemonia: ela é a melhor resposta. Sua perpetuidade: parece que sempre foi assim e, portanto, não deve ser de outro jeito. Sua heteronomia (uma regra que vem de outro): um deus a determinou, logo, é sagrada. Sua intocabilidade: opor-se a ela é quebrar um ciclo sagrado e, por isso, provocar a ira dos deuses, ou de Deus.
Mas curiosamente, a força que a torna necessária, a princípio, é a mesma que a fará questionável, depois. A contingência. Essa é a dinâmica da vida, sua “irresistível leveza de ser”, como no romance de Milan Kundera. A vida é fluida demais para ser emoldurada por uma instituição. O que hoje é, amanhã não mais será. Lulu Santos e Nelson Mota compuseram uma das mais belas canções que conheço: “Como uma onda no mar”, nela os poetas retratam a fluidez da vida. Uma de suas estrofes diz: “Tudo o que se vê não é/ Igual ao que a gente viu a um segundo/ Tudo muda o tempo todo no mundo/ Não adianta fugir/ nem mentir pra si mesmo agora/ Há tanta vida lá fora/ Aqui dentro sempre/ Como uma onda no mar!” A vida não se repete. É inédita, imprevisível e incontrolável. As necessidades que geraram determinada instituição e suas respostas ou deixam de existir ou mudam. Tornam-se mais complexas ou sem importância diante das outras e novas necessidades. Se mudam as necessidades, ou se deixam de existir para existirem outras, mudam também as perguntas ou novas questões se impõem. É nessa dinâmica que surgem os hereges, “como uma onda no mar”. Como aqueles que ousam sugerir as novas respostas para as perguntas que ninguém quer ouvir. Quebram o encanto da estabilidade falando do que não estava previsto ou do que não era plausível dentro das teorias da instituição.
O herege é um desritmado. Todos dançam na mística do que está instituído, em seu único ritmo. O herege por razões várias sai do ritmo. Viveu uma crise, divagou em um insight, sentiu-se entediado e insatisfeito, intuiu variações possíveis. Qualquer ou quaisquer coisas que quebrem a seqüência e a unanimidade podem fazê-lo perceber o diferente. Ao sair do ritmo descobre uma nova possibilidade de dançar no mesmo salão. Descobre o improviso e o contratempo. Percebe que é possível, faz sentido e é bom ser diferente.
Thomas Kuhn chama o fenômeno que inicia a quebra de um paradigma de anomalia, um fator não explicado satisfatoriamente pela Ciência Normal. Até que um cientista, desprovido de muitas explicações, movido mais por intuição que por certeza, arrisca uma outra e heterodoxa explicação. Logo terá em torno de si outros cientistas que também trabalharão com o candidato a novo paradigma até que ele venha a se tornar a Ciência Normal. O herege é como o cientista que, diante do acúmulo de perguntas não respondidas, destoa arriscadamente do modo como se vinha fazendo e explicando as coisas.
Mas há ainda outra palavra a ser associada para a compreensão do fenômeno herege, a ortodoxia. Ela é o discurso a serviço da instituição. Tem o seu bom valor em seu tempo real. Em determinadas condições aquelas respostas eram boas o bastante para serem levadas a sério e às últimas conseqüências. Ninguém constrói uma crença sem acreditar que ela faz sentido, que precisa ser ampliada e deve ganhar a coerência interna de seus argumentos. Tanto quanto é relevante o bastante para ser objeto de persuasão do maior número de pessoas. Mas o grande problema da ortodoxia não é ela mesma e sim os ortodoxos.
Os ortodoxos são aqueles que atrelam ao discurso da ortodoxia seus valores pessoais. Um discurso feito sempre se confunde com o valor próprio de quem o publica. Quem doutrina sente a necessidade de perpetuar o pensamento ora defendido como quem salva a própria pele. São os ortodoxos que por auto-afirmação precisam sustentar a hegemonia de um pensamento: uma ortodoxia. A perpetuação de uma doutrina a todo custo é sempre auto-perpetuação. Os estudiosos da psicologia interativa tratam da relação da fala com as paixões ideológicas. Uma vez que alguém se pronuncie a favor de determinada posição tende a associá-la a seu valor pessoal e, em defesa deste valor, lutar incansavelmente. Por isso o engajamento e a passionalidade. Certamente é por essa razão que quando alguém discorda de uma ortodoxia sofre uma reação tão violenta dos ortodoxos. Porque feriu sua própria carne.
Sem os ortodoxos a ortodoxia seguiria seu curso finito e natural: a morte. Mas como a morte de uma ortodoxia é o fim dos valores de um ortodoxo e de sua auto-perpetuação, é preciso impedi-la como quem luta contra a própria morte.
Com o desenvolvimento das novas tecnologias na medicina, passamos a conviver com mais uma difícil ambigüidade. Algumas pessoas, ao fim anunciado de suas vidas, que já deram sinais de extrema debilidade física e, às vezes, de morte ‘existencial’, porque já não mais respondem às conversas, nem demonstram qualquer afetação emocional, mas estão tecnicamente vivas, sobrevivem mecanicamente. São assim mantidas pelo enorme recurso tecnológico da ciência médica, com os antibióticos cada vez mais potentes, os aparelhos que substituem o funcionamento de órgãos vitais e o monitoramento fino que rastreia qualquer aproximação da morte. É a morte adiada. A complexidade está em definir até que ponto se pode manter um corpo vivo artificialmente sem o comprometimento ético da vida. Afinal de contas somos seres finitos e a morte é o destino natural de todos. Fico sempre com a sensação de que se macula a dignidade de quem precisa se despedir com naturalidade da vida, mas é tecnicamente impedido. Decidir por não usar recursos que vão apenas adiar a morte e protelar uma vida vegetativa, já tão bem anunciada, é muito difícil. Mas pode ser uma alternativa mais digna e, por que não, mais reverente à vida. Sei que o assunto é mais complexo do que minha intenção de que apenas sirva como ilustração.
A ortodoxia parece seguir a mesma terrível ambigüidade. Já não responde mais ao seu tempo como outrora. Tem aporias diversas em seu interior que comprometem sua pertinência. Não se comunica mais com as pessoas ao seu redor. Mas é mantida viva pela mística da instituição e o monitoramento zeloso dos ortodoxos. A ortodoxia morre existencialmente, asfixia quem a ela está sujeito, combate com altas doses de apologia seus oponentes, mantém com culpa muitos ao redor de si e impede que a vida prossiga com a fluidez que a torna tão surpreendente e bela.
A heresia é a reverência à vida quando se escolhe não adiar a morte de uma ortodoxia. São as línguas confundidas do mito da Torre de Babel na Bíblia. Desaba a torre com suas pretensões de poder eterno, mas a vida se espalha sobre a terra em sua rica diversidade. A confusão da linguagem libertou a humanidade da escravidão da ortodoxia. E no mito babélico, Deus é o grande herege: /“Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que não mais se entendam uns aos outros. (...)Deu-se-lhe por isso o nome de Babel, pois foi lá que Iahweh confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra e foi lá que ele os dispersou sobre toda a face da terra.Mas não foi a primeira e a única vez que Deus agiu hereticamente ou se colocou ao lado dos hereges. A história dos profetas confirma a sacralidade das heresias. Chama à atenção a profecia de Jeremias. Enquanto grassa entre o povo a idéia otimista de que tudo estava bem e que o futuro seria de paz e prosperidade, Jeremias contrapõe. Denuncia as ruínas da nação dos judeus e anuncia a tragédia que bate a porta.Todos se revoltam, alguém feriu a ortodoxia de uma ilusão. O profeta herege é lançado ao calabouço para que a sua voz não fale o que todos não aceitam que se diga. Somente depois, tudo o que o profeta-herege vaticinou fez sentido na mente de todos. Sem sua heresia, sequer haveria lucidez e aprendizado no meio da destruição da nação. Mas essa história é a história freqüente dos profetas, razão porque Deus se queixou do modo como o povo perseguia os profetas.
Mas a maior e redentora heresia de todos os tempos foi a encarnação de Deus. Deus feito gente, Cristo Jesus. Sua relação com a ortodoxia de então foi de profunda tensão: /“ele veio para o que era seu e os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crêem em seu nome.”Jesus não foi o que a ortodoxia de sua religião e cultura determinava que fosse, uma reafirmação sobrenatural e violenta do judaísmo frente ao poder ultrajante dos romanos. Ele foi uma negação pacífica e radicalmente humana da pretensão sempre perversa de qualquer tipo de dominação sobre quem quer seja.
Não foi pela prática da força que Jesus anunciou a chegada do Reino de Deus. Ele escolheu praticar a fraqueza em uma cultura de forças, o amor que amadurece contra o poder que infantiliza. Acolheu a humilhação em uma disputa cujas armas eram a imponência e a ovação popular. Espalhava quando todos queriam aderir. Escondia-se quando todos reivindicavam visibilidade. Pedia silêncio quando os resultados serviam a mais poderosa propaganda. Questionava e afligia as mentes quando muitos pressionavam pelas respostas simplistas e conclusivas. Era agressivo quando o mais politicamente estratégico era a polidez. Era Jesus quando todos esperavam um outro Cristo.
Jesus foi o vinho novo que reivindicou um novo odre, ou um tecido novo em negação aos remendos que apenas adiavam o fim de uma cultura e espiritualidade esgarçadas por suas contradições.
A cruz era a mão mais pesada do poder dominante. A mão forte do Império que só se justificava contra a mais terrível ameaça. Tanta força e violência convergindo sobre alguém tão frágil e suscetível – / "como uma ovelha muda que vai para o matadouro”, que não desejou os tronos instituídos de Roma ou dos judeus, tiveram ação reversa. Refluíram contra os próprios autores, contra os poderosos de Roma e dos Judeus, como uma exibição de sua mesquinhez e tolice. A morte de Jesus foi a vitória da vida contra as forças mórbidas da ortodoxia. O Cristo morto desmascarou o perverso e tolo poder das instituições e ortodoxias sobre a vida e libertou a humanidade de sua tirania. O que parecia um poder inquestionável tornou-se um poder idiotizado.
A ressurreição de Jesus é muito mais que a vingança de Deus contra o mal. A ressurreição é insurreição. É Deus se insurgindo ao nosso lado contra toda e qualquer forma de sentença final sobre a vida humana. Jesus ressuscitando é Deus se insurgindo a favor da vida. Contra todas as forças que pretendem congelar a vida para perpetuar poderosos. A ressurreição é a heresia de Deus contra a ortodoxia da morte.
Por isso, Senhor, obrigado pela heresia.

sábado, 17 de outubro de 2009

Quem Pode Bancar Com a Própria Vida


Quem Pode Bancar Com a Própria Vida


Gálatas 5-19:26
19. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia,
20. a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos,
21. as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.
22. Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade,
23. a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.

O bem, segundo Paulo está em nós, mas não o poder para realiza-lo. Temos a tendência para o mal e com certeza não conseguimos ser imunes ao bem que não fazemos e ao mal instalado em nós, que promove um verdadeiro conflito com o nosso homem interior, que em sendo transformado pelo Senhor, não deseja mais praticar as coisas que são características do velho homem.

Salmo 23-2:4

3. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?
4. Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.

O ser humano e suas emoções são tão relativos, que Asafe em sua composição no Salmo de número 73 e versículo 13 diz: Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração e lavado as minhas mãos na inocência. Ele não era neófito (novo convertido), era um homem que tinha experiências com Deus, e mesmo assim quando muito angustiado, tudo que ele acreditava ficou fragilizado e relativizado.

Estabelecemos juízos sobre as pessoas e nós mesmos não bancamos Galatas 5 e Salmo 23. Todos nós estaríamos de fora do Reino se não fosse a graça de Deus, esse maravilhoso favor que é um bem que nos alcançou e que nos nivela a todos como totalmente dependentes dessa graça, e sabendo que tudo isso, não vem de nós, vem de Deus.
Vou deixar um conselho que não é meu mas de Jesus. "Quem não é contra nós, é por nós"

Pare e Pense
Wagner

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Simplicidade Idiota


Simplicidade idiota

Me admira que pessoas prefiram categorizar a vida de modo tão radical e simplista. Como se fôssemos amebas, limitadas a uma constituição unicelular ridícula e totalmente compreensível. Ignoramos até mesmo as complexidades sentimentais e, por isto, frustramos a outros e a nós mesmos na tentativa de encontrar modelos de conduta verdadeiramente aplicáveis na vida prática.
Tentamos fazer do evangelho uma série de regras em que podemos acertadamente dizer “isto é certo” ou “isto é errado”. Como se a vida dada por Deus pudesse ser reduzida a meros erros e acertos. Como se as complexidades de nosso ser tivessem fugido ao controle do Criador.
Apenas a VERDADE pode nos libertar por que ela revela quem somos e o quanto somos incapazes de encontrar uma auto-redenção. Apenas renunciando até à capacidade de acertar, seremos encontrados aptos a genuinamente vivermos a nova vida em Cristo. Aquele que desistiu de não errar, encontra-se na situação ideal e preferida do Redentor.
Mais do que apenas abandonar as velhas práticas, a fé operosa será caracterizada como aquela que possui seu foco em SER aquilo que Cristo diz que devemos ser. Apenas isto.
Aqueles que insistirem em simplificar os processos, concentrando seus esforços na luta contra as práticas da carne, inevitavelmente se frustrarão. Pois a carne sempre vencerá. Não se pode combater fogo com fogo. Por isso, esta é uma luta perdida.
Pra exterminar o fogo, deve-se primeiramente encontrar uma fonte suficiente de água. Pra um fogo incontrolável, uma fonte inesgotável.
Em cada nuance de nossa miséria, complexidade, sentimentos e angústias; em cada pequeno detalhe, podemos sentir a inspiração do Criador. Em cada gole, em cada respiração. Em cada segundo, a eternidade. Em cada detalhe, o infinito.
Consegue sentar-se com amigos verdadeiros de frente à praia e não sentir-se em casa?Consegue perceber que há amigos recentes que parecem ser velhos conhecidos?Consegue ouvir Coldplay e não sentir Deus?
Será que o evangelho realmente o tornou livre o suficiente para que possa compreender o que estou tentando dizer?


Ariovaldo Jr


Muito Bom
Wagner

domingo, 11 de outubro de 2009

Não Nos Deixemos Dominar Pelo Mal





Não Nos Deixemos Dominar Pelo Mal





O mal geralmente tenta nos seduzir, sempre a partir de uma constante dinâmica sua que provém de seus costumeiros relativismos, “achismos” e outros “ismos”, que foram inventados por ele mesmo, para serem jogados em alguns corações humanos que se fecham à ação da Graça Divina.

A sua grande brecha de acesso ao coração humano se dá muitas vezes, através de um certo uso meramente egoísta de nossa própria liberdade, permitido abusivamente pelo individualismo de cada um de nós. Foi assim no paraíso bíblico e será também sempre em toda a nossa vida. Desde que invertamos esse jogo, abrindo-nos a ação proposta pelo Amor de Deus através da sua própria e gratuita Graça. Pois a Graça como bem sabemos, supõe a natureza para simplesmente aperfeiçoá-la.

Uma coisa é certa, ele em si não tem acesso direto ao nosso fórum íntimo, mas pode muito bem nos enganar, fazendo-nos revelar-lhes os nossos mais profundos anseios e segredos que guardamos no mais íntimo de nós mesmos, e, também, aqueles que de outros, Deus perfeitamente nos confia.
Estes segredos, guardados estão em nós como um verdadeiro tesouro ou pedra de grande valor, na verdade, centralizam sempre aqui em si aquelas intenções mais sublimes e profundas atitudes de nossos corações. “A consciência é o núcleo secretíssimo e o verdadeiro sacrário onde o ser humano está sozinho com Deus e onde ressoa Sua voz”.
Vejam por exemplo, que lá no tal Livro do Gênesis os nossos primeiros pais revelam a serpente exatamente o segredo de quais árvores não poderiam tocar, e, onde estaria o tal fruto proibido.
Aqui eles se deixaram tentar, permitindo assim o então acesso da serpente ao conteúdo de seus fóruns íntimos, quando através dos “achismos” foram se prendendo as certas dúvidas relativas a integração da Fé com a vida. Esta foi na verdade, uma tentação relativista!

É aqui que nascem sempre os tantos dualismos, relativismos e “achismos” dos nossos dias. Tudo é muito relativo! Nos diria a tal serpente. Nada é relativo diríamos nós, a não ser aquela famosa teoria da relatividade de Einstein sobre o tempo, que por sinal tem muita lógica, nos ajudando a entender melhor o tempo da graça na gratuidade do Amor de Deus.

Porém, voltando ao mistério da iniqüidade, se não lhe permitirmos, ele não nos vencerá, ao contrário sairá completamente derrotado, como aconteceu com Jesus no deserto, e, também, em outros momentos importantes de sua magnífica trajetória pela história humana.

É assim que o mal nos faz, nos induz, nos tenta a usar indevidamente este nosso fórum íntimo, principalmente, através da razão que temos, da emoção que sentimos, e do poder que assumimos em nossa única existência e condição tão especial de filhos/as de Deus.

As tentações do materialismo, do sensacionalismo e do poderio opressor, sintetizam em si mesmas, todas estas já costumeiras artimanhas do maligno! Somos então na verdade senhores e senhoras das coisas, co-responsáveis pela Criação, promotores exclusivos da Vida e da Fé, livres e fiéis ao plano do Pai de todos nós, mas, podemos infelizmente correr o tal risco de perder em si o dinamismo da liberdade que nos foi dada, se nos fecharmos para a gratuita ação da graça divina.
Pare e Pense
Wagner

A Fé Que Produz Vida e Testemunho




A Fé que produz vida e testemunho









A fé é entrar em contato com o mistério obscuro, luminoso, tremendo e fascinante de Deus que irrompe na história humana, como o Deus Conosco altíssimo e próximo, o Deus feito homem em Jesus de Nazaré.

A fé é risco, é renúncia a toda segurança palpável, sem privilégio temporal algum. Na linguagem de São João da Cruz, diríamos que a fé é noite escura para o cristão, porém noite vencida pelo clarear da alvorada.

A fé é um compromisso tão sério que condiciona toda a nossa vida, criando um estilo, um critério e um modo de ser e atuar que marcam toda a pessoa em sua realidade e condição pessoal, familiar, social e comunitária.

A fé é um desafio perene, uma perseguição constante e diária para se viver em plena disponibilidade diante de Deus e em abertura fraternal a todo homem que é meu irmão.

A fé em Jesus de Nazaré, Deus feito homem, é fé no próprio homem; é amor ao irmão, seja quem for e como for; é solidariedade humana, especialmente com o mais pobre, oprimido e necessitado. Qualquer outra forma de se entender a fé é fuga, droga alienante, espiritualismo egoísta e míope.
A fé é ser para os demais um ‘sinal’ do Mistério de Deus e de seu Amor transbordante.

A fé é aceitar os planos de Deus sobre nós, como os heroísmos pequenos, ou talvez grandes, da existência vivida cristãmente, ao estilo de Jesus.

A fé é resposta à vocação-chamado de Deus, por Jesus Cristo, para viver e atuar como amigos fiéis que estimam, valorizam e gozam do favor e graça inestimáveis de Deus. Por isso ter fé autêntica é viver numa atitude de conversão contínua e progressiva.

Teologia da Mesa
Damascenno Penna
Muito bom
Wagner

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mas um Pouco Sobre Divórcio



Mais um pouco sobre divórcio


Mesmo na época do Antigo Testamento seria um equívoco falar do divórcio como sendo um direito. Muito embora a prática do divórcio fosse bem conhecida naquela época, não podemos considera-la um direito ou um expediente divinamente aprovado, diz Walter Kaiser. A lei judaica não instituiu o divórcio, ela apenas o tolerava; em virtude da imperfeição da natureza humana, baixou normas para limitá-lo e impedir seu uso abusivo.

O divórcio só é permitido quando o cônjuge infiel recusa-se obstinadamente a interromper a prática da infidelidade conjugal. A consequência desse ensino é que o cônjuge traído pode legitimamente divorciar-se do cônjuge infiel, sem se colocar sob o juízo de Deus. Hendriksem diz que a infidelidade marital é um ataque à própria essência do vínculo matrimonial. Neste caso, o cônjuge que trai, está “separando” o que Deus uniu. Neste caso o cônjuge traído tem o direito de divorciar-se e casar-se novamente.


O cônjuge que não se arrepende da sua infidelidade e permanece no pecado pode ser deixado através do divórcio, embora essa decisão não seja compulsória.
John MacArtur Jr. diz que os únicos fundamentos bíblicos para o divórcio são a infidelidade sexual de um dos cônjuges e o abandono irreversível do cônjuge não crente. Assim, o novo casamento só é permitido para o cônjuge fiel, vítima da infidelidade ou abandono.


Estou ainda tratando da possibilidade de um novo casamento para as pessoas que são repudiadas sem culpa. Para isso, devemos ter cuidado quando lemos Marcos, que não permite a separação em hipótese alguma. Mateus abre a exceção e Paulo também.



Continuaremos!



Casamento, Divórcio e Novo Casamento
Hernandes Dias Lopes

Wagner

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Parábola da Bola




A parábola da bola





Os dez homens importantes sentados ao redor da bola discutiam acaloradamente:– A bola é grená, disse um.– Claro que não, a bola é bordô, retrucou outro em tom raivoso.Todos estavam fascinados pela beleza da bola e tentavam discernir a cor da bola.

Cada um apresentava seu argumento tentando convencer os demais, acreditando que sabia qual era a cor da bola. A bola, no centro da sala, calada sob um raio de sol que entrava pela janela, enchia a sala de uma luminosidade agradável que deixava o ambiente ainda mais aconchegante, exceto para aqueles dez homens importantes, que se ocupavam em defender seus pontos de vista.– Você é cego?, ecoou pela sala gerando um silêncio que parecia ter sido combinado entre os outros nove homens importantes.

Era até engraçado de observar a discussão – na verdade era trágico, mas parecia cômico. Todos os dez homens importantes usavam óculos escuros, cada um com uma lente diferente. Talvez por causa dos óculos pesados que usavam, um deles gritou “você é cego?”, pois pareciam mesmo cegos.Depois do susto, a discussão recomeçou.

O sujeito que acreditava que a bola era cor de vinho debatia com o que enxergava a bola alaranjada, mas um não ouvia o que o outro dizia, pois cada um usava o tempo em que o outro estava falando para pensar em novos argumentos para justificar sua verdade. Aos poucos, a discussão deixou de ser a respeito da cor da bola, e passou a ser uma troca de opiniões e afirmações contundentes a respeito das supostas cores da bola.

A partir de um determinado momento que ninguém saberia dizer ao certo quando, os dez homens tiraram os olhos da bola e passaram a refutar uns ao outros. Em vez de sugestões do tipo: – A bola é vermelha, todos se precipitavam em listar razões porque a bola não era grená, nem cor de vinho, nem mesmo alaranjada.De repente, alguém gritou: – Ei pessoal, onde está a bola? Todos pararam de falar – estavam todos falando ao mesmo tempo, e foi então que perceberam um alarido parecido com aquelas gargalhadas gostosas que as crianças dão quando sentem cócegas. Correram para a janela e viram uma criançada brincando com a bola, que parecia feliz sendo jogada de mão em mão.

Ficaram enfurecidos com tamanho desrespeito com a bola. Ficaram também muito contrariados com a bola, que parecia tão feliz, mas não tiveram coragem de admitir, afinal, a bola, era a bola.Lá fora, sem dar a mínima para os dez homens importantes, estavam as crianças brincando e se divertindo a valer com a bola que os dez homens importantes pensavam que era deles. E nenhuma das crianças sabia qual era a cor da bola.

publicado por Ed René Kivitz

Bom seria se alguns poucos "santos" entendessem.
Wagner

Entre a Liberdade e o Amor


Entre a liberdade e o amor
A parábola do filho pródigo nos coloca diante da tensão existente entre o amor e a liberdade, dois dos maiores anseios do coração humano.
O filho mais novo queria a liberdade; o mais velho, ser amado.

A tensão se explica pela aparente contradição na experiência da liberdade e do amor. O senso comum define a liberdade como a não sujeição do eu ou do ego a qualquer realidade limitadora ou impeditiva da realização de desejos e vontades.

Livre é quem faz o que quer, quando quer, onde quer, com quer, porque quer, e assim por diante. O amor, por sua vez, é compreendido pela entrega do eu ou do ego ao objeto amado, o que implica renúncia, abnegação, e até mesmo sacrifício.

Quem ama valoriza mais o relacionamento com o ser amado do que a realização de suas vontades e desejos. Isto é, amar é abrir mão da liberdade.

O mesmo Jesus que disse ser a fonte da liberdade: “se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36), exige que seus seguidores morram para si mesmos: “se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo” (Mateus 16.24).

Nesse sentido, a liberdade não é compatível com o amor, pois o amor não é compatível com o egoísmo-egocentrismo.A pretensão humana de liberdade conforme descrita é ilusória, pois é fato que a liberdade humana não é absoluta: ninguém consegue fazer o que quer, onde quer, como quer... A realidade na qual vivemos impõe limites à liberdade humana, como por exemplo, a impossibilidade de voar ou de sobreviver sem dormir e respirar.

São limitações que não implicam desejos e independem das vontades, e por esta razão, não constituem dilemas éticos.

Mas há outros limites que implicam posicionamentos éticos e decisões morais, como por exemplo o zelo do corpo e o cuidado das relações de confiança. Sempre que os limites de sua liberdade são desrespeitados, o ser humano entra em rota de colisão com sua natureza, a natureza da realidade em que vive e, portanto, de auto-destruição e destruição do que lhe tem valor.

Por exemplo, aquele que desrespeita o limite imposto pela lei da gravidade e pretende andar sobre os ares pula para a auto-destruição, assim como aquele que não cuida de sua saúde. O mesmo ocorre com quem deseja se relacionar com base na mentira, na infidelidade e na exploração do outro em benefício próprio: destrói a si mesmo, ao outro, e também a relação de amor.

O dilema entre a liberdade e o amor, portanto, pode e deve ser superado, primeiro, pela consciência de que a liberdade humana é relativa, e, também e principalmente, pela renúncia voluntária (livre) da vida egocêntrica, em favor das relações de amor. Amar implica escolher livremente se dedicar ao amado. Isso é graça: entrega do si mesmo em favor do objeto amado: “a minha vida ninguém a tira de mim, mas eu a dou de minha espontânea vontade” (João 10.18). Dou espontaneamente porque sou livre, e mesmo assim a dou, porque amo. Assim viveu Jesus. Assim morreu Jesus. E porque livre e pleno de amor, a morte não o pôde reter – ressuscitou.


Ed René Kivitz


Muuuuito Bom

No Mínimo 13 Ais Para o Invejoso!...




NO MÍNIMO 13 AIS PARA O INVEJOSO!...










1. Ai do invejoso, pois faz do outro o seu próprio limite.

2. Ai do invejoso, visto que estabeleça como ideal para si mesmo um eu falsificado.

3. Ai do invejoso, porque decidiu no ato de invejar viver para se frustrar.

4. Ai do invejoso, posto que seu desejo seja ser quem ele não é e jamais será.

5. Ai do invejoso, pois pela inveja se faz assassino de muitas maravilhas de Deus.

6. Ai do invejoso, visto que morrerá sempre dizendo para si mesmo que tentou e não conseguiu.

7. Ai do invejoso, posto que não viva, mas apenas exista de tentar...

8. Ai do invejoso, porque sua recompensa será a sua amargura...

9. Ai do invejoso, visto que viciará o seu olhar no intento de enfeitiçar...

10. Ai do invejoso, pois sempre cairá no abismo da tentativa de saltar para onde não seja o seu lugar natural e simples...

11. Ai do invejoso, posto que corre o risco de fazer coro à Crucificação.

12. Ai do invejoso, porque não admitirá a própria Ressurreição, antes, por inveja dirá: Foi um embuste...

13. Ai do invejoso, pois a existência lhe dará em contrário tudo o que por inveja cobiçar. Poderá ter tudo, mas morrerá sendo nada...



Pense nisso!
Caio

Falando Sobre Vocação Ministerial


Falando Sobre Vocação Ministerial


Numa vocação específica apesar de ser diferente em cada pessoa, ela possui em si uma certa uniformidade estrutural. Primeiro Deus nos chama, depois inquietos com o mistério que a graça provoca naquele que está sendo chamado, a pessoa provocada parte para entender o que verdadeiramente lhe inquieta, e, conseqüentemente acaba passando para o dinamismo do discernimento, em seguida por uma preparação, opção e resposta assumida como missão.

Vejam que o processo se dá praticamente em quatro etapas. Deus que chama. O homem que busca a Deus. O homem que se converte, recebe um sinal eficaz. E por fim o homem que se compromete com uma missão. Este tipo de processo se encaixa com muita precisão nas vocações bíblicas, vocações de santos, vocações em geral.
Daí é perfeitamente aceitável, quando o relato vocacional de alguém venha também a nos fazer pensar na nossa específica. Aqui no nosso caso temos a quase definitiva certeza de que muitos dos nossos leitores partilhem conosco desta mesma idéia, quando essa estrutura se aproximar em certa semelhança de suas próprias experiências.

Mas, naquilo que é essencial e profundamente substancioso nos relatos em comum, insistimos mais uma vez, que a experiência de cada um em particular e a forma como a Graça nos chama se processa como uma única realidade para cada pessoa em especial. Isto tudo se dá no chamado tempo da Graça, seja na etapa do discernimento, no âmbito formativo ou na vivência ministerial se tratando no caso do sacerdócio.

O importante aqui neste momento, é sermos de certa forma o mais preciso possível na reavaliação e releitura da caminhada, procurando ser sincero naquilo que é essencial que certamente faremos daqui a diante, acentuando mais os pontos de luzes do que os que nos pareceram mais sombrios e vazios em algumas incertezas que se cruzaram ou cruzarem no mesmo processo até o momento atual.
Acontece ou deveria acontecer primeiro dentro da gente.
Pense nisso
Wagner

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Falando da Graça de Deus



Falando da Graça de Deus




“O tempo está cumprido”, Jesus disse, “e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Dê as costas aos pecados do ceticismo e do desespero, desconfiança e do cinismo, da reclamação e da ansiedade.

O evangelho da graça nos chama a cantarmos a cada dia o mistério corriqueiro da intimidade com Deus em vez da busca por milagres e visões. Ele nos conclama a cantarmos as raízes espirituais de experiências corriqueiras como apaixonar-se, falar a verdade, criar um filho, dar uma aula, perdoar uns aos outros depois de nos ferirmos uns aos outros, permanecermos juntos em momentos difíceis da vida, na surpresa e na sexualidade e no esplendor da existência.

Dos tais é o reino dos céus, e de tais mistérios caseiros consiste a religião genuína. A conversão da desconfiança para a confiança é uma busca confiante do significado espiritual na existência humana. A graça abunda e permeia as margens da existência humana.

A graça quer dizer que no meio da nossa peleja o árbitro apita anunciando o término da partida. Somos declarados vencedores e mandados para o chuveiro. Encerrados estão todos os esforços para obter o favor de Deus; cancelado está todo o suado empenho para garantir o valor próprio; chegou ao fim toda a pressa competitiva de chegar a frente dos outros.

A graça quer dizer que Deus está do nosso lado e que somos, portanto, vitoriosos, independente do nosso desempenho do jogo. Podemos partir tranquilamente para o chuveiro e para a celebração com champagne.

O evangelho declara que, não importa quão dedicados e devotos sejamos, não somos capazes de salvar a nós mesmos. O que Jesus fez foi suficiente.

O Evangelho Maltrapilho
Brennan Manning
Editora Mundo Cristão

Que pena que as pessoas não enxergam.
Muito bom para fazer uma introspecção.
Wagner

domingo, 4 de outubro de 2009

Transigência Vazia



Transigência vazia


Ricardo Gondim me dizia, na verdade, é que, embora ético, infelizmente mereço garrote inquisitorial, ostracismo social, difamação
Depois de enlameado e jogado na abjeta sarjeta da heresia, ainda tive que ouvir: “Ricardo, você é uma das pessoas mais éticas que conheço”. Confesso, não me empolguei nem um tiquinho com o elogio. Por uma razão muito simples, ética vale muito pouco dentro do movimento evangélico. O que a pessoa e abandono relacional. Dispenso o confete. Na boca de um ortodoxo ele não passa de condescendência. Acomodação branda sem valor. A deformação ética do Brasil, percebo estarrecido com os últimos eventos, não se restringe ao movimento religioso que participei a vida inteira. Ela é nacional. Em nome da governabilidade, o partido que sustenta o governo faz alianças com políticos anacrônicos, oligarcas medonhos que condenaram milhões à morte. Em nome do mandato missionário, fecham-se os olhos para falcatruas contábeis. Toleram-se ratos para não atrapalhar a exequibilidade do projeto.

O governo quer eleger o próximo presidente (próxima?) e não pisca duas vezes antes de vender-se ao diabo. Os evangélicos querem povoar o céu e para isso precisam de dinheiro, muito dinheiro. Urge construir mega catedrais, comprar redes de televisão, jatinhos e helicópteros. Não seria possível estabelecer o reino de Deus sem montar filial em Miami. Para valer o discurso esfarrapado da “unção” divina, é preciso mostrar produtividade.

Ninguém se elege no Brasil sem beijar a mão nojenta de caudilhos que se emporcalharam na corrupção. A grana que financia megalomanias evangélicas não cai do céu, como o maná dos tempos de Moisés. Então, que os escrúpulos vão às favas!

A roda tem que girar, o show da fé precisa do horário nobre. É o vale tudo tupiniquim que fez Rui Barbosa afirmar que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Responda, antes que se multipliquem os conselhos piedosos do tipo “não se deve desistir”, “a esperança é a última que morre”, “Deus está no controle”, “blábláblá”. Quantos ladrões de colarinho branco foram presos nos últimos vinte anos? Quantas denúncias de corrupção acabaram arquivadas na Câmara dos Deputados e no Senado? Quantas igrejas se esvaziaram depois que seus líderes foram sentenciados por crime? “Denuncismo”, grita o Presidente com a língua (e o rabo) presa. “Satanás”, vocifera o pastor engravatado de cima do púlpito.

Não, não sou pessimista, apenas realista. Se conseguirem repatriar o dinheiro da merenda escolar depositado no Paraíso Fiscal, voltará apenas uma fração. Se provarem que houve extorsão e lavagem de dinheiro na igreja-empresa, nada acontecerá com o apóstolo ou bispo. O presidente manterá seus altíssimos índices de popularidade. A igreja vai convocar uma vigília de oração para amarrar o diabo, que será um sucesso.

Prefiro a pecha de herege ao de bandido. E por falar em heresia, gosto mais do Chico Buarque do que do televangelista de voz aveludada: “Mesmo com toda a fama, com toda a brahma/ Com toda a cama, com toda a lama/ A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando/ A gente vai levando essa chama”.

Soli Deo Gloria
Texto Ricardo Gondin
Muito bom!
Wagner

O rei tem dirreito a tudo [...] ou a quase tudo...




O rei tem direito a tudo [...] ou a quase tudo...





Na Bíblia, quando Israel pede um rei, a advertência de Deus pelo Profeta Samuel, era que o povo não sabia o que desejava ao pretender ter um rei humano...; pois, ao rei se daria tudo..., do melhor do campo às melhores mulheres..., do imposto ao serviço demandado..., e, sobretudo, se daria a alma a fim de cumprir caprichos e desejos do rei na forma de grandes obras e construções...; sem falar que a descendência do rei teria garantida a seqüência do poder real, de modo que um imbecil, criado e mimado como idiota, se torna o rei por vir...


Só que o ser ou se sentir rei é uma droga viciante...


Ora, tal fenômeno atinge a todos os que têm impérios ou reinados, não importando o tamanho, o âmbito e a natureza do sentir soberano da pessoa...

Na realidade, essa Síndrome de Rei, além de dar com freqüência em coração de políticos, empresários, gurus, bispos, autoridades religiosas, apóstolos carismáticos, mafiosos, bandidos muito fortes, médicos geniais ou arrogantes, advogados sempre vencedores, juizes arbitrários, e em toda e qualquer pessoa vaidosa e com muito poder — também ocorre em gente pobre e sem poder no mundo, mas que justamente por esta razão, assumem o poder como machismo... [no caso majoritário, de homens...]; que é a frustração do homem que nunca será Rei de muitos...; embora, no âmbito de sua casa, casamento e família, ele, esse homem sem poder para fora..., seja um déspota perverso..., seja um marido brutal..., seja um pai cheio de caprichos e regras..., seja um filho mandão..., seja um irmão superior..., seja um primogênito cheio de direitos de nada..., seja um medíocre aos seus próprios olhos..., mas, justamente por isto, amargurado até à morte..., enquanto massacra os pobres familiares ou subservientes em geral...; sim, em razão de sua raiva em relação à existência..., que não fez dele o rei que ele desejaria ser..., ainda que não saiba exatamente disso.


Amargura..., de um lado, no lado pobre e fraco; e adulação..., do outro lado, do lado rico e poderoso — são os dois maiores propulsores da Síndrome de Rei.

Ora, se você adiciona a isto ainda a Síndrome de Lúcifer, que é aquela que ataca o coração “ungido, carismático, messiânico”, o resultado é o nascimento de um Bispo, ou de um Apóstolo, ou de um Papa... — que são os Reis Ungidos... Sim, esses fazem a pior versão da Síndrome de Rei.
A Síndrome de Rei também ataca os muito inteligentes e ocupados, que sabem do seu valor, do valor do seu tempo, e, por isto, tornam-se extremamente exigentes em relação a tudo que diga respeito à sua eficiência...


Sim, tudo tem que existir para maximizar o potencial do Rei da Competência...
O fato é que desde que se desejou “ser como Deus” que não apenas a Síndrome de Lúcifer nos atacou..., de um modo ou de outro, mas, também, a sua versão mais terrena e imediata, que é a Síndrome de Rei.


Assim, simplificando, eu digo a você e a mim mesmo, que todos os dias temos que lutar ou estar apercebidos em relação à Síndrome de Lúcifer, ou, no mínimo, estar atentos à Síndrome do Rei, que é a obsessão de importância que ataca a todos os amargurados, a todos os adulados e a todos os muito capazes e importantes aos seus próprios olhos.


Quem não encontrar sinais de nada disso em si mesmo nunca, seja pela vida da pobreza amargurada e que se torna abusiva, seja pela via da adulação que cria um idiota, seja pela via da competência que cria um arrogante — então esse é varão livre e liberto, para além de toda tentação e egoísmo, e, portanto, não deve levar a sério nada do que escrevi, pois, não é para tal pessoa...; embora, sinceramente, eu diga a você: tudo aqui é para mim...


A única cura para esse mal é aquela que decorre da renovação diária da consciência, na busca de termos em nós mesmos o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação ser igual a Deus, antes a Si mesmo se humilhou, se tornou uma figura humana, e aceitou ser obediente até a morte, e morte de Cruz, pelo que Deus o exaltou, e lhe deu o nome que está sobre todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, tanto no céu quanto na terra, e toda língua confesse que Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Caio Fábio


Bom para refletir

Wagner

sábado, 3 de outubro de 2009

Falar de Cristo é Facil; Vive-lo na Essência é Dificil


Falar de Cristo é Fácil; Vive-lo na Essência é Difícil


O Cristo sem a Cruz fincada na realidade iluminada pela ressurreição. A cruz pregada nas instituições “igrejas”, é na verdade uma espécie de brinquedo de criança que constantemente levam seus consumidores a vitrine midiática, discutindo suas vantagens e desvantagens numa linha mais para a teologia da prosperidade que visa um certo retorno de bênçãos num tom bem mais verde, como são as notas daqueles seus costumeiros dólares americanos. Mas, um Cristo assim, bem light, que fala com sotaque inglês, sem um certo sacrifício solidário, para que se reconcilie com o mundo, consigo mesmo, com o outro, e, com o próprio Deus, não passa de um itinerante pregador barato, meio afeminado, descolorido em si que merece a popularidade apenas pelo seu romântico Sermão da Montanha, mas que merece também a impopularidade tanto pelo que afirmou acerca da sua divindade, como pela sua doutrina sobre o divórcio, juízo e inferno.

Este Cristo meramente sentimental, com sabor de Coca-Cola, salgado feito batatas fritas, recortado num fundo de mil lugares, sustentado por etimologistas acadêmicos, incapazes até mesmo de ver a Palavra, ou deformado, até perder a fisionomia pessoal, pelo princípio dogmático de que tudo o que é divino tem necessidade de ser mito; é na verdade apenas um instrumento de marketing, reduzido a um mero clichê de que “Deus é Dez” negando-o em si a sua infinitude, aos caprichos do consumismo moderno. Um Deus assim, não pode mesmo resolver os conflitos do coração humano.
Sem a sua Cruz, fincada na realidade e iluminada pela Ressurreição, o “Cristo da Coca-Cola” não passa então de um ardente percursor da pseudo democracia, sempre simbolizada numa velha estátua da liberdade (que de liberdade não tem nada), ou de um humanitário propugnador da fraternidade sem lágrimas ou risos.

O problema agora é este: A Cruz que o comunismo perdeu quando sustentava nas mãos os muros de Berlim, não encontrou o Cristo primeiro que “o Cristo sentimental garoto propaganda da Coca-Cola”, do mundo Ocidental americano?
Cadê a Cruz redentora que o “Cristo da Coca-Cola” poderá trazer para aqueles que viram seus amigos soterrados nos acontecimentos terroristas daquele tão fatídico 11 de Setembro de 2001?

O grande teólogo Moltmann diria nesta circunstância: Ali, o Cristo também morre soterrado!

Não podemos encontrar o Cristo assim, fugindo da realidade dos acontecimentos históricos, saindo do seu seguimento e dando um não descarado a sua causa. É preciso ir à busca daquele “Jesus histórico” que se encontra sentado à mesa comum dos nossos pobres da última hora, para entender sua vida e sua proposta de amor na vida destes nossos mesmos irmãos. Só poderemos tocar verdadeiramente no Jesus histórico se soubermos tocar solidariamente no histórico, real e gritante mundo de nossos pobres!

Damasceno Penna

Bom para refletir
Wagner

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Uma Hermenêutica do Mal



Uma Hermenêutica do Mal








O mal tem o seu próprio espírito de época. Ele na verdade não precisa mais daqueles seus chifres, rabo de escorpião ou garfo de fogo para se manifestar, como se pensavam muitos cristãos na época da Idade Média. Ele ainda se faz presente, nos sofisticados joguetes das palavras, que por sinal, muito bem preparadas, escolhidas, contidas e completamente prontas para seduzir, naquilo que interessam para os discursos religiosos, sociais, políticos ou culturais da mídia fluente dos nossos tempos.

Tratando-se do complexo universo religioso, diríamos que o mal hoje em dia, anda de Bíblia na mão, ou melhor, debaixo do nosso braço como se fosse mesmo desodorante, que pode ser comparado semelhante àquele da época de Jesus, seduzindo a todos, com a própria Palavra de Deus, transformada então, em protocolos meramente humanos, para manter o ritmo da suposta “PAX ROMANA”.

Em nossos dias, a Marca da Besta tem na verdade “versículos bíblicos” como instrumento de marketing. É muito fácil dominar povos e culturas, sem precisar das armas ou das forças políticas, econômicas, sociais ou culturais. Bastam atingir aquilo que de mais intrínseco o ser humano carrega dentro de si, a sua crença religiosa. Esta crença é a alma de sua própria cultura. É por aí, que as coisas tomam o rumo desejado pelos fazedores de discípulos do império do mal. Vamos aqui trocar a expressão império do mal por “Cultura de Morte”.

Os romanos para favorecerem a sua dominação pela “Cultura de Morte” ofereciam pão e circo aos povos a eles subjugados. Era na época uma espécie de assistencialismo paternalista, que sob as lentes de um sensacionalismo dos jogos circenses seduziam aquela população alucinada, onde a recompensa como prêmio era mesmo a vida ou a morte, como euforia de uma suposta mídia vigente.

Hoje em dia não é tão diferente já que os donos do poder oferecem restaurantes populares e ‘piscinões’ para enganar o povo com um falso lazer. “A Pax Romana” dos nossos dias de hoje é trocada pela sugestiva “Paz Americana” (vejam que uma águia sutilmente substitui a outra), provinda de seu “Jesus Cristo Superstar” fabricado como uma espécie de super herói de brinquedo do tipo “Superman” para então adocicar as diversas tendências neopentecostais que povoam a arena religiosa do momento.

Este atual presente de Tróia, exportado para os países de terceiro mundo embalado como um brinquedo americano, já tem entre nós milhares de adeptos pelo país e está ampliando-se mundo afora. É igual a “Denorex”, como diria aquela antiga propaganda, se parece, mas não é. Oferecido ao povo como o próprio Filho de Deus, mas não é. Na verdade, seria apenas mais uma “bolha de sabão” ideológica iludindo a muitos com seu fascinante brilho colorido. Esse “Jesus” que aparece por aí com sotaque americano não é aquele que se encarnou na história com sotaque Galileu, ele é enfim, na verdade, uma espécie de Coca-Cola que anuncia mais a des-graça do que a Graça Libertadora do Reino.

Damasceno Penna

Muito bom
Pare e reflita
Wagner