O ensaio que abaixo reproduzo trata-se de uma palestra proferida na Universidade Federal Fluminense, no Centro de Estudos Interdisciplinares de Antigüidade (CEIA). Naquela época, o intento era rebater a visão histórica evolucionista e idealista a respeito da história da religião do antigo Israel. Por visão evolucionista os historiadores denominam a abordagem seqüencial e linear: fetichismo? Politeísmo? Monoteísmo? e, por visão idealista, compreende o modo de explicação dos eventos históricos que privilegia o papel da consciência (as "grandes idéias"), expressas nas idéias políticas, éticas, filosóficas, científicas, etc. que mudam por si só no curso da história, sem considerar a vida social e o contexto sócio-histórico em que tais idéias emergem. Minha surpresa foi constatar que os alunos universitários ali presentes, ao no lugar de abrir um diálogo sobre as novas abordagens e novas fontes para a pesquisa, se sentiram indignados com o processo de historização do fenômeno da crença.
Dados da historiografia e da arqueologia não atestam o culto de Iavé antes do século XIII a. C. e, portanto, antes de Iavé tornar-se o protetor da confederação tribal israelita, os hebreus admitiam vários sistemas religiosos simultâneos, e nenhum deles entravam em conflito na cabeça daqueles nômades.
Os hebreus pertenciam à grande etnia semítica. Os antigos semitas veneravam uma força impessoal, invisível e intangível, expressa no princípio divino 'l, que agia na natureza, mas não tinha consciência de si. Este princípio divino aparece em todas as civilizações semíticas posteriores como Allá dos árabes, El dos cananeus, Baal dos fenícios, Ilu dos assírios e Bel dos caldeus.
A) O culto ao "deus dos pais". Os líderes dos acampamentos, os patriarcas, rendiam culto especial ao chamado "deus dos pais", o antepassado mítico do clã. Cada clã possuía seu "deus dos pais", uma espécie de herói lendário que fundou o clã e transmitiu os costumes e instituições da família. O "deus dos pais" não tinha um local fixo de culto, residia em uma tenda especial e acompanhava as viagens do clã pelo deserto e pela estepe, assegurando o bom relacionamento com os vizinhos e protegendo os membros do clã contra os infortúnios das viagens. O "deus dos pais" não possuía uma representação figurativa, porque é extremamente difícil no deserto e na estepe a confecção de imagens.
Paralelamente ao culto do "deus dos pais", os hebreus veneravam árvores, fontes de água, grutas, montes, etc., que se relacionavam de alguma maneira com os eventos lendários do mito do "deus dos pais" (locais por onde o antepassado passou etc.). Por outro lado, estes objetos da natureza também eram compreendidos como entidades sagradas, pois, eram o receptáculo de uma força invisível, similar aos gênios das tribos árabes.
B) O culto às pedras. Os hebreus do século XIV também veneravam pedras mágicas, os terafins, relacionados também ao culto ancestral. Apareceram após a supressão ao culto de imagens de "deusas-mães", que as mulheres recorriam a sua proteção no momento do parto. Os terafins não eram propriamente deuses, mas, amuletos mágicos, símbolos da prosperidade. Estas pedras eram mantidas dentro das tendas.
C) O culto às forças naturais e à serpente. Era crença corrente que uma entidade furiosa habitava o deserto e os hebreus imputavam a esta força a responsabilidade pelas tempestades de areia que derrubava as tendas e desaparecia com as rezes, além de trazer as doenças como urticária que atacavam o gado. Para aplacar a ira desta entidade, os hebreus recorriam ao sacrifício do cordeiro e do bode. Era um sacrifício pascal, praticado antes do início da primavera, quando então, imolava-se um cordeiro. Um sacrifício análogo ocorria no outono, antes da transumância para a pastagem na estepe, quando então, era solto um bode no deserto.
A circuncisão, prática encontrada entre os sacerdotes egípcios da Antigüidade e numerosas tribos árabes, era uma medida para afastar a infertilidade que poderia abater tanto sobre a família quanto sobre o gado: para agradá-la, recorria-se a circuncisão, a entidade fugia afugentada pelo horror ao sangue ou era aplacada com o rito. O prepúcio era oferecido e, ocorria na ocasião da passagem do membro masculino para a vida adulta ou da iniciação ao casamento. O culto à serpente era uma prática muito comum na Palestina; imagens de serpentes recebiam culto especial, pois, com este culto apotropeico, os hebreus julgavam afastar ou minimizar as picadas das víboras reais, já que eram muito freqüente na Palestina.
D) Práticas mágicas. Os hebreus eram um povo rude, sem escrita e muito supersticioso. Havia numerosas interdições religiosas de caráter alimentar, sexual e social. Vivendo em um ambiente hostil do deserto e da estepe, em confronto com povos vizinhos e sofrendo constantes perigos de animais selvagens, os hebreus recorriam freqüentemente às magias. Entre elas, destacam-se a crença no "mau olhado", o poder mágico da palavra (proferido como bênção ou maldição pelo moribundo), a crença na magia da dança da chuva e da dança da guerra, o uso mágico do vestuário, a magia da impostura da mão, o uso da necromancia, etc. Havia, curandeiros, videntes, adivinhos.
E) Os mitos. Há fortes indícios que os antigos hebreus conheciam uma pluralidade de mitos, entretanto, a grande maioria foi combatida e propositadamente esquecida pelo clero iaveísta. Os hebreus acreditavam na existência de gigantes, do monstro marinho Tannin e no dragão Leviatã; possuíam uma concepção que acima da abóbada celeste era coberta por água. A presença mitológica de animais fabulosos, os serafins, criaturas sinuosas, serafim está na raiz srph, (seraph), que significa "abrasador", uma alusão a crença em dragões.
Dados da historiografia e da arqueologia não atestam o culto de Iavé antes do século XIII a. C. e, portanto, antes de Iavé tornar-se o protetor da confederação tribal israelita, os hebreus admitiam vários sistemas religiosos simultâneos, e nenhum deles entravam em conflito na cabeça daqueles nômades.
Os hebreus pertenciam à grande etnia semítica. Os antigos semitas veneravam uma força impessoal, invisível e intangível, expressa no princípio divino 'l, que agia na natureza, mas não tinha consciência de si. Este princípio divino aparece em todas as civilizações semíticas posteriores como Allá dos árabes, El dos cananeus, Baal dos fenícios, Ilu dos assírios e Bel dos caldeus.
A) O culto ao "deus dos pais". Os líderes dos acampamentos, os patriarcas, rendiam culto especial ao chamado "deus dos pais", o antepassado mítico do clã. Cada clã possuía seu "deus dos pais", uma espécie de herói lendário que fundou o clã e transmitiu os costumes e instituições da família. O "deus dos pais" não tinha um local fixo de culto, residia em uma tenda especial e acompanhava as viagens do clã pelo deserto e pela estepe, assegurando o bom relacionamento com os vizinhos e protegendo os membros do clã contra os infortúnios das viagens. O "deus dos pais" não possuía uma representação figurativa, porque é extremamente difícil no deserto e na estepe a confecção de imagens.
Paralelamente ao culto do "deus dos pais", os hebreus veneravam árvores, fontes de água, grutas, montes, etc., que se relacionavam de alguma maneira com os eventos lendários do mito do "deus dos pais" (locais por onde o antepassado passou etc.). Por outro lado, estes objetos da natureza também eram compreendidos como entidades sagradas, pois, eram o receptáculo de uma força invisível, similar aos gênios das tribos árabes.
B) O culto às pedras. Os hebreus do século XIV também veneravam pedras mágicas, os terafins, relacionados também ao culto ancestral. Apareceram após a supressão ao culto de imagens de "deusas-mães", que as mulheres recorriam a sua proteção no momento do parto. Os terafins não eram propriamente deuses, mas, amuletos mágicos, símbolos da prosperidade. Estas pedras eram mantidas dentro das tendas.
C) O culto às forças naturais e à serpente. Era crença corrente que uma entidade furiosa habitava o deserto e os hebreus imputavam a esta força a responsabilidade pelas tempestades de areia que derrubava as tendas e desaparecia com as rezes, além de trazer as doenças como urticária que atacavam o gado. Para aplacar a ira desta entidade, os hebreus recorriam ao sacrifício do cordeiro e do bode. Era um sacrifício pascal, praticado antes do início da primavera, quando então, imolava-se um cordeiro. Um sacrifício análogo ocorria no outono, antes da transumância para a pastagem na estepe, quando então, era solto um bode no deserto.
A circuncisão, prática encontrada entre os sacerdotes egípcios da Antigüidade e numerosas tribos árabes, era uma medida para afastar a infertilidade que poderia abater tanto sobre a família quanto sobre o gado: para agradá-la, recorria-se a circuncisão, a entidade fugia afugentada pelo horror ao sangue ou era aplacada com o rito. O prepúcio era oferecido e, ocorria na ocasião da passagem do membro masculino para a vida adulta ou da iniciação ao casamento. O culto à serpente era uma prática muito comum na Palestina; imagens de serpentes recebiam culto especial, pois, com este culto apotropeico, os hebreus julgavam afastar ou minimizar as picadas das víboras reais, já que eram muito freqüente na Palestina.
D) Práticas mágicas. Os hebreus eram um povo rude, sem escrita e muito supersticioso. Havia numerosas interdições religiosas de caráter alimentar, sexual e social. Vivendo em um ambiente hostil do deserto e da estepe, em confronto com povos vizinhos e sofrendo constantes perigos de animais selvagens, os hebreus recorriam freqüentemente às magias. Entre elas, destacam-se a crença no "mau olhado", o poder mágico da palavra (proferido como bênção ou maldição pelo moribundo), a crença na magia da dança da chuva e da dança da guerra, o uso mágico do vestuário, a magia da impostura da mão, o uso da necromancia, etc. Havia, curandeiros, videntes, adivinhos.
E) Os mitos. Há fortes indícios que os antigos hebreus conheciam uma pluralidade de mitos, entretanto, a grande maioria foi combatida e propositadamente esquecida pelo clero iaveísta. Os hebreus acreditavam na existência de gigantes, do monstro marinho Tannin e no dragão Leviatã; possuíam uma concepção que acima da abóbada celeste era coberta por água. A presença mitológica de animais fabulosos, os serafins, criaturas sinuosas, serafim está na raiz srph, (seraph), que significa "abrasador", uma alusão a crença em dragões.
Parte da Palestra Ministrada na Universidade Federal Fluminense - UFF
Edmilsom Bento da Silva
Muito bom!!!
ResponderExcluirOlha Wagner concordo com o DUZINHO...
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