sábado, 20 de junho de 2009

LEIGOS, DEVERIAM OUVIR MAIS E FALAR MENOS



Mentalidade e Atitudes

O grego contempla o mundo e admira-o; o hebreu olha-o e aproxima-se, escuta-o e fala-lhe. O grego diz o que é algo como tal; o hebreu diz o que percebe e como o sente. Para o grego, o sentido mais importante é a vista; para o hebreu é o ouvido. Por isso, a arte grega era para ser contemplada, a hebraica é para ser vivida. De fato, o hebreu é uma pessoa eminentemente prática, o que se vê na cerâmica: não se interessava por sua beleza, mas por sua utilidade. A cerâmica grega, ao contrário, caracteriza-se por sua admirável beleza mais do que por sua utilidade, produto da mente inclinada à contemplação e à harmonia.
A mentalidade grega é eminentemente lógica; pergunta-se pela origem das coisas, de si mesmo, e por sua razão de ser. Pergunta-se pelas essências das coisas. Por isso, a filosofia está associada à Grécia. O hebreu, por sua parte, se pergunta pelo que as coisas fazem, é eminentemente prático e relacional. Conhecimento para o grego equivale a definir as realidades; para o hebreu, é interagir com elas. A verdade para o grego é intelectual, ele a discute, a deduz; para o hebreu, é relacional, “se faz” (Jo 3.21). O grego busca objetividade e exatidão; o hebreu predomina em subjetividade e afetividade. O grego busca a compreensão de algo, o hebreu busca sua significação. Com esta mentalidade cada um escreveu a “história” e, por isso, nos custa entender as narrativas bíblicas.
O grego analisa, quer compreender, definir, sistematizar, aponta para a perfeição nas formas de conduta, busca a harmonia. (É o que nós fazemos). A mentalidade hebraica move-se antes pela ação: é dinâmica e eminentemente relacional. Não busca tanto conhecer o mundo, mas dominá-lo. Por isso, Paulo observou que, a propósito do evangelho da cruz, “os judeus pedem sinais (milagres), e os gregos pedem sabedoria” (1 Cor 1.22).
O hebreu tende a exagerar, e muito; já o grego não é assim, pois se prende aos fatos e busca objetividade. Assim, a afirmação de que “Abraão viveu cento e sessenta e cinco anos”(Gn 25.7) ou de que Matusalém viveu “novecentos e setenta e nove anos”(Gn 5.27) significa em semítico, que era um homem abençoado por Deus, pois a vida é dom de Deus, e não literalmente viveu tantos anos. Quando lemos a advertência de Jesus “se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua mãe...” (Lc 14.26), devemos compreender que não se trata de odiar, mas de amar menos, como precisamente lemos no paralelo em (Mc 2.17), devemos compreender que não se trata de exclusões, mas de prioridades, no sentido de “não tanto a – como a”.
É importante entender o sentido de textos de corte histórico e os de aparência jurídica, entre outros.
É meus amigos, precisamos estudar bem mais.
Bíblia sem Mitos
Eduardo Arens

Wagner

Nenhum comentário:

Postar um comentário