quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Oração




Aqueles que me conhecem poderão dizer: Como um teólogo liberal (herege) pode falar a respeito de oração?

Primeiro quero defender que a verdadeira espiritualidade geralmente se encontra nos arraiais dos “hereges”. Já li num livro que diz: “teologia liberal tem haver com liberalismo teológico e libertinagem". Vê se pode! alguém que não tem nenhuma intimidade com o método histórico crítico, não conhece os autores liberais, falar uma besteira dessa.

Percebo nas pessoas um pré-julgamento, colocam placas, estabelecem juízos, níveis de espiritualidade, vida com Deus, santidade e etc.

Quem tem mais a perder? O que se alimenta da ortodoxia ou aquele que escolhe remar contra a maré sentindo o chão sair do seu pé? O teólogo liberal questiona suas próprias convicções, anda pelo que recebeu e por aquilo que a sua consciência abraçou, mesmo que isso signifique rótulo, julgamento e indiferença?

Um padre amigo disse num determinado momento: “heresia é uma verdade embriagada” Vocês querem saber de uma coisa? Em muitos casos eu concordo com ele. O que seria da reflexão teológica se não fossem os pensadores “hereges”, se não fosse à teologia crítica e se a balança só pendesse para um lado?

Falando de oração, descobri algo muito interessante. Quero falar da minha experiência sem fazer da minha experiência modelo para ninguém.

Quanto mais sozinho eu fico, mais próximo de Deus me sinto. Sabe por quê? Me afasto da hipocrisia, me afasto daqueles apenas dizem mas não são, me afasto do juízo das pessoas, me afasto da tentação de ostentar qualquer “espiritualidade” que se transforme em auto promoção ou orgulho, me afasto de qualquer manipulação do sagrado, não preciso dar explicação a ninguém senão a Deus, a mim mesmo e a minha consciência, e me olhando diante de espelho.

Realmente sou um herege!

Fazer oração em conjunto na igreja instituída se tornou uma ofensa ao Eterno, uma brincadeira, uma sacanagem, um circo. Enquanto poucos se quebrantam, muitos não passam de religiosos malditos que foram engodados pela falsa religião (cristianismo e outras).

O fato de orarmos sozinhos é libertador.

Estou cansado de pessoas que vivem sem verdade, sem responsabilidade. Pessoas assim matam a gente, rouba de nós a alegria que provém do Evangelho, drenam as nossas forças, torna a relação com o sagrado algo muito pesado e triste, ficando apenas as máscaras que fazem de nós filhos dessa coisa chamada instituição evangélica que não tem nenhuma referência com IGREJA e sim com “igreja”.

Aprendi com a vida: quando sou rotulado por herege, me sinto recebendo um elogio de Deus. Assim como Jesus foi um herege no seu tempo, a minha consciência de verdade me aprova. Deus me conhece, eu me conheço. Chego diante do Assombro de cara limpa, sem fantasia, sem ninguém roubando a pureza do encontro, e a liberdade de estarmos juntos, encontrá-lo sem que ninguém hipocritamente interrompa apenas pelo fato de estar ali.

Na verdade me sinto muitas vezes sentado na mesa dos escarnecedores, e isso entre “irmãos”. As pessoas não conseguem viver a radicalidade do Evangelho, não bancam as próprias palavras, não vivem a vida pela vida, vivem somente a própria vida.


Religião! fique cada um com a sua, e vá pra onde você quiser.



Que Deus ME abençoe

Wagner

6 comentários:

  1. Graça e paz!

    Na Bíblia temos belíssimos exemplos de orações nos Salmos, dentre os quais um dos mais evitados parece ser o de número 88 (Bíblia protestante), mas que manifesta uma autêntica fé porque o poeta, em sua lamentação, volta-se para Deus.

    A oração coletiva é importante, mas tem que haver sintonia, sinceridade e intensidade, além do devido respeito pela maneira de se expressar do outro.

    Falta mais intimidade dentro das igrejas e acho que cabe ao profeta de Deus levantar sua voz contra esse comportamento de falsidade religiosa.

    ResponderExcluir
  2. Rodrigo tudo bem?

    Coisas difíceis de enconttrar.
    Sintonia, sinceridade, intensidade, respeito, intimidade, profeta de Deus!
    É melhor esquecer irmão

    Um abraço

    ResponderExcluir
  3. Como diz um colega meu que todo herege é um apaixonado.

    Quem leva a serio isso, ora ate mesmo quando não acredita mais, ora até mesmo para ressuscitar o Deus morte dentro dele. Isso sim que é paixão e comprometi mento intimo sem prateia.

    ResponderExcluir
  4. Meu amigo Gresder!!
    Que prazer tê-lo por aqui!

    Você talvez entenda melhor do que outros, porque tu vive essa realidade.
    O Deus não precisa morrer, mas sim o "deus" da religião que foi instrumento de morte exatamente no momento que deixamos de ser meninos.

    O nosso desafio é matar esse "deus dentro da gente, sem deixar que a gente morra junto com ele.

    Com a maior vergonha por não ter condições de comentar no teu blog e em outros.

    Um grande abraço amigo
    Wagner

    ResponderExcluir
  5. Fica em paz você não precisa ser recíproco se não pode.
    Leio os textos pequenos inteiros e os grandes só o primeiro parágrafo rsrs

    ResponderExcluir
  6. Olá, Wagner,

    Vou bem, graças a Deus. E vc?

    Ainda que de maneira imperfeita, podemos encontrar sintonia, sinceridade, intensidade, respeito, intimidade e os honestos profetas de Deus, mesmo nas igrejas.

    Não podemos desistir! A luta é árdua. Foi assim nos tempos de Moisés, dos profetas que Deus enviou a Israel, com Jesus e os discípulos. Temos que perseverar e proclamar o Evangelho de Cristo no meio desses padres e pastores mentirosos que só querem saber de enredar os homens com suas redes e anzóis para pô-los em seus aquários.

    ResponderExcluir