Mito
Mito costuma ser associado com falsidade, mentira, como se a única narração veraz fosse a história, e para muitos como se a única verdade fosse a demonstrável (científica). Esse juízo obedece a idéia que não corresponde à dignidade de Deus e da Bíblia outro tipo de narração que não seja a história.
O fato, no entanto, é que o mito busca expressar uma verdade. É uma maneira de dar expressão compreensível a uma realidade não sensível. Sua verdade é do tipo da poesia, que não é o mesmo tipo de um relato histórico – poesia não representa história, no entanto, tem “sua verdade”, e uma verdade freqüentemente mais profunda do que a de um relato histórico.
O narrador/escuta não tomaria o relato mítico com a mesma certeza histórica com que tomaria o relato da conquista de Judá por Nabucodonozor. Não é propósito do mito comunicar memória histórica de acontecimentos realmente ocorrido, embora o narrador/escuta pudesse pensar que alguns desses supostos eventos se deram sim (quão difícil é saber o que os outros pensavam, e mais ainda antigamente!).
O símbolo e o real estão, ambos, presentes na mente daquele que apela para o mito para expressar o que crê (pensamentos na religiosidade popular), e para ele são verdade. O mito e a linguagem mítica são empregados para explicar realidades transcendentes e as interrogações profundas do homem, que para ele são reais, ou crê convictamente nelas. São as realidades religiosas e existenciais.
Os sentidos não captam todas as realidades, e certamente não as do “além”, mas, para falar delas, é necessário empregar uma linguagem humana, compreensível e comunicável. São as perguntas a respeito da origem e do destino do homem e as perguntas a respeito de toda a esfera divina. O mito é a maneira pictórica de falar dessas realidades que podem ser experiências espirituais, intuições ou convicções.
Os escritos da Bíblia não recorreram a uma linguagem filosófica para falar dessas realidades, mas à linguagem mítica, figurada, de imagens tomadas do mundo de suas experiências sensíveis (ver, ouvir, falar, agir). Resumindo: o modo de falar por meio de imagens tomadas de nosso mundo sensível denomina-se mítico, quando se refere a uma realidade transcendente.
O relato do rapto de Elias ao céu (2Rs 2) é mítico (ele não é um mito como tal, pois Elias foi real) como o é aquele das tentações e Jesus com seus intercâmbios com o diabo. Mas, mediante esse modo de falar, cada um desses relatos expressava uma verdade: Elias não morreu, vive com Deus (como se dirá da ascensão de Jesus em Lc e Atos); Jesus não cedeu às tentações que o mundo oferece, mas submeteu-se durante sua vida à vontade de Deus. Fala-se, então, do mundo transempírico e não objetivo.
Fala-se de Deus como juiz, pai, rei, (que são metáforas), como alguém que fala, age, se encoleriza, como se fosse um humano, embora Deus não seja humano.
A Bíblia sem Mitos
Eduardo Arens
Editora Paulus
É só reconhecer para poder interpretar. O literalismo é um erro grosseiro e infantil.
wagner
A Bíblia sem Mitos
Eduardo Arens
Editora Paulus
É só reconhecer para poder interpretar. O literalismo é um erro grosseiro e infantil.
wagner
Wagner, o texto é bom para enriquecer a discussão sobre a "verdade" dos mitos. O meu xará vai muito bem, mas para mim, peca feio e se contradiz no penúltimo parágrafo. O diabo real? cruz credo!!
ResponderExcluirPô Eduardo
ResponderExcluirA onde você viu o diabo real no texto?
Que isso eim misinfio
Um abraço mitológico
Wagner obrigado pelo presente, pois de fato, agora estou meio sem condições financeiras para poder comprar livros, mas do jeito que dá, e se não dá, damos um jeito, de conseguir livros para ler – como um grande exemplo, esta sua coragem de disponibilizar verdadeiras perolas, ainda que sejam apenas algumas fatias de um enorme bolo, contudo é possível se aprender com alguns trechos de livros, mesmo que não leiamos o todo.
ResponderExcluirEm relação aos mitos, quando falamos com uma pessoa geralmente fundamentalista, ela logo associa a idéia do mito com a mentira, e isto sim é uma grande mentira!
Os símbolos dos mitos carregam em si mesmos, significados que não conseguiríamos descrever com simples palavras.
A mais verdade nos mitos do que se pensa, pois os mitos é justamente fabulas de conceitos verdadeiros.
Os crentes se esquecem que Jesus ensinou muito através de parábolas, estas por sua vez são bem aceitas e cridas no meio tradicional, agora quando falamos dos mitos do jardim do Eden, dilúvio e muitos outros, essas mesmas pessoas não aceitam, afirmando que estamos diminuindo, limitando e desacreditando as verdades da bíblia.
Mas é justamente o contrario, estamos valorizando cada vez mais as verdades e princípios transcendentais que a escrita não pode descrever e nem a lógica humana captar, sendo necessário a linguagem mítica factual e simbólica do mito.
Obrigado e abraços simbólicos
Gostei muito do comentário do Marcio, menos romântico e mais esclarecedor desta vez.
ResponderExcluirApenas me parece que o mito tem também ou principalmente a função de preencher uma lacuna, e satisfazer uma certa curiosidade do homem, que de fato não entenderia o fato bruto.
"O relato do rapto de Elias ao céu (2Rs 2) é mítico (ele não é um mito como tal, pois Elias foi real) como o é aquele das tentações e Jesus com seus intercâmbios com o diabo"
ResponderExcluirPara mim é meio dúbio. quando ele diz "como o é" ele refere-se a ser mítico ou a ser real? Bom, vc tá certo vai, eu que estou lendo errado.
Gresder eu até que sou romatico, mas o problema é que você é bruto-insensivel-mal amado-rejeitado. rsrsrsrsrs
ResponderExcluirAbraços romanticos
Eduardo presta atenção
ResponderExcluirMas, mediante esse modo de falar, cada um desses relatos expressava uma verdade: Elias não morreu, vive com Deus (como se dirá da ascensão de Jesus em Lc e Atos); Jesus não cedeu às tentações que o mundo oferece, mas submeteu-se durante sua vida à vontade de Deus. Fala-se, então, do mundo transempírico e não objetivo.
Notou que o diabo para ele são as tentações que o mundo oferece
Wagner, ok. desde que por verdade que "Elias não morreu" seja também verdade simbólica/mítica. Pois se a ascenção de elias é mítica porque não seria o fato dele ter sido arrebatado por deus?
ResponderExcluirEduardo
ResponderExcluirO relato do rapto de Elias ao céu (2Rs 2) é mítico (ele não é um mito como tal, pois Elias foi real).
Como Elias pode ter sido arrebatado se Jesus teria que ser o primeiro. Ninguém poderia ter chegado a lugar nenhum antes de Jesus.
Sem querer entrar em detalhes, como Elias pôde ter sido salvo se ele não passou pela redenção.
Hebreus 11 diz que ele morreu.
Ele aparece na transfiguração, Jesus disse que Elias virá.
Se eu puder complicar, não vou facilitar
Um abraço profético
ô barba-de-Arão, tu não achas que esta na hora de colocar uma nova postagem???
ResponderExcluirEssa ai já deu o que tinha que dá.
Tu não sabes ser equilibrado não??
Hora você poe varias postagens de uma só vez, outra hora você coloca e deixa ai morfando......
Resumindo: COLOCAR OUTRA POSTAGEM AI MEU FILHO, POIS EU TO AFIM DE COMER COMIDA NOVA E FRESQUINHA.
Abraços famintos.