quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

MONASTERIUM, MISERICORDIUM, BACANORIUM, GRAÇORIUM E IGREJORIUM...


MONASTERIUM, MISERICORDIUM, BACANORIUM,
GRAÇORIUM E IGREJORIUM...



Alguns monastérios da Idade Média tinham regras tão rigorosas, neuróticas e restritivas quanto a tudo, mas também em relação à comida e à bebida... — preocupados que eram com o pecado da gula..., que, segundo se cria, abriria espaço para a lascívia, e assim por diante... —, que, depois de um tempo, não suportaram sua própria pressão de culto às regras..., e, assim, criaram dentro do ambiente do Monastério, num recanto meio projetado para fora da arquitetura original do lugar, um apêndice ao qual se tinha acesso de dentro do próprio “prédio sagrado”, e que era chamado de MISERICORDIUM...

Ora, dentro do MISERICORDIUM era uma Zona Franca de tudo o que se relacionava a comida e bebida, de modo que os monges entravam no MISERICORDIUM magros e danados de apetite carnal amplificado pela proibição como adicional de desejo compulsivo... [Pobre MISERICORDIUM!...]... e de lá saiam gordos e bêbados...
O MISERICORDIUM era o mundo sob o manto da Graça, da Misericórdia...
Seria o lugar do descanso das regras... Seria um ambiente de refugio... Mas não era.
De Fato o MISERICORDIUM era o lugar dos EXCESSOS.

ENTRETANTO, na religião, ninguém chamaria o lugar pelo seu próprio nome, que deveria ser BACANORIUM e não MISERICORDIUM.
Aliás, na religião nada corresponde a nada...

Primeiro porque não deveria haver Monastérios, ou seja: prédios sagrados para gente sagrada... Nesse sentido, toda “igreja-prédio” é um Monastério..., e é vista e sentida do mesmo modo... É Sal dentro do Saleiro..., e não no chão da terra e do mundo.
Segundo porque não deveria haver regras depois que foi decretado que todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm, todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam... E isto com o chamado para que se viva buscando o que convém e edifica. E ponto.

Terceiro porque é obvio que excessos geram excessos opostos, sempre. Portanto, o impor de regras excessivamente restritivas é o mesmo que criar pecados e taras.
Quarto porque não se tem que criar nenhum MISERICORDIUM..., a fim de que se não viva em nenhum BACANORIUM... Sim, pois a misericórdia usada como desculpa para o excesso, sempre criará o BACANORIUM.

Veja o fenômeno em operação...
Ora, a fim de se fugir do “mundo” se cria o Monastério. No Monastério, a fim de se fugir do “pecado”, regras são geradas... Só que com as regras vêm as tentações... Então, a fim de que se não peque no LUGAR SANTO, no Monastério, na “igreja-prédio”[que é psicologicamente um lugar anti-mundo], cria-se o MISERICORDIUM, que é um mundo coberto pela Graça como Concessão ao mundo do qual no inicio se fugia..., sim..., mundo em razão do qual o Monastério fora criado, regras foram estabelecidas a fim de coibir as tentações da carne e do mundo...; e, como o mundo não se foi em razão do aumento das tentações para o nível da tara e da compulsão, a fim de que não se traga “o mundo” para o Lugar Santo, o Monastério, cria-se o que para eles era um BACANORIUM, só que ungido como MISERICORDIUM.

Assim surge o CRENTORIUM...
No fim o que tem importância é o prédio, é o Monastério, é a “igreja - edifício - consagrado”... E em segundo lugar vem o corpo de fiéis, que é o CRENTORIUM.
O que se crê quando assim se faz?...

Ora, a crença é que o mundo não mora perto do prédio de Deus... Que o mundo não é gente... Que o mundo não é o coração... Não! A crença é que o mundo é um lugar... Por isto é que se pode apelar para o BACANORIUM como MISERICORDIUM... Afinal, é um apêndice do Monastério, longe fisicamente do “mundo-geográfico”, e ungido com um nome da Graça: MISERICORDIUM...

Tem muita gente pensando que o “Caminho da Graça” é um MISERICORDIUM no anexo do Monastério, da “igreja-prédio” ou da “igreja-instituição”...
Ora, esses vêm..., entram...; alguns ficam...; outros se vão...; outros vão e vêm...; outros “elaboram” suas próprias idéias e criam suas próprias fantasias sobre tudo...; e, assim, vão às reuniões para se “purificarem” [Ó! Como são pagãos!...] e saem “purificados” do MISERICORDIUM direto para o BACANORIUM...

O pior é que fazem isto enquanto a firmam que estão LIVRES...
Livres de quê? — Indago.
De fato, espiritual e psicologicamente estão ainda no mesmo “Monastério”..., só que no anexo santificado para consumo mundano, o GRAÇORIUM...; ou, como no tempo antigo, no MISERICORDIUM...; ou, no dizer da verdade, no BACANORIUM.

Quando a mentalidade de “monastério” — que é a mentalidade da “igreja-prédio” ou da “igreja-instituição-representante-de-Deus-no-mundo”, que, ironicamente..., é também uma colônia de exilados do encontro humano..., e que dizem loucamente que são essenciais ao mundo e à vida da qual fogem... — é a mentalidade prevalente...; e ela pode se fazer presente mesmo quando a pessoa pensa que já está no anexo, no MISERICORDIUM..., então a Graça vira GRAÇORIUM...
Sim, tanto quanto o Monastério era um mundo de Luxo Alienado..., do mesmo modo o MISERICORDIUM nada mais era do que um grande BACANORIUM.

Quem lê o meu site e já leu o meu livro Sem Barganhas com Deus..., esse entendeu de modo simples e claro tudo o que eu disse... Mas quem não leu o livro e não lê o site... esse apenas pensará que entendeu... Embora, de fato, terá até algumas pistas...
Tome as providencias que achar necessárias...
Afinal, Deus como que nos diz...:
MISERICÓRDIA QUERO!... NÃO BACANORIUM!...



Nele, que nunca chamou mundo ao chão do planeta, mas apenas à produção do coração humano contra a vida e contra o amor,
Caio Fabio


Muuuuito Bom
Wagner

4 comentários:

  1. Parece que existe no ser humano uma necessidade de se lambuzar, de se sujar na lama, de comer comida de porco.

    Não adianta outros dizerem que aquilo no prejudicará, temos que ir lá, sentir a lama no pescoço, e o fedor nas narinas.

    Isso é necessário para nos aprender que o pecado não é pecado por ser imoral, mas somente pelo mal que ele nos causa, pois o Pai sabendo que pra viver nessa terra não a como não se sujar os pés enquanto caminharmos, apenas quer que nos não nos atolamos nessa lama.

    Pois uma vez ou outra que nos voltemos sujos para casa, mais ainda que para ela retornamos, não faz mal, pois se sujar algumas vezes, conforme o slogan da OMO: faz bem

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  2. Gresder,
    Não entendi o teu comentário. Me explica melhor.

    Um abraço

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  3. O barba de arão ungida e abençoada, o que o Gresder está querendo dizer dizendo o que ele disse, sem dizer para você, pois o seu dizer não foi entendido por você, é simples! Vou sintetizar o texto dele em uma só frase:


    "O pecado do corpo habita na alma, peque com o corpo e a alma estará livre" (autor Gresder sil)

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  4. Putz Wagnão, eu comentei o comentário do Gresder, mas acabei esquecendo de comentar o texto do Caio, que é muuuuuuito boommmmm mesmo!!!


    Todo ser humano vive em uma linha tênue delicada e que se debandar para um dos extremos opostos é extremamente perigoso e prejudicial.


    Legalismo transforma o ser em um ser que acredita ser juiz, onde se acha no direito de julgar os outros que não são como ele é, ou na verdade pensa ser o que não é, pois de fato só se é, se sendo o que é nas raízes profundos do interior humano.


    Mas isto também pode despertar no interior, uma profunda tara, pois quanto maior o legalismo, maior a tendência se tem de desejar ardentemente o que não pode fazer por ser proibido, ilegal e imoral.


    Mas em contrapartida, a libertinagem não somente no sentido sexual, mas em todo o sentido de se viver e se fazer, traz conseqüências se vivido sem moderações e bom senso.


    Ou seja, há de ser ter um equilíbrio onde nada é proibido, mas também onde nem tudo é permitido, se vivendo numa mistura dos dois extremos, não sendo uma hora legalista e outra, um completo libertino, mas encontrando no encontro em si de si e para si mesmo, uma Constância do constante ser e fazer equilibrado.

    Abraços

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