quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pós-modernidade



Pós-modernidade


Hoje em dia as sociedades são cada vez mais marcadas por um tipo de sistema socioeconômico denominado pós-moderno, pós-industrial e neoliberal que tem como característica básica à exigência de eficiência máxima. O homem deve ser eficiente. Seu trabalho é dirigido e qualificado conforme os parâmetros da “qualidade total”. Essa exigência se impõe sobre todos os outros valores. Os valores morais e espirituais só são considerados quando contribuem para aumentar a produtividade do indivíduo.

O lazer não é mais voltado para o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo, mas para recuperar as forças desgastadas. Um sistema sutil de controle e mecanismos de ameaça envolve a pessoa no trabalho, de modo que o controle, o autocontrole e a autoavaliação sejam à base da conduta pessoal, fazendo crescer a concorrência entre os colegas. Denúncias e inveja substituem o coleguismo e a solidariedade. E todo esse processo é mascarado pela falsa solicitude.

Todos estão sempre sorridentes e dizendo que precisam ajudar um ao outro, para que, juntos, façam crescer o lucro da empresa. Aparentemente, todos compreendem, e sorriem, e mentem um ao outro, mas, no fundo, detestam um sistema que obriga a todos serem hipócritas, pois quem não responde às exigências da empresa acaba sofrendo sanções, que vão de “uma conversa” com o chefe à perda do emprego. E todos temem perder o emprego, o que, entre outras coisas, significa não poder participar do consumo. Participar do consumo, por sua vez, é o grande lema e o grande objetivo para o qual todos foram educados. Além disso, há os compromissos financeiros: alimentação, compras a prazo e tantas outras despesas.

O círculo se fecha. A participação no sistema torna-se uma necessidade, porque o mesmo sistema criou, antes, as obrigações financeiras e de consumo que só podem ser cumpridas se a pessoa participa do sistema. E, em geral, antes mesmos de a pessoa terminar de pagar uma dívida, a propaganda já lhe sugeriu novas necessidades. Para poder satisfazê-las, a pessoa assume novos compromissos financeiros e assim se mantém eternamente acorrentada às necessidades de consumo. Sem saída, o indivíduo torna-se escravo de um sistema cujo único interesse é o aumento do seu próprio lucro.

Não há tempo para o desenvolvimento pessoal. Não há espaço para emoções, nem para a arte, a literatura, a música. Não há tempo nem espaço para as reflexões de cunho: ético, moral, religioso. O homem fica reduzido à sua força de trabalho e, dessa maneira, torna-se emocionalmente mutilado. Mas disso o sistema não se ocupa, nem se interessa, pois isso não serve para aumentar a eficiência da força de trabalho.

É este o mundo no qual vive grande parte de nossa população que em sua grande maioria nem sequer se torna consciente dessa situação. Mas, mesmo inconscientes, sentem um desconforto emocional crescente, o que faz aumentar a agressividade, o número de divórcios, enquanto os corações se tornam vazios e entram num abismo de perda de sentido como nunca antes observamos em nossas sociedades.

Os corações vazios buscam uma compensação. As emoções frustradas e reprimidas anseiam por um meio de se dar vazão. As mentes oprimidas por exigências racionais têm saudade de se sentir livres. Eis aí o estado de inconsciência a que se chega da grande massa de pessoas _ sejam da classe média, sejam da classe pobre. O problema, em níveis diferentes, permanece o mesmo. As pessoas sentem que foram fracionadas, diminuídas, estioladas. E buscam uma compensação, uma complementação. Tentam desesperadamente tornar-se inteiras, completas, desenvolvidas. “Você deve se desenvolver!” Estas palavras estão na ordem do dia, tocam os corações; por causa disso, as pessoas entram num caminho de busca de desenvolvimento da mente, de suas capacidades mediúnicas de vidas passadas, sem de fato, perceber o que está errado. Não percebem que, nesse caminho, ao invés de se desenvolver como personalidade inteira e global, fecham-se cada vez mais. Em vez de abrir os olhos e perceber as estruturas das quais fazem parte e perceber a si e aos outros, em vez de unir-se aos irmãos e irmãs numa experiência de solidariedade e fraternidade, elas se concentram cada vez mais no seu próprio eu, girando em torno de si, buscando respostas para os seus problemas em pressupostas vidas passadas, sem perceber que a verdadeira resposta está na sua vida atual e numa tomada de consciência sobre a necessidade de reformular o sistema social, para que ele se torne mais humano.

Mas a preocupação egocêntrica não deixa a pessoa perceber as suas reais necessidades e a realidade do mundo à sua volta. Assim, o velho sistema continua, as frustrações continuam, e no final, em vez de encontrar um caminho para o auto desenvolvimento, desestabilizam ainda mais sua personalidade já enfraquecida. Por causa disso, sentem uma necessidade ainda maior de se desenvolver. E, quanto mais entram no círculo vicioso, menos alcançam o resultado desejado.

Pare e pense
Teologia da Mesa
Damasceno Penna

3 comentários:

  1. Até que enfim um texto digno de ser lido, infelizmente não irei comentá-lo ainda, mas o farei assim que voltar aquí.

    Quanto à meu comentário ontem no OUTROEVANGELHO, meu único erro foi escrever "RESPOSTA", quando na verdade estava querendo dizer: "PROPOSTA"

    Obrigado.

    Ass. Nureda Somu

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  2. Neruda
    Então foram dois, porque eu não estava fazendo indagação nenhuma.
    Você interpretou errado.

    Mesmo assim, se o teu comentário prestar eu posto.

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  3. Que isto Wagnão???
    Que delicadeza e doçura com o nosso amigo Nureda???? ahahahahahaha

    Eu ri demais. hahahahahahaahah

    Essa sua frase é de matar de rir. hahahahahaha

    "Mesmo assim, se o teu comentário prestar eu posto". hahahahahahahah

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