quarta-feira, 24 de março de 2010

"Um Bebê que Fala..."




Certa vez um médico que estava para marcar um trabalho de parto, se aproximou do ventre de uma jovem grávida, bateu na barriga dela e perguntou ao bebê: Tem alguém aí? O bebê respondeu: Tem, mas não tenho tempo para ninguém! Estou de agenda cheia. __ O médico continuou__ Poxa! Você é mesmo muito esperto! Quantos anos você tem? __ O bebê retrucou: Ainda não tenho nenhum ano não. Tenho apenas oito meses! O médico retomou curioso__ Você sabia que daqui a um mês você será expulso daí, da barriga de sua mãe, e irá começar uma nova forma de vida? __ O bebê__ Que nada! Tudo está tão bem aqui dentro da barriga de minha mãe, para que me preocupar com mudanças! __ O médico__ Tem que se preocupar sim.

A vida aqui fora do útero de sua mãe, com certeza, será totalmente diferente desta que você vive aí dentro. Por exemplo, aqui fora você vai ter que usar vestimentas, fraldas descartáveis, roupas de marcas... O teu pai vai te iniciar no mundo do consumismo! __ O bebê: Para que vou esquentar com esse negócio de roupas, se estou aqui nu, pelado, de ‘mão no bolso!’ __ O médico__ Você vai ter que esquentar sim menino, e sabe porque? Porque a sua próxima alimentação aqui de fora, será muito diferente. A tua mãe vai te dar leite, enlatado, ensacado, em pó, iogurtes e outras bugigangas, inclusive rapadura diet... __ O Bebê__ Alimentação? Que nada! Aqui dentro eu tenho o cordão umbilical que me liga a minha mãe e me alimenta tranquilamente __ O médico__ Você tem mesmo que se preocupar, pois a vida aqui do lado de fora, é muita agitada, violenta, muita bala perdida etc... Por exemplo, na Paróquia onde sua mãe frequenta, todas as vezes que o padre levanta o cálice ele o desce furado. Isso tudo por causa da violência! __ O bebê__ Eu não tenho medo de bala nenhuma não, aqui tudo o que acontece é para me proteger. Se minha mãe, por exemplo, recebe uma pancada na barriga dela, eu fico aqui dentro bem protegido nesta bolsa amniótica, só me balançando como se estivesse numa rede...
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Aí chega finalmente então o dia em que este bebê vai nascer, e o que acontece? Ele chora! Porque será que ele chora?
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Logo, estamos novamente diante do mistério. Porque será mesmo que ele chora, perguntamos mais uma vez. Será que foi a violência na hora do parto? Ou a vida aqui fora é totalmente diferente daquela vida uterina? Ou foi a palmada que o médico lhe deu para que ele chorasse?

Assim, somos nós diante dos tantos desafios da nossa vida. Diante das perdas, das limitações, dos fracassos, das mais variadas frustrações, da própria morte, diante do mistério em si. Às vezes temos a impressão de que a vida está desabando em nossa volta. O mundo está ruindo, tudo está se quebrando com muita facilidade. Entretanto, neste ínterim, temos também aquela sensação de que as tribulações da nossa existência acabam sempre rasgando os nossos mais grandiosos sonhos.

O sofrimento a nossa volta se comporta como uma espécie de bisturi que sai cortando toda a nossa vida, fé, esperança e amor que partilhamos consigo mesmo e também com os outros. Mas, quando tudo parece que está perdido, Deus vem enfim então nos costurando com sua agulha da Graça, fazendo com que o mistério de seu amor em si seja realmente desvendado. Enquanto isso, você pensa que está caindo num certo abismo profundo, no aparente vazio de sua própria miséria, circunstância conflituosa, angústia sem fim ou situação-limite, onde na verdade, você está caindo nas mãos e na graça de Deus.

Sendo assim, esta importante revelação do mistério em si, só se dá de fato, com a abertura do novo, que a própria graça nos traz, deixando-nos muitas vezes perplexos diante da falta de preparação para se encontrar com este seu mesmo desabrochar fascinante. Por isto precisamos, antes de qualquer iniciativa, nos preparar bem. Precisamos estar atentos, vigilantes, abertos para este dinamismo maior do amor.

Teologia da Mesa
Damasceno Penna

Muito bom!
Wagner

5 comentários:

  1. Parágrafo do texto: “Mas, quando tudo parece que está perdido, Deus vem enfim então nos costurando com sua agulha da Graça, fazendo com que o mistério de seu amor em si seja realmente desvendado. Enquanto isso, você pensa que está caindo num certo abismo profundo, no aparente vazio de sua própria miséria, circunstância conflituosa, angústia sem fim ou situação-limite, onde na verdade, você está caindo nas mãos e na graça de Deus”.

    Wagner você como teologo critico-histórico, ainda acredita nesta baboseira?

    Não podemos nos conforta com essa esperança abstrata de que quando estamos caindo, deus vem com seu amor – como sabemos que deus nos ama? Como sabemos ao menos que o grande assombro tem sentimentos? – e nos segura em seu colo, isto é patético, o que falar então da graça? Que graça é esta?

    Cada dia que passa todas as teologias para mim vão perdendo a cor, cheiro e vida, pois não se sustenta em nosso chão da existência.

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  2. Marcio,
    Eu ja contei minhas experiências.
    O teu besteirol "reflexivo" não me interessa nem um pouco.

    Você é a própria baboseira "pensante".

    Quanto ao teu comentário, sem comentário.
    Se as teologias perderam a cor pra você, e pra você que perdeu.

    Dito isto, procure o teu caminho

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  3. Eita Wagnão...tapa na orelha do marcinho pentelho heeeeeeeeeee

    Ô meu amigo, você bem que poderia participar da nossa confraria. Afinal de contas, a inspiração para o título eu li numa postagem aqui do seu blog. Pensa nisso ok?

    Quando se está caindo no abismo, somente cada um poderá dizer por si o que sentir e experienciar em relação a deus.

    Se ele vai acreditar que deus vai graciosamente por as suas mãos para aparar a queda, ou se ele acha que deus não intervirá na queda e irá deixá-lo se livrar sozinho.

    Para mim a teologia não perdeu a cor, perdeu os absolutos.

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  4. Meu Irmão Eduardo

    A pior coisa que pode acontecer com o pouco tempo que temos, é perdê-lo rodeando a terra.
    Ter que falar as mesmas coisas e repeti-las não é pra mim.

    Você eu conheço, e vejo em teus textos e teus comentários, a possibilidade de um diálogo maduro (mas é bom tomar cuidado para não entrar nesse círculo vicioso).

    Não tenho problema em conviver com outras religiões e tanto é verdade que estive numa reunião do Padre Damasceno e gostei muito.

    Não defendo que ninguém obrigatoriamente deve trilhar o meu caminho para encontrar Deus ou qualquer significado para sua experiência com o sagrado, até porque, como teólogo-crítico, não posso afirmar nada de absoluto principalmente para o outro.

    Você meu irmão é sempre bem vindo, e creio que juntos com alguns pensadores maduros, poderemos verdadeiramente refletir e avançar.

    Concordo que a teologia perdeu os absolutos (dogmas,liturgias,teologia ordodoxa e todas as certezas foram relativizadas), mais não O ABSOLUTO. Sobre Ele que pensamos e buscamos as bases até para as nossas próprias bases.

    Repetindo, você eu conheço

    Estou te devendo amigo, mas leio todas as postagens da Sala do Pensamento inclusive a do Getúlio. Muito Boa!

    Um abraço

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  5. Ok, Wagner, respeito a sua posição. Um grande abraço.

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