sábado, 25 de julho de 2009

Ser e Agir



Ser e Agir

Ser e agir tornam-se um, em nossa vida, quando a nossa vida e nosso ser são um “martírio” da verdade. Com isso nos identificamos com Cristo, que disse: “Para isto Eu nasci e para isto vim ao mundo, para que desse testemunho à verdade” (Jo 18.37).
Nossa vocação é precisamente esta: dar testemunho da verdade de Cristo, abandonando nossa vida às Suas ordens. Por isso, acrescentou Ele: “Todo aquele que é da verdade, ouve a Minha voz.” E em outro lugar: “ Eu conheço as minhas ovelhas, e elas Me conhecem” (Jo 10.14).
Esse testemunho não precisa tomar a forma especial de uma morte pública e política em defesa de verdade ou da virtude cristã. Mas não podemos evitar a “morte” da nossa própria vontade e das tendências naturais e paixões desordenadas da nossa carne e de todo o nosso “ser” egoísta, para que nos submetamos ao que a nossa consciência nos afirma ser a verdade, a vontade de Deus e a inspiração do Espírito de Cristo.
Por conseguinte, é imprescindível o ascetismo na vida cristã. Não podemos escapar ao dever de nos regenerarmos a nós mesmos. Essa obrigação se torna inevitável pelo fato de que a verdade não pode viver em nós sem que, livremente, reconheçamos em nossa alma, e dela expulsemos, a falsidade do pecado. Esse é o único trabalho que só depende de nós, e é preciso termos a coragem de fazê-lo se quisermos viver como fomos chamados a viver, e encontrar Deus em nosso verdadeiro ser.
Ninguém pode, em nosso lugar, converter a nossa mente para a verdade, renunciar ao erro, converter do egoísmo para a caridade e do pecado para Deus a nossa vontade. O exemplo de outras pessoas pode ajudar-nos nesse trabalho. Mas somente nós podemos fazê-lo.
Não possuiremos plenamente a verdade enquanto ela não tiver penetrado na própria essência pelos bons hábitos e por uma boa dose de perfeição moral.
As maiores tentações não são aquelas que solicitam abertamente o consentimento a um pecado, ma s aquelas que nos oferecem grandes males, disfarçados em grandes bens.
Esses bens aparentes devem ser sacrificados precisamente como bens antes que possamos dizer se são bons ou maus. Mas ainda. As coisas que somos chamados a sacrificar podem de fato continuar perfeitamente boas em si.
A realização de cada vocação individual exige não só a renuncia do que é mau em si mesmo, mas também a de todos os bens que Deus não quer expressamente para nós.

Para que o EU verdadeiro apareça, é preciso ter muita coragem e integridade para fazer tal sacrifício.
Vejo muito discurso, mas muito pouco estão abrindo mão dos benefícios.

Pense nisso.

Homem Algum é uma Ilha
Thomas Merton

Wagner

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