segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Que Pode Estar “Oculto” em Nosso Culto


O Que Pode Estar “Oculto” em Nosso Culto


O movimento “herético” de Jesus revela como a nossa espiritualidade se tornou uma casa de insensibilidade. Muitas vezes é assim que fazemos com nossas mazelas. Colocamos cascas de espiritualidade por cima até que não mais a sintamos, mas elas continuam por ali. Por baixo dessas cascas de culto escondemos nossas misérias, nossos medos e tristezas. Não era apenas a mão daquele homem que estava atrofiada, o coração de todos também sofria de atrofia.
Entramos e saímos dos cultos e não lidamos com as coisas mal resolvidas da nossa vida. Entramos e saímos da igreja e não trazemos à tona nossos medos. Entramos e saímos do ambiente da nossa espiritualidade e nossa alma continua doente. Adoecemos um pouco mais para escamotear o que já é patologia.
O nosso culto, em vez de ser o lugar onde trazemos à superfície nossas mais profundas carências, torna-se o modo como perdemos a sensibilidade, o artifício para esconder nossas verdades.
Há mais o que revelar. Jesus faz o movimento inverso ao que tornou o culto uma anestesia da vida. Ele desconstrói a religião da insensibilidade. Ao quebrar o encantamento doutrinário, Jesus nos lembra que a questão do culto não é a perpetuação da religião, mas da vida. O homem doente esta no meio do culto. Porém a preocupação dos freqüentadores é uma só: que a religião da insensibilidade perpetue.
É muito fácil fazermos isto com o nosso culto, trabalharmos pelo andamento do rito. Esperamos que o louvor seja bem-sucedido, que quem dirige o culto o faça com presença de espírito, que o pregador seja eloqüente, que a igreja seja organizada e eficiente, que o templo esteja bem equipado. Preocupamo-nos mais com o bom andamento do culto do que com o nosso encontro com Deus. Torcemos mais pela eficiência da igreja do que promovermos a vida do irmão. Esperamos mais que o pregador seja contagiante e agradável do que trazermos nossas atrofias interiores à presença de Deus. Quando agimos assim, nossa grande busca deixa de ser pela vida em Deus para se tornar uma busca pelo melhor culto.
Jesus coloca o homem no centro e faz uma pergunta que descasca o culto: “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou matar?” (Mc 3.4). Com estas questões, mostra que a pergunta legalista do culto, pelo que é certo ou errado, é falsa. A pergunta que faz sentido para nossa espiritualidade é uma questão de vida ou morte: salvar a vida ou matar.
A vida é ameaçada o tempo todo, é colocada no canto e a disputa doutrinária no centro, nossa espiritualidade transforma o ambiente numa ficção. Eis que todo ambiente legalista é: A ficção que arranja as tralhas da vida.

Salvos da Perfeição
Elienai Cabral Jr.

Que bom se fizéssemos uma introspecção.
Wagner

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