sábado, 26 de setembro de 2009

A Graça: Graças a Deus Pela Sua Graça



“Um bebê que fala...”.



Certa vez um médico que estava para marcar um trabalho de parto, se aproximou do ventre de uma jovem grávida, bateu na barriga dela e perguntou ao bebê: Tem alguém aí? O bebê respondeu: Tem, mas não tenho tempo para ninguém! Estou de agenda cheia. __ O médico continuou__ Pôxa! Você é mesmo muito esperto! Quantos anos você tem? __ O bebê retrucou: Ainda não tenho nenhum ano não. Tenho apenas oito meses! O médico retomou curioso__ Você sabia que daqui a um mês você será expulso daí, da barriga de sua mãe, e irá começar uma nova forma de vida? __ O bebê__ Que nada! Tudo está tão bem aqui dentro da barriga de minha mãe, para que me preocupar com mudanças! __ O médico__ Tem que se preocupar sim. A vida aqui fora do útero de sua mãe, com certeza, será totalmente diferente desta que você vive aí dentro. Por exemplo, aqui fora você vai ter que usar vestimentas, fraldas descartáveis, roupas de marcas... O teu pai vai te iniciar no mundo do consumismo! __ O bebê: Para que vou esquentar com esse negócio de roupas, se estou aqui nu, pelado, de ‘mão no bolso!’ __ O médico__ Você vai ter que esquentar sim menino, e sabe porque? Porque a sua próxima alimentação aqui de fora, será muito diferente. A tua mãe vai te dar leite, enlatado, ensacado, em pó, iogurtes e outras bugigangas, inclusive rapadura diet... __ O Bebê__ Alimentação? Que nada! Aqui dentro eu tenho o cordão umbilical que me liga a minha mãe e me alimenta tranqüilamente. __ O médico__ Você tem mesmo que se preocupar, pois a vida aqui do lado de fora, é muita agitada, violenta, muita bala perdida etc... Por exemplo, na Paróquia onde sua mãe freqüenta, todas as vezes que o padre levanta o cálice ele o desce furado. Isso tudo por causa da violência! __ O bebê__ Eu não tenho medo de bala nenhuma não, aqui tudo o que acontece é para me proteger. Se minha mãe, por exemplo, recebe uma pancada na barriga dela, eu fico aqui dentro bem protegido nesta bolsa amniótica, só me balançando como se estivesse numa rede...
Aí chega finalmente então o dia em que este bebê vai nascer, e o que acontece? Ele chora! Porque será que ele chora? Logo, estamos novamente diante do mistério. Porque será mesmo que ele chora, perguntamos mais uma vez. Será que foi a violência na hora do parto? Ou a vida aqui fora é totalmente diferente daquela vida uterina? Ou foi a palmada que o médico lhe deu para que ele chorasse?

Assim, somos nós diante dos tantos desafios da nossa vida. Diante das perdas, das limitações, dos fracassos, das mais variadas frustrações, da própria morte, diante do mistério em si. Às vezes temos a impressão de que a vida está desabando em nossa volta. O mundo está ruindo, tudo está se quebrando com muita facilidade. Entretanto, neste ínterim, temos também aquela sensação de que as tribulações da nossa existência acabam sempre rasgando os nossos mais grandiosos sonhos. O sofrimento a nossa volta se comporta como uma espécie de bisturi que sai cortando toda a nossa vida, fé, esperança e amor que partilhamos consigo mesmo e também com os outros. Mas, quando tudo parece que está perdido, Deus vem enfim então nos costurando com sua agulha da Graça, fazendo com que o mistério de seu amor em si seja realmente desvendado. Enquanto isso, você pensa que está caindo num certo abismo profundo, no aparente vazio de sua própria miséria, circunstância conflituosa, angústia sem fim ou situação-limite, onde na verdade, você está caindo nas mãos e na graça de Deus.

Sendo assim, esta importante revelação do mistério em si, só se dá de fato, com a abertura do novo, que a própria graça nos traz, deixando-nos muitas vezes perplexos diante da falta de preparação para se encontrar com este seu mesmo desabrochar fascinante. Por isto precisamos, antes de qualquer iniciativa, nos preparar bem. Precisamos estar atentos, vigilantes, abertos para este dinamismo maior do amor.

É isso aí amigos! Nem sempre estamos devidamente preparados para um encontro definitivo com o próprio mistério. Desde o nosso nascimento até esta gritante realidade tão temida, que é a nossa morte, ficamos enigmáticos diante deste dinamismo do mistério em si. Isso tudo porque o mistério nos fascina, nos encanta, nos convida a desvendá-lo. Na verdade temos dentro de nós, uma certa nostalgia para nos inclinarmos diante do grande mistério enquanto tal. “Do início até o fim ele vai se revelando, mostrando sua face, tirando-nos a vida humana como se tira uma roupa, como se gasta uma vela acesa”, até deixar-nos totalmente sem nada desabrochando-nos enfim, na realidade máxima da vida que é o nosso ápice na própria morte, onde nascemos enfim para uma vida definitiva, em plenitude.

Damasceno Pena

Pare e Reflita
Wagner

3 comentários:

  1. Pr. Wagner querido

    Um prazer em te reencontrar. me libera nesse blog estou louca para comentar.

    bjus da Deise do Serjão
    meu nome está saindo como Levita

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  2. O seu comentário sempre será bem vindo. Nunca deixaria fechado para minha alma teológica gêmea.
    Pelo que eu saiba, é só comentar.
    Um grande abraço.

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